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Lula descarta acordo com campanha de Bolsonaro por direito de resposta

Segundo Lula, caso as inserções sejam de fato concedidas, ele não entrará no “jogo rasteiro do Bolsonaro”

atualizado

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Especial Metrópoles
Lula em agenda em MG
1 de 1 Lula em agenda em MG - Foto: Especial Metrópoles

Juiz de Fora – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse, nesta sexta-feira (21/10), que não pretende fechar acordo com a campanha de seu adversário, Jair Bolsonaro (PL), em relação à guerra de pedidos de direitos de resposta nesta reta final do segundo turno. Ele deu a declaração durante agendas que cumpre em Minas Gerais.

Na reta final de campanha e a nove dias do segundo turno das eleições, que acontece em 30 de outubro, Lula intensificou a campanha em Minas Gerais nesta sexta. Pela manhã, o candidato cumpriu agenda em Teófilo Otoni e, a partir do meio da tarde, em Juiz de Fora, município da Zona da Mata mineira.

Nessa última cidade, no início da noite, em coletiva para a imprensa, o ex-presidente afirmou que sua campanha descartou um acordo sobre a discussão jurídica tratada por direitos de resposta que pode resultar na conquista de inserções de rádio e TV para o petista.

A campanha havia conquistado o direito de resposta em 184 inserções de Bolsonaro, mas a decisão está suspensa. “Nós festejamos porque é a oportunidade da gente rebater as mentiras que o Bolsonaro contou. A juíza deu efeito suspensivo. Hoje, eu falei com o advogado. Houve uma proposta de acordo. Eu disse que não tem acordo”, destacou.

De acordo com Lula, caso as inserções sejam de fato concedidas na forma de direitos de resposta à sua campanha, ele defende que não entrará no “jogo rasteiro do Bolsonaro”. “Então, nós vamos usar do direito de resposta para aproveitar para falar de coisa mais séria; para falar com o povo o que nós vamos fazer com o salário mínimo; o que nós vamos fazer com o imposto de renda; o que nós vamos fazer com as pessoas endividadas, sabe? Porque esses são os assuntos que interessam ao nosso povo.”

Lula ainda comentou as declarações polêmicas de Bolsonaro sobre as meninas venezuelanas e disse que o presidente fez a fala “viva voz”. “Um cidadão que tem o cargo de presidente da República deveria ter um comportamento mais respeitoso, sabe? Sobretudo com as mulheres. E com a sua família”, afirmou o ex-presidente.

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De origem simples, Lula se mudou para São Paulo com a família quando ainda era criança. Na infância, trabalhou como vendedor de frutas e engraxate
Mais tarde, tornou-se auxiliar de escritório, foi aluno do curso de tornearia mecânica no Senai e, tempos depois, passou a trabalhar em uma siderúrgica que produzia parafusos, onde perdeu o dedo mínimo da mão esquerda
Em 1966, Lula começou a trabalhar em uma empresa metalúrgica. Em 1968, filiou-se ao Sindicado de Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema e, em 1969, foi eleito para a diretoria do sindicato da categoria
Durante a ditadura militar, liderou a greve dos metalúrgicos e foi preso, cassado e processado com base na lei vigente à época. Foi justamente nesse período que a ideia de fundar o Partido dos Trabalhadores surgiu
Para formar a sigla, juntou representantes de movimento sindicais, sociais, católicos e intelectuais. Lula se tornou o primeiro presidente do PT. Durante a redemocratização, foi um dos principais nomes do Diretas Já, e no mesmo período, iniciou a carreira política
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Luiz Inácio Lula da Silva, nascido em 1945, é um ex-metalúrgico, ex-sindicalista e político brasileiro. Natural de Caetés, no Pernambuco, foi o 35º presidente do Brasil

Fábio Vieira/Metrópoles
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De origem simples, Lula se mudou para São Paulo com a família quando ainda era criança. Na infância, trabalhou como vendedor de frutas e engraxate

Rafaela Felicciano/Metrópoles
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Mais tarde, tornou-se auxiliar de escritório, foi aluno do curso de tornearia mecânica no Senai e, tempos depois, passou a trabalhar em uma siderúrgica que produzia parafusos, onde perdeu o dedo mínimo da mão esquerda

Fábio Vieira/Metrópoles
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Em 1966, Lula começou a trabalhar em uma empresa metalúrgica. Em 1968, filiou-se ao Sindicado de Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema e, em 1969, foi eleito para a diretoria do sindicato da categoria

Fábio Vieira/Metrópoles
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Durante a ditadura militar, liderou a greve dos metalúrgicos e foi preso, cassado e processado com base na lei vigente à época. Foi justamente nesse período que a ideia de fundar o Partido dos Trabalhadores surgiu

Ricardo Stuckert
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Para formar a sigla, juntou representantes de movimento sindicais, sociais, católicos e intelectuais. Lula se tornou o primeiro presidente do PT. Durante a redemocratização, foi um dos principais nomes do Diretas Já, e no mesmo período, iniciou a carreira política

Reprodução/YouTube
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Em 1986, foi eleito deputado federal por São Paulo e, em 1989, concorreu pela primeira vez para presidente. Perdeu para Fernando Collor. Lula disputou o Palácio do Planalto outras duas vezes até ser eleito, em 2002

Ricardo Stuckert/Reprodução/Instagram
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Cumprindo o primeiro mandato, foi reeleito em 2006, após disputa com Geraldo Alckmin, e permaneceu como presidente até 31 de dezembro de 2010

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Durante o período em que foi chefe de Estado, ficou conhecido pelos programas sociais Fome Zero e Bolsa Família, pelos planos de combate à pobreza e pelas reformas econômicas que aumentaram o PIB brasileiro. No exterior, Lula foi considerado um dos políticos mais populares do Brasil e um dos presidentes mais respeitados do mundo

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Após passar a faixa presidencial para Dilma Rousseff, Lula começou a realizar palestras nacionais e internacionais. Em 2016, foi nomeado por Dilma para comandar a Casa Civil, mas foi impedido de exercer a função pelo STF

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Em 2017, Lula foi condenado pelo então juiz Sergio Moro por lavagem de dinheiro e corrupção, resultado da Operação que ficou conhecida como Lava Jato. A sentença levou Lula à prisão até 2019, quando ele foi solto após o STF decidir que ele só deveria cumprir pena depois do trânsito em julgado da sentença

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Em 2021, o Supremo declarou que Sergio Moro foi parcial nos julgamentos e, consequentemente, todos os atos processuais foram anulados. Lula tornou-se elegível outra vez e, tempos depois, confirmou a intenção de se candidatar novamente ao Planalto

Reprodução

Bolsa Família

Lula ainda reforçou que pretende oferecer o valor de R$ 600 a título de Auxílio Brasil. “Não há nenhuma razão para você deixar de pagar ajuda ao povo brasileiro. O que pode acontecer é que a gente transforme em uma política como o Bolsa Família. É que o Bolsa Família era um plano. Era um plano que tinha um cadastro único. O governo não pegava a informação das pessoas como eles pegam. Eles pegaram o endereço de todo mundo para mandar ‘zap’ no dia das eleições. Nós tínhamos condicionantes para as pessoas, que tinham que colocar o filho na escola, tomar vacina. Se a mulher estivesse grávida, ela tinha que fazer os exames dela, sabe? Então, era um programa que dava responsabilidade à sociedade.”

Sobre a educação, O ex-presidente sinalizou que pretende reforçar políticas educacionais de sua primeira gestão à frente do governo federal, como o Fies e o ProUni, além de atacar em novas frentes, apontando que o país precisa fazer, no século 21, o investimento na educação que não foi feito no século 20. “Nós vamos reiterar o estudo da história africana no nosso Brasil e nós, até é uma proposta da candidata Simone, a nossa senadora, que é de você fazer o ensino médio também integral e fazer ele também profissionalizante. Ou seja, a pessoa tem que aprender uma profissão.”

Tebet diz que só reconhece um candidato à Presidência

Nas agendas por Minas Gerais nesta sexta-feira, Lula esteve acompanhado pela ex-ministra Marina Silva (Rede) e pela senadora Simone Tebet (MDB). Tebet disputou o primeiro turno das eleições e foi a terceira mais votada no pleito, no qual obteve 4.915.423 votos, o que corresponde a 4,16% da votação válida. Em Minas, a senadora computou 500.658 votos, 4,17% dos votos válidos.

Terceira colocada no primeiro turno das eleições presidenciais, a senadora Simone Tebet reiterou o seu apoio a Lula e o colocou como o único candidato do campo democrático. “Eu só reconheço um candidato à Presidência da República neste segundo turno. Porque eu não posso admitir nem reconhecer como candidato alguém que seja um autocrata; que militariza a política e politiza as forças armadas; que não aceita; que questiona resultado das urnas. Portanto, eu estou aqui porque eu estou ao lado do único candidato que é democrata.”

Referindo-se a Bolsonaro, a senadora disse ainda que “não aceitaria, jamais, estar ao lado de um presidente que é desumano, que não ama as pessoas, que não coloca as pessoas em primeiro lugar”.” Foi isso que nós vimos, lamentavelmente, nesses três anos e meio de governo Bolsonaro. Foi isso que eu presenciei na CPI da Covid. Quando o Brasil mais precisou do seu presidente, ele virou as costas ao povo brasileiro. Isso resultou em centenas de milhares de mortes prematuras, mães chorando sobre o leito dos seus filhos e viram o presidente andar de motociata e ser incapaz de entrar num hospital para abraçar uma mãe que estava chorando pela morte de seu filho.”

Para Tebet, Bolsonaro “não respeita as mulheres brasileiras e, por isso, não respeita as famílias brasileiras”. “(Ele) agride constantemente a mulher e acha que a mulher tem que receber menos salário porque ela engravida e acha que é natural dizer que pintou um clima com crianças, adolescentes de 14, 15 anos. Isso é crime e é crime de pedofilia.”

Sobre Lula, a senadora admitiu que tem diferenças políticas e econômicas, mas também vê qualidades. “Nós temos que reconhecer que Lula coloca as pessoas em primeiro lugar. Lula jamais deixou de faltar dinheiro para casas populares, para colocar a merenda nas escolas, para construir escolas, creches, postos de saúde e universidades para o Brasil. Então é por isso que eu estou com o Lula. É pelo Brasil, por amor à democracia, ao povo brasileiro.”

Estratégia

O retorno de Lula a Minas Gerais, ao lado de apoiadores como Marina e Tebet, é estratégico. O estado é o segundo maior colégio eleitoral do país e é visto como importante para a disputa nacional, tanto pelo petista como por seu adversário de segundo turno, o presidente Jair Bolsonaro (PL), que é candidato à reeleição e também esteve em Juiz de Fora, na última terça, acompanhado de apoiadores, como o governador reeleito de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo).

No primeiro turno, disputado no último dia 2 de outubro, as urnas mineiras apontaram vantagem para Lula. O petista foi o mais votado no estado, onde obteve 5.802.571 votos, o que corresponde a 48,29% dos votos válidos. Assim, o ex-presidente somou 563.307 votos a mais que Bolsonaro em Minas. Isso porque o candidato à reeleição computou 5.239.264 votos, 43,6% da votação válida.

Na cidade de Juiz de Fora, que recebeu tanto a visita de Lula como de Bolsonaro na penúltima semana antes do segundo turno, a vantagem do petista foi ainda maior, quando considerada a votação válida. No município, Lula obteve 167.048 votos, ou 52,6% dos votos válidos; enquanto Bolsonaro computou 121.945 votos, 38,4% dos votos válidos.

Sobre a disputa no estado, pesa ainda um certo simbolismo histórico. Desde a primeira eleição direta disputada após a redemocratização do país na década de 1980, todo candidato a presidente mais votado em Minas venceu as eleições e assumiu a Presidência. Foi assim com Fernando Collor de Mello, em 1989; com Fernando Henrique Cardoso, em 1994 e 1998; com Lula, em 2002 e 2006; com Dilma Rousseff, em 2010 e 2014; e com Jair Bolsonaro, em 2018.

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