Incomodado com o PSB, Alckmin negocia ida para o PV
O ex-governador ficou de dar a resposta ao partido na próxima semana. Legenda conta com maior simpatia por parte de seguidores do ex-tucano
atualizado
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O ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, convidado para ser vice na chapa a ser encabeçada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), pode trocar o PSB, legenda com a qual já havia quase fechado sua filiação, para se unir ao PV, partido que fará parte da federação em torno do projeto de levar Lula novamente ao Palácio do Planalto.
Alckmin se reuniu nesta sexta-feira (11/3) com o presidente nacional do PV, José Luiz Penna, na sede do partido em São Paulo. A conversa serviu para negociar uma possível ida de Alckmin para o PV, em vez de seguir para o PSB, legenda que decidiu na última quarta-feira (9/3), desistir de integrar a federação com o PT.
“Nunca pensei que Alckmin poderia realmente aceitar o convite do PV, mas, após a reunião de hoje, acho que estamos no páreo”, disse Penna ao Metrópoles. O ex-governador ficou de dar a resposta ao partido na próxima semana.
Na avaliação de pessoas próximas a Alckmin, há por parte do ex-tucano a avaliação de que teria mais liberdade no PV do que no PSB. Além disso, muitos aliados do ex-governador se manifestaram mais favoráveis ao PV que ao PSB, o que aumentaria a chance de Alckmin levar mais seguidores para o partido.
“Mais respeito”
Um dos mais assíduos interlocutores de Kassab, o ex-deputado Pedro Tobias disse ainda que a filiação do ex-governador deveria ser melhor tratada tanto pelo PSB quanto pelo PT.
“Geraldo não é um vice qualquer. Ele está abrindo mão de uma eleição certa em São Paulo”, destacou Tobias, em conversa com o Metrópoles.
O recado foi também para Lula. Para Tobias, Lula deveria colocar um fim nas críticas internas à presença de Alckmin na chapa. “Ele merece mais respeito dos filiados do partido”, destacou.
Confirmação antecipada
Outro fator que teria pesado para o ex-governador teria sido, segundo interlocutores, que sua filiação ao PSB foi confirmada pela cúpula do partido sem que sua decisão já tivesse tomada de forma definitiva.
Na segunda-feira (7/3), o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, se reuniu com Alckmin e, após o encontro, disse que só faltava “fechar a data” da filiação.
Alckmin, por sua vez, divulgou nas redes sociais a continuidade de suas negociações, inclusive com outras legendas.
Hoje pela manhã tomei um bom café com o presidente do PSB, Carlos Siqueira, ao lado de João Campos, Márcio França e Jonas Donizete.
A reunião foi muito produtiva e provou haver convergência política e vontade de união em benefício do país.
— Geraldo Alckmin (@geraldoalckmin) March 7, 2022
Espera por Kassab
Pessoas próximas ao ex-governador também apontam que ele ainda esperava, nesta janela partidária, uma postura do PSD, comandado pelo ex-prefeito Gilberto Kassab, de apoio a Lula já no primeiro turno.
Se isso tivesse ocorrido, esse seria seu destino primeiro. No entanto, com a desistência de Rodrigo Pacheco de concorrer ao Planalto, Kassab descartou esse apoio e agora investe em trazer o governador do Rio Grande do Sul para essa candidatura do partido. Diante dessa postura de Kassab, Alckmin passou a conversar mais afinco com essas legendas.
Conselho de Huck
Outra opinião que teria pesado para Alckmin conversar com o PV seria a do apresentador Luciano Huck, com quem o ex-tucano teria se aconselhado. Huck também teria defendido a Alckmin um caminho com o PV, em vez do PSB.
Amigo de Alckmin, Huck sempre professou ser antipetista, no entanto, diante de uma polarização com Bolsonaro, partidos aliados a Lula também enxergam a chance de obter mais um “cabo eleitoral” importante contra Bolsonaro.