Em MG, Lula diz que Dilma sofreu “golpe” por causa de carteira para domésticas
O petista fez seu primeiro grande comício de campanha, em Belo Horizonte, ao lado de Alexandre Kalil, a quem apoia para governo do estado
atualizado
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Belo Horizonte e Brasília – Em comício nesta quinta-feira (18/8), na Praça da Estação, em Belo Horizonte, capital mineira, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato do PT à Presidência da República, disse que o impeachment sofrido pela ex-presidente Dilma Rousseff ocorreu porque muitos não se conformaram com os direitos concedidos em seu governo. O petista citou como exemplo a carteira assinada para empregadas domésticas e o acesso de jovens à universidade.
“Vocês deram o golpe na Dilma porque a empregada doméstica tinha carteira assinada, porque os adolescentes [carentes] estavam nas universidades”, disse Lula.
“E hoje estamos vivendo um momento histórico. Não é uma campanha normal. Não é uma ideia contra outra. É a democracia contra o fascismo. Contra a barbárie. Garantir que os brasileiros não morram de fome”, completou o ex-presidente, que lidera as intenções de voto para o Palácio do Planalto.
Minas é berço político de Aécio Neves (PSDB), que disputou a eleição contra Dilma, em 2014. O tucano foi derrotado pela petista e questionou o resultado das urnas. O estado também é terra natal da ex-presidente, que hoje mora no Rio Grande do Sul, mas que chegou a disputar o Senado, nas eleições passadas, e acabou sendo derrotada.
Em passagem por BH, o ex-presidente reforçou seus laços com Minas Gerais. O estado teve papel decisivo nas eleições do petista em 2002 e 2006, quando obteve 66,4% e 65,1% no segundo turno, respectivamente.
A escolha de iniciar a campanha eleitoral pelo terceiro maior colégio eleitoral do país foi estratégica. Desde a redemocratização, em 1989, todos os presidentes eleitos venceram em Minas Gerais.
Pesquisa do Instituto Datafolha divulgada nesta quinta-feira (18/8) mostra que, em eventual segundo turno, Lula tem 54% das intenções de voto, contra 37% de Bolsonaro.
Ao lado do ex-governador de São Paulo e candidato a vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB), e do ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil (PSD), Lula foi recepcionado por uma multidão que o acompanhou no chamado “Ato pela Democracia”.
Ao som do hino “Oh Minas Gerais, quem vai de Lula não perde jamais” , cerca de 100 mil apoiadores do ex-presidente Lula estiveram no local, segundo a campanha petista. Com os lemas “O Brasil da esperança” e “Lula, guerreiro, do povo brasileiro”, os apoiadores do ex-presidente não pouparam críticas ao governo de Jair Bolsonaro.
Lula repetiu que não guarda mágoa do tempo em que esteve preso e, por isso, é candidato. Ele prometeu “recuperar” órgãos como a Funai, que atua na defesa de povos indígenas.
“Hoje não tenho mais mágoa no coração. Até esqueci dos 580 dias trancado na polícia federal. Estou sendo candidato para provar que esse país tem jeito. Vamos recuperar a nossa dignidade. Não vai ter mais garimpo ilegal. Vou criar um ministério dos povos originários. A Funai não será mais dirigida por branco dos olhos verdes”, destacou.
“Sem dinheiro em caixa”
O petista disse que, se for eleito, não fará um governo de “dinheiro em caixa”, como outros presidentes e governadores se orgulham de propagar. Ao dar apoio ao candidato do PSD ao governo mineiro, o ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil, Lula disse que os recursos dos estados serão gastos com serviços para a população.
“Para nós, investir em educação, investir na infância, investir no ensino médio, investir na universidade, não é gasto, é investimento, é lucro para esse país que cuida da sua juventude. É por isso que eu estou fazendo a parceria com o doutor Kalil. Uma parceria porque ele já provou, em Minas Gerais, que governo bom é aquele governo que fala: Ah, eu tenho dinheirinho de caixa. Nós não queremos dinheiro de caixa, nós queremos dinheiro revertido em saúde, em educação, em transporte coletivo, em infraestrutura, que o Kalil fez aqui em Belo Horizonte”, elogiou o petista.