Eunício, Jucá e Cunha: caciques políticos articulam retornos às urnas
Políticos tradicionais, eles não se elegeram em 2018 e devem tentar novos mandatos neste ano
atualizado
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Diversos políticos tradicionais que estão sem mandato ao menos desde 2018 tentarão voltar à cena nas eleições de outubro. Parte desses antigos caciques foi tragada pela onda antissistema que tomou as urnas. Outros, como o ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PTB-RJ), estavam enrolados com a Justiça – Cunha, algoz da ex-presidente Dilma Rousseff, assistiu ao pleito de quatro anos atrás, por exemplo, direto da prisão.
A lista conta com nomes de peso, como Eunício Oliveira (MDB-CE), ex-presidente do Senado Federal; Mendonça Filho (União-PE), ex-ministro da Educação; e Silvio Costa (Republicanos-PE), ex-deputado e ex-líder do governo Dilma. Todos avaliam disputar uma vaga na Câmara. O ex-senador Romero Jucá (MDB-RR) pretende retornar a esta Casa Legislativa.
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Há também diversos ex-governadores que se lançarão na disputa à Câmara. É o caso de Agnelo Queiroz (PT) e Rogério Rosso (PSD), ambos do Distrito Federal. Outros que devem tentar uma vaga de deputado federal são Beto Richa (PSDB-PR), Marconi Perillo (PSDB-GO) e Roseana Sarney (MDB-MA).
O ex-senador Jorge Viana (PT-AC) avalia se disputa o governo do Acre ou uma vaga ao Senado. A ex-senadora Heloísa Helena (Rede-RJ), que está sem mandato há cinco anos, vai tentar uma cadeira na Câmara. O ex-governador Márcio França (PSB) não se reelegeu em 2018 e pretende concorrer ao governo de São Paulo novamente.
Aliados do presidente Jair Bolsonaro (PL), o ex-senador Magno Malta (PL-ES) e o ex-deputado Alberto Fraga (PL-DF), que foram derrotados em 2018 e não conseguiram os cargos que pleiteavam no governo federal, voltam, agora, à disputa para o Senado e para a Câmara, respectivamente.
Destes, Cunha é o que possui a situação mais delicada. Segundo a Lei Complementar nº 64/1990 (Lei da Inelegibilidade), os membros do Congresso Nacional que perderam os mandatos por falta de decoro parlamentar se tornam inelegíveis durante o período remanescente para o qual foram eleitos e nos oito anos subsequentes ao término da legislatura.
Cunha assumiu em fevereiro de 2015 e foi cassado em setembro de 2016. O mandato se encerraria em janeiro de 2019 e, portanto, o prazo de inelegibilidade vence em 2027. O ex-deputado deve pleitear na Justiça a possibilidade de concorrer nas eleições deste ano.
Ex-presidenciáveis
Ex-candidatos que concorreram para assumir a Presidência da República em 2018 estão de volta à disputa eleitoral, mas com novos objetivos.
Ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), que perdeu a disputa pela Presidência em 2018, deseja se eleger governador de São Paulo.
Guilherme Boulos (PSol-SP) ficou em décimo lugar quando concorreu ao Palácio do Planalto em 2018, e terminou em segundo na disputa à Prefeitura de São Paulo em 2020. Agora, desistiu do governo de São Paulo e vai tentar uma vaga de deputado federal. Ele nunca exerceu cargo eletivo.
A ex-senadora Marina Silva (Rede-SP), que está sem mandato há 11 anos, concorreu à Presidência da República em 2010, 2014 e 2018, sem sucesso. Ela ficou em oitavo lugar no último pleito. Agora, Marina estuda disputar uma vaga à Câmara.
Políticos tradicionais de volta
As eleições de 2018 foram o ápice de um movimento iniciado no pleito municipal de 2016, com a ascensão de outsiders e políticos periféricos ou antissistema. O pleito daquele ano tirou figuras tradicionais do jogo político. Na eleição de 2020, porém, já houve um refluxo.
O cientista político Cláudio Couto, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), avalia que o pleito deste ano sinaliza que esse movimento deve continuar, na esteira da decepção de parte do eleitorado com a falta de efetividade e a forma de fazer política desses novos atores.
“Tem a ver com a fadiga que esse estilo de fazer política mostrou rapidamente. Eles foram uma decepção para quem imaginava que eles fariam uma ‘nova política’, pois não entregaram os resultados que esperavam. Com uma política malsucedida, decepcionaram e [os eleitores] voltam aos tradicionais”, avalia Couto, acrescentando que, com isso, figuras de vasta experiência na política possivelmente terão mais espaço para se eleger do que tiveram há quatro anos.