Empresários temem Lula “socialista”, e Mantega descarta radicalismo
Reunido com classe empresarial, ex-ministro tentou desfazer os temores gerados com os discursos do petista em encontro com sindicalistas
atualizado
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Em encontro nesta segunda-feira (18/4), em São Paulo, o ex-ministro Guido Mantega buscou acalmar representantes da classe empresarial diante de questionamentos sobre a possibilidade de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) implantar no país um governo “mais socialista”, caso vença as eleições deste ano e volte ao Palácio do Planalto.
O ex-titular das pastas da Fazenda e do Planejamento dos governos petistas, tanto de Lula, quanto de Dilma Rousseff, almoçou com empresários reunidos pelo grupo Esfera Brasil. Diante da pergunta, garantiu a eles um governo “mais de centro e sem radicalismos”.
O temor do empresários foi diagnosticado diante dos recentes discursos de Lula para sindicalistas. O presidenciável petista tem repetido a ideia de uma mesa de negociação para garantir direitos trabalhistas e de desprezo ao limite de gastos por parte do Estado, o chamado teto de gastos.
Lula chegou a estimular que militantes sindicais mudassem a forma de pressionar o Congresso, buscando os parlamentares em suas casas e importunando inclusive seus familiares.
Mantega, por sua vez, atribuiu as falas do ex-presidente a um momento de “mais emotivo” em sua relação com os sindicalistas. “Ele sabe que tem que ser um governo de centro. Não adianta você ganhar a eleição e não governar”, garantiu o ex-ministro em um momento da conversa com os empresários.
Políticas anticíclicas
Mantega é o segundo petista a ser ouvido pelo grupo. O que antes seria um jantar, se transformou em um almoço. No início do mês, a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, jantou com os mesmo empresários em São Paulo, liderados por João Camargo.
Para o PT, o encontro é uma oportunidade de o ex-ministro da Fazenda lembrar aos empresários que durante os governos petistas, em meio a investimentos em infraestrutura, o país conseguiu fazer reservas internacionais e formar superávit, mesmo enfrentando crises como a de 2008, precipitada pela falência do tradicional banco de investimento norte-americano Lehman Brothers.
A pedido de Lula, Mantega já assinou artigo publicado na Folha de S.Paulo e tem dado o tom da narrativa petista de que deixou reservas internacionais ao deixar o Palácio do Planalto. O economista já chefiou o Ministério do Planejamento, foi presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), além de exercer o cargo de ministro da Fazenda nos dois mandatos de Lula.
Lembrar do passado
Mantega continuou na Fazenda nos quatro primeiros anos do governo Dilma Rousseff. Após a reeleição de Dilma, foi sucedido no cargo por Joaquim Levy, que tinha uma proposta bem mais austera do ponto de vista econômico, defendendo inclusive o ajuste fiscal, por exemplo.
“É mais para lembrar do passado”, disse Mantega.
O Grupo Esfera também tem jantares marcados com outros economistas ligados a presidenciáveis, entre eles Nelson Marconi, que orienta a política de Ciro Gomes (PDT), e Zeina Latif, que tem dado o tom da política de João Doria (PSDB).