Irmãos de Ciro Gomes, Cid e Ivo fazem campanha com petista no Ceará
Isolado dentro da própria família, presidenciável do PDT não tem palanque em seu estado natal nestas eleições
atualizado
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Apesar de ter construído sua carreira política no Ceará, o presidenciável Ciro Gomes (PDT) não tem feito campanha em seu estado porque a briga que ele protagoniza com o PT rachou até sua própria família. Irmãos do presidenciável, o senador Cid Gomes (PDT) e o prefeito de Sobral (CE), Ivo Gomes (PDT), escancararam sua preferência pela campanha petista nesta sexta-feira (23/9), ao encherem as roupas de adesivos e fazerem campanha na rua com o candidato do PT ao Senado pelo estado, o ex-governador Camilo Santana.
Os irmãos de Ciro acompanharam toda a agenda de Santana em Sobral, berço político da família Gomes. No Ceará, o candidato petista está na chapa de Elmano de Freitas (PT) ao governo.
A candidatura petista é fruto do racha com o PDT local após uma aliança de 16 anos. Após essa quebra, imposta por Ciro, o partido lançou Roberto Cláudio ao governo e o PT lançou Elmano de Freitas. No começo, essa briga no campo progressista beneficiou principalmente o candidato ao governo apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), o Capitão Wagner (União Brasil). Agora, o jogo está virando – e ficando ruim para os pedetistas.
De acordo com pesquisa Ipec para o governo cearense, divulgada na última quinta-feira (22/9), o candidato do PT, que no início do mês aparecia em terceiro, com 19% das intenções de voto, agora lidera a disputa, com 30%.
Capitão Wagner aparece empatado tecnicamente com ele, com 29%, mas está caindo. Em 9 de setembro, ele tinha 35%. Já o candidato de Ciro, que estava com 28% no início do mês, caiu para o terceiro lugar e apareceu com 22%.
Dói no coração de Ciro
As consequências em casa da treta a nível nacional estão sendo piores do que Ciro imaginou quando resolveu não ceder. Em entrevista ao podcats Claudio Talks, do site O Antagonista, Ciro disse essa semana que nunca imaginou que a situação fosse se agravar a ponto de ele não poder fazer campanha no próprio estado.
“Dói muito no meu coração. Nunca imaginei que a diferença fosse tão profunda”, disse Ciro. “Recebi uma facada poderosa nas costas. A traição é a cara do momento no Ceará. Resolvi não ir ao meu estado pela primeira vez. Que o cearense diga lá o que quer fazer de mim”, completou o magoado presidenciável.
Os irmãos de Ciro não têm lavado a roupa suja em público e não fazem críticas abertas ao irmão nem declararam, até agora, voto em Lula para presidente. Apesar disso, no Ceará o mundo político especula que o futuro dos Gomes (tirando Ciro) será fora do PDT, em busca de uma retomada da aliança com o PT – sobretudo se Elmano de Freitas tiver sucesso na corrida eleitoral.