Ex-adversários, Lula e Alckmin lançam pré-candidatura à Presidência
Chapa composta pelo petista e o ex-tucano é a junção de nomes com passado de disputa acirrada, mas que têm o objetivo de derrotar Bolsonaro
atualizado
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Em um grande evento em São Paulo, neste sábado (7/5), a chapa que reúne o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSB) será oficialmente lançada. A pré-candidatura composta por um petista e um ex-tucano representa a junção de duas forças políticas com passado de disputa polarizada e acirrada, com o objetivo único de derrotar o atual presidente, Jair Bolsonaro (PL).
O evento ocorrerá no Expo Center Norte, na Vila Guilherme, um espaço com capacidade para 4 mil pessoas. Para evitar problemas com a legislação eleitoral, que só permite candidaturas após o dia 13 de agosto, o lançamento da pré-campanha é chamado de movimento Vamos Juntos Pelo Brasil.
Para a ocasião, são esperados políticos de vários partidos, inclusive além das sete legendas que integram a frente que defende a candidatura de Lula ao Palácio do Planalto. São elas: PT, PSB, PCdoB, PV, PSol, Rede e Solidariedade.
PT, PCdoB e PV formaram uma federação, ou seja, esses partidos terão que caminhar juntos, como uma só sigla por, no mínimo 4 anos. O mesmo ocorre com a Rede e com o PSol. A federação formada por essas duas siglas se coligará com o PT na defesa da chapa. O PSB, que oferece o nome de Alckmin como vice, também entra na frente coligado com PT. O mesmo ocorre com o Solidariedade.
Nessa sexta-feira (6/5), o ex-governador Geraldo Alckmin testou positivo para a Covid-19. Por isso, seu discurso será exibido em um telão. Só Lula deverá discursar presencialmente perante uma mesa na qual se posicionarão todos os presidentes dos partidos que vão compor a frente.
A programação contará ainda com a exibição de um vídeo contando toda a trajetória do petista. Desde a infância, passando pela liderança nas greves do ABC nos anos 70, pelos anos de Lula no governo e ainda pelos 580 dias que passou na prisão, devido às condenações pela Operação Lava Jato, hoje anuladas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e reconhecidas como ineptas pelo Comitê de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU)
Fome, tema prioritário
Lula focará seu discurso na fome, na inflação, no desemprego, na piora dos indicadores econômicos. O ex-presidente adotou esse tema como central de sua campanha e há uma decisão de não desviar o foco para a pauta de costumes ou para os ataques à democracia desferidos por Bolsonaro.
Esses assuntos, na campanha petista, são encarados como “cortina de fumaça” lançada pelo atual presidente para desviar o olhar sobre questões que são urgentes na vida do povo, que dizem respeito ao empobrecimento da população.
Além disso, o tema é espinhoso para Bolsonaro, que não consegue resolver o problema da carestia no país e dar resposta à principal preocupação da população atualmente. Só para se ter uma ideia, a mais recente consulta divulgada, da XP/Ipespe, a inflação é o tema que mais preocupa o eleitor brasileiro.
Dos entrevistados, 23% citaram o assunto que aparece empatado com a educação. Outro dado importante captado pela pesquisa é de que os assuntos ligados à questão econômica – inflação, desemprego, miséria e salário -, somados, é a maior preocupação para 46% do eleitorado.
Pesquisas internas encomendadas pelo PT já haviam mostrado essa preocupação muito forte com o empobrecimento das famílias.
Investida no campo de centro-direita
Lula e Alckmin chegam ao lançamento da pré-candidatura como favoritos em uma eleição totalmente polarizada com Bolsonaro. Outro detalhe: os últimos levantamentos também apontam um nível de decisão da população muito forte. O levantamento da XP/Ipespe demonstrou uma tendência que vem sendo também captada por outros institutos: o de que a imensa maioria do eleitorado já decidiu em quem vai votar, faltando seis meses para o dia do pleito.
O levantamento mostrou que somente 7% dos entrevistados disseram não ter candidato, que não iriam votar ou votariam em branco ou nulo. O percentual de indecisos foi de 2%.
Para conquistar esses votos e tentar manter sua aprovação até o dia da votação, Lula terá que enfrentar outro desafio: ampliar seu alcance para o campo de centro-direita. É nesse ponto que o PT aposta que Alckmin será importante.
O candidato a vice soa palatável ao mercado e tem apresentado ideias que combinam o interesse de agentes do mercado com os planos de Lula de se ter uma recuperação do controle estratégico dos investimentos pelo Estado.
Pé na estrada
Com o pré-lançamento, a campanha agora entra em nova fase. Lula e Alckmin se dedicarão a percorrer o país. Nesta segunda-feira (9/5), o petista já inaugura a fase “pé na estrada” em uma visita a Minas Gerais, onde visitará Belo Horizonte, Contagem e Juiz de Fora. Nesta viagem, Lula também inaugura sua busca ao centro político firmando uma acordo de apoio mútuo com o ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil (PSD), que será candidato ao governo do estado, enfrentando o atual govenador Romeu Zema (Novo), alinhado a Bolsonaro.
Havia a previsão de Alckmin acompanharia Lula nesta viagem, o que não deverá ocorrer devido à contaminação pela Covid-19.
Ainda neste mês de maio, Lula, com a ajuda de Alckmin, vai ao Rio Grande do Sul e a Santa Catarina, estados considerados mais conservadores, para acertar arestas dos palanques locais.
O ex-presidente ainda pretende visitar o Amazonas, onde tem apoio de políticos do PSD, e o Pará, onde terá apoio do atual governador Helder Barbalho, uma liderança do MDB.
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