Lula afirma que ele mesmo conversará com o mercado sobre economia
O petista candidato à Presidência da República também disse que estuda forma de substituir orçamento secreto
atualizado
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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pré-candidato do PT à Presidência da República, disse nesta terça-feira (31/5) que as conversas com empresários e representantes de setores produtivos do país serão feitas por ele próprio. E negou que economistas ligados a governos tucanos do passado sejam responsáveis em sua campanha por buscar esse diálogo.
Lula disse que é bem vinda a contribuição de nomes como o de Pérsio Arida, indicado por pré-candidato a vice Geraldo Alckmin (PSB) para colaborar com o programa de governo, mas que não vai ficar indicando economistas para a função de interlocução com o mercado financeiro. As declarações vieram durante entrevista à rádio Bandeirantes, de Porto Alegre.
“O mercado precisa conversar com o candidato a presidente, e a hora que eu tiver interesse, eu vou conversar com o mercado. Eu não vou ficar indicando um economista”, disse Lula.
De acordo com o petista, há “90 economistas participando do grupo de trabalho. Tem gente do mercado. Eu não vou queimar um ou outro economista”.
“O Pérsio Arida foi indicado pelo companheiro Alckmin para conversar com a Fundação Perseu Abramo sobre o programa de governo. E ele foi conversar e eu acho que é razoável que se converse. Nós não somos donos da verdade. E nós queremos conversar com todo mundo”, disse Lula.
Orçamento participativo
O petista disse ainda que economistas que auxiliam no seu programa de governo estudam uma forma de implantar um orçamento participativo para substituir o chamado orçamento secreto que, segundo o petista, faz do atual presidente Jair Bolsonaro (PL), um “refém do Congresso”.
Em entevista Lula não deu detalhes sobre como funcionaria a participação popular nas decisões de investimentos do Executivo, mas disse que esse ponto está sendo estudado a seu pedido por sua equipe.
Eu quero encontrar um jeito de fazer um orçamento participativo, usando a internet, ao invés de um orçamento secreto como está sendo feito hoje. Para que a sociedade possa participar da elaboração do orçamento.
— Lula (@LulaOficial) May 31, 2022
Dilma
Na mesma entrevista, Lula afirmou que as pessoas precisam aprender a ter respeito pela ex-presidente Dilma Rousseff que, segundo ele, foi vítima de uma “armação”.
“Olha, vocês precisam a aprender a ter respeito pela presidente Dilma, porque poucas vezes na história deste país a gente teve uma mulher da qualidade dela”, disse Lula, ao ser questionado se o PT queria esconder os anos do governo da ex-presidente.
Lula alegou que a grande recessão registrada com Dilma, que levou o governo a ser lembrado como um desastre econômico, se deu pela insistência do então presidente da Câmara, Eduardo Cunha, em votar pautas contrárias ao governo. “É por isso que a gente o chamava de homem-bomba”, disse Lula.
“Eu não quero que o Brasil esqueça. Quero que o Brasil lembre que a Dilma foi vítima de golpe, de armação”, disse Lula. “Tivemos um presidente da Câmara que trabalhava com o intuito de prejudicar o governo. Era tudo para evitar que a Dilma governasse, tudo para evitar que desse certo o governo”.
O ex-presidente afirmou que conversava tranquilamente com seu candidato a vice sobre o assunto porque ele não havia apoiado o impeachment. “O Geraldo Alckmin não só era contra como pediu um parecer de um advogado que deu um parecer contra o impeachment”, afirmou Lula.
Na verdade, Alckmin, no fim de março deste ano, chegou a ser questionado se estava arrependido de ter apoiado o impeachment, admitiu o apoio e respondeu que, no círculo tucano, ele foi um dos últimos a se posicionar a favor da cassação da presidente. Alckmin, no entanto, ressalvou dizendo que não votou, pois não era parlamentar.
Em março de 2016, o então tucano e governador de São Paulo, disse concordar “em gênero, número e grau” com o apoio dado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso ao impeachment.
Veja que, apesar das palavras de Lula, há imagens comprovando que Alckmin era a favor do impeachment.
Em entrevista, Lula nega que Alckmin apoiou impeachment de Dilma Rousseff, mas registros da época desmentem versão.
Em 2016, pré-candidato a vice na chapa petista apoiou tanto a deposição da ex-presidente quanto o início do governo Temer.
(Via @SamPancher) pic.twitter.com/PctChWcWU4
— Metrópoles (@Metropoles) May 31, 2022
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