Imprensa internacional repercute 1º turno: “Confronto de Titãs”
Portais dos Estados Unidos, Europa e América do Sul frisaram vitória do “esquerdista” Lula diante do conservadorismo de Bolsonaro
atualizado
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O primeiro turno das eleições de 2022 foi representado na imprensa internacional com destaque para o “Confronto de Titãs”. Portais estrangeiros adotaram um tom crítico ao candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), “subestimado pelos institutos de pesquisa”, enquanto o principal opositor, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi apontado como vitorioso, mesmo com desempenho insuficiente para vencer na primeira rodada.
O portal The Guardian, do Reino Unido, destacou o resultado como “extremamente decepcionante para a esquerda”. Na publicação, que informava os resultados em tempo real, o jornal voltou a chamar Bolsonaro de “Trump dos trópicos” ao afirmar que, apesar de superar o adversário em números no primeiro turno, Lula não foi capaz de reduzir a disputa a um único dia nas urnas.
“O resultado da eleição foi um grande golpe para os brasileiros progressistas que estavam torcendo por uma vitória enfática sobre Bolsonaro, um ex-capitão do Exército que atacou repetidamente as instituições democráticas do país e vandalizou a reputação internacional do Brasil”, diz um trecho da reportagem.
O norte-americano New York Times também dedicou uma parte do site à cobertura em tempo real do pleito. Uma das reportagens, com o título: “Bolsonaro supera pesquisas e força segundo turno contra Lula nas eleições presidenciais do Brasil”, destacou o crescimento inesperado de Bolsonaro, e frisou que as sondagens julgaram mal a força do conservadorismo no país.
“Durante meses, pesquisas e analistas diziam que o presidente Jair Bolsonaro estava fadado ao fracasso”, descreve o texto, que justifica o resultado a partir de “visões totalmente diferentes” sobre pautas desafiadoras que o país enfrenta, incluindo “ameaças ambientais, fome crescente, economia em crise e uma população profundamente polarizada”.
“Impensável aconteceu”
Na reportagem do The Washington Post, as ofensivas de Jair Bolsonaro às instituições brasileiras “chamaram a atenção global como o mais novo palco para a luta mundial entre a democracia e o autoritarismo”, diz uma parte do texto.
O jornal também mencionou as divergências existentes entre pesquisas de intenção de voto e frisou que “para muitos brasileiros, o impensável já aconteceu”, afirma o texto.
Por fim, a matéria avalia que o Brasil entra agora em um período “potencialmente desestabilizador” até 30 de outubro, data do segundo turno.
“O país mergulhará agora no que pode ser seu momento politicamente mais incerto desde que deixou o jugo da ditadura. O medo que muitas pessoas já sentiam ao entrar nesta eleição – medo da violência, medo do futuro do país – só aumentará nas próximas semanas.”
“Sabor de derrota”
Mais enfática, a revista britânica The Economist disse que a vitória de Lula teve um “sabor amargo de derrota”. A publicação, em destaque no portal, defendeu que o “fôlego” agora está com ele, enquanto os adversários caminham para a próxima rodada do pleito, “que testará as instituições brasileiras, especialmente se Bolsonaro se recusar a aceitar o resultado”, prevê a matéria.
“Isso terá implicações a longo prazo. Mesmo que Bolsonaro perca a Presidência, o bolsonarismo parece uma força que chegou ao Brasil para ficar.”
O portal francês Le Monde chamou o pleito de um “Confronto de Titãs”. Na publicação, que ocupou a manchete do site, o portal citou as manobras socioeconômicas do atual presidente para ganhar terreno entre a população de baixa renda – incluindo o turbinado Auxílio Brasil e a redução no preço dos combustíveis.
O jornal Público, de Portugal, destacou na manchete “Brasil vai ao 2º turno. Lula vence por 6 milhões de votos” – e trouxe ainda no topo do site várias reportagens, além de um editorial com título “Brasil: as feridas continuam abertas”.
Na Argentina, os jornais Clarín e La Nación trouxeram na manchete o caráter inesperado do resultado. “Eleição surpreendente e apertada: Lula ganhou, mas irá à disputa com Bolsonaro”, estampou o primeiro. O segundo descreveu o contexto brasileiro como “de suspense”.
“Final com suspense no Brasil. Lula ganhou, mas a surpresa foi Bolsonaro, e haverá mais uma rodada de votação.”