Lula defende direito ao aborto para “todo mundo”. Evangélicos reagem
O petista disse que mulheres ricas viajam para países onde o procedimento é legalizado, enquanto as pobres morrem pelo aborto clandestino
atualizado
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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que será lançado pelo PT como candidato na corrida pelo Palácio do Planalto, defendeu a descriminalização do aborto no país e apontou que o tema deveria ser tratado como uma questão de saúde pública, e não como crime.
O petista disse que mulheres pobres acabam morrendo na tentativa de realizar o aborto ilegal, sem acesso ao procedimento seguro, enquanto as mais ricas viajam para países onde o procedimento é legalizado.
“Mulheres pobres morrem tentando abortar, enquanto madames vão para Paris”, disse o ex-presidente.
As declarações de Lula ocorreram no debate “Brasil-Alemanha – União Europeia: desafios progressistas e parcerias estratégicas”, com a presença de Martin Schulz, ex-presidente do Parlamento Europeu e representante da Fundação Friedrich Ebert (FES).
“A madame pode ir fazer um aborto em Paris, escolher ir para Berlim. Na verdade, [o aborto] deveria ser transformado em uma questão de saúde pública, a que todo mundo deve ter direito, e não vergonha”, disse Lula. “Se eu não quero ter um filho, eu vou cuidar de não ter meu filho, vou discutir com meu parceiro. O que não dá é a lei exigir que ela precisa cuidar”, exemplificou o petista.
“Sem moral”
Lula ainda criticou a pauta de costumes, defendida por setores conservadores e dominada por homens. Sem citar nominalmente o presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), Lula apontou que o atual mandatário não tem moral para conduzir a “pauta da família”, porque não cuidou nem dos próprios filhos.
“Essa pauta da família, pauta dos valores, é uma coisa muito atrasada, e ela é autorizada por um homem que não tem moral para fazer isso. Ele não cuidou dos filhos dele”, disse Lula.
“A sociedade e os costumes evoluíram muito. Precisamos ter coragem para fazer esse debate.”
A fala de Lula provocou a reação de bolsonaristas e evangélicos. A ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, usou conta oficial no Instagram para dizer que Lula “sempre foi a cultura da morte” e apontou que a disputa se dará no próximo pleito entre as pessoas que defendem a morte e as que defendem a vida.
“Nas próximas eleições, nossas escolhas serão: vida protegida desde a concepção X morte de crianças inocentes”, publicou a ministra.
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O deputado Carlos Jordy (PL-PR) também partiu para o ataque contra Lula. “Não basta destruir o país por meio da corrupção, tem que destruir também nossos valores, princípios, as famílias, e assassinar inocentes. Não permitiremos”, publicou o deputado.
Lula defende o aborto. Não basta destruir o país através da corrupção, tem que destruir também nossos valores, princípios, as famílias e assassinar inocentes. Não permitiremos! pic.twitter.com/1xULG2Gr4S
— Carlos Jordy (@carlosjordy) April 6, 2022
O deputado federal Marco Feliciano (PL-SP) disse que Lula não escondeu o que pensa sobre a questão. O parlamentar afirmou que, pela primeira vez, viu sinceridade no petista. “Lula para maiores”, pontuou o pastor.
“Acredito que pela primeira vez vi o Lula de quem sempre falei. Lula para maiores”, destacou.
Agora a noite fui a net p/me atualizar e encontrei declarações do ex-presidiário, e acredito q pela 1ª vez vi o Lula de quem sempre falei! Lula para maiores! Apoiando o aborto e convocando os seus para intimidarem parlamentares contrários ao seu comunismo! O ex-rei ficou nu!
— 👊🇧🇷 Marco Feliciano (@marcofeliciano) April 6, 2022