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Em “luta contra o mal”, Bolsonaro volta a defender pauta de costumes

De olho na reeleição, presidente tem investido em discursos voltados à religião, ao aborto, às armas e à família

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Guilherme Prímola/Metrópoles
lula e bolsonaro
1 de 1 lula e bolsonaro - Foto: Guilherme Prímola/Metrópoles

A quatro meses das eleições, o presidente Jair Bolsonaro (PL) tem investido em discursos mais enfáticos e que tratam das chamadas “pauta de costumes”, como religião, aborto, armas e família. 

Em março, durante evento de lançamento da pré-candidatura à reeleição, intitulado como “Encontro Nacional do Partido Liberal”, Bolsonaro disse que o pleito de outubro não se trata de uma luta da direita contra a esquerda, mas sim “do bem contra o mal”

Só nos últimos 15 dias, por exemplo, o presidente se manifestou contra o aborto e a ideologia de gênero em sete ocasiões durante agendas oficiais. Em seus discursos, ele costuma ainda defender o armamento da população, sob o argumento de que “o povo armado jamais será escravizado”. 

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Descendente de italianos e alemães, Bolsonaro recebeu o primeiro nome em homenagem ao jogador Jair Rosa Pinto, do Palmeiras, e o segundo, Messias, atribuído por Olinda Bonturi, mãe do presidente, a Deus, após uma gravidez complicada. Na infância, era chamado de Palmito pelos amigos
Ingressou no Exército aos 17 anos, na Escola Preparatória de Cadetes. Em 1973, foi aprovado para integrar a Academia Militar de Agulhas Negras (Aman), formando-se quatro anos depois
Dentro do Exército, Bolsonaro também integrou a Brigada de Infantaria Paraquedista, serviu como aspirante a oficial no 21º e no 9º Grupo de Artilharia de Campanha (GAC), cursou a Escola de Educação Física do Exército, serviu no 8º Grupo de Artilharia de Campanha Paraquedista e, em 1987, cursou a Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais
Em 1986, Jair foi preso por 15 dias, enquanto servia como capitão, por ter escrito um artigo para a revista Veja criticando o salário pago aos cadetes da Aman. Contudo, dois anos após o feito, foi absolvido das acusações pelo Superior Tribunal Militar (STM)
Em 1987, novamente respondeu perante o STM por passar informação falsa à Veja. Na ocasião, o até então ministro do Exército recebeu da revista um material enviado pelo atual presidente sobre uma operação denominada Beco Sem Saída, que teria como objetivo explodir bombas em áreas do Exército como protesto ao salário que os militares recebiam
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Jair Messias Bolsonaro, nascido em 1955, é um capitão reformado do Exército e político brasileiro. Natural de Glicério, em São Paulo, foi eleito 38º presidente do Brasil para o mandato de 2018 a 2022

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Descendente de italianos e alemães, Bolsonaro recebeu o primeiro nome em homenagem ao jogador Jair Rosa Pinto, do Palmeiras, e o segundo, Messias, atribuído por Olinda Bonturi, mãe do presidente, a Deus, após uma gravidez complicada. Na infância, era chamado de Palmito pelos amigos

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Ingressou no Exército aos 17 anos, na Escola Preparatória de Cadetes. Em 1973, foi aprovado para integrar a Academia Militar de Agulhas Negras (Aman), formando-se quatro anos depois

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Dentro do Exército, Bolsonaro também integrou a Brigada de Infantaria Paraquedista, serviu como aspirante a oficial no 21º e no 9º Grupo de Artilharia de Campanha (GAC), cursou a Escola de Educação Física do Exército, serviu no 8º Grupo de Artilharia de Campanha Paraquedista e, em 1987, cursou a Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais

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Em 1986, Jair foi preso por 15 dias, enquanto servia como capitão, por ter escrito um artigo para a revista Veja criticando o salário pago aos cadetes da Aman. Contudo, dois anos após o feito, foi absolvido das acusações pelo Superior Tribunal Militar (STM)

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Em 1987, novamente respondeu perante o STM por passar informação falsa à Veja. Na ocasião, o até então ministro do Exército recebeu da revista um material enviado pelo atual presidente sobre uma operação denominada Beco Sem Saída, que teria como objetivo explodir bombas em áreas do Exército como protesto ao salário que os militares recebiam

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A primeira investigação realizada pelo Conselho de Justificação Militar (CJM) concluiu que Bolsonaro e outros capitães mentiram e determinou que eles deveriam ser punidos. O caso foi levado ao Superior Tribunal Militar, que, por outra vez, absolveu os envolvidos. De acordo com uma reportagem da Folha à época, foi constatado pela Polícia Federal que, de fato, a caligrafia da carta enviada à Veja pertencia a Jair

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Em 1988, Bolsonaro foi para a reserva do Exército, ainda com o cargo de capitão, e, no mesmo ano, iniciou a carreira política. Em 1988, foi eleito vereador da cidade do Rio de Janeiro e, em 1991, eleito deputado federal. Permaneceu como parlamentar até 2018, quando foi eleito presidente da República

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Durante a carreira, Bolsonaro se filiou a 10 legendas: Partido Democrata Cristão (PDC), Partido Progressista Reformador (PPR), Partido Progressista Brasileiro (PPB), Partido da Frente Liberal (PFL), Partido Progressistas (PP), Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), Democratas (DEM), Partido Social Cristão (PSC), Partido Social Liberal (PSL) e, atualmente, Partido Liberal (PL)

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É casado com Michelle Bolsonaro, 40 anos, e pai de Laura Bolsonaro, 11, Renan Bolsonaro, 24, Eduardo Bolsonaro, 38, Carlos Bolsonaro, 39, e Flávio Bolsonaro, 41, sendo os três últimos também políticos

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Em 2018, enquanto fazia campanha eleitoral, Jair foi vítima de uma facada na barriga. Até hoje o atual presidente precisa se submeter a cirurgias por causa do incidente

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Eleito com 57.797.847 votos no segundo turno, Bolsonaro coleciona polêmicas em seu governo. Além do entra e sai de ministros, a gestão de Jair é acusada de ter corrupção, favorecimentos, rachadinhas, interferências na polícia, ataques à imprensa e a outros poderes, discurso de ódio, disseminação de notícias faltas, entre outros

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Programas sociais, como o Vale-gás, Alimenta Brasil, Auxílio Brasil e o auxílio emergencial durante a pandemia da Covid-19, foram lançados para tentar ajudar a elevar a popularidade do atual presidente

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De olho na reeleição em 2022, Bolsonaro se filiou ao Partido Liberal (PL). O vice de sua chapa nas eleições deste ano é o general Walter Braga Netto

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O comitê que trabalha pela reeleição de Bolsonaro ao Palácio do Planalto viu a oportunidade de resgatar a pauta de costumes no início de abril. Na época, o pré-candidato à Presidência pelo PT, Luiz Inácio Lula da Silva, criticou o consumo da classe média brasileira e a pauta de costumes, e defendeu a descriminalização do aborto

A reação ocorreu logo nos dias seguintes. A cobrança veio até mesmo de aliados de Lula, que argumentaram que ele estava dando “palanque” para Bolsonaro. Eles aconselharam o ex-presidente a reduzir as falas sobre os temas, considerados “sensíveis”.

Como esperado, as alas evangélica e bolsonarista atacaram o petista e suas pautas consideradas pela direita como “ideológicas”. Em 8 de abril, dois após a declaração de Lula, o presidente Jair Bolsonaro disse: 

“Dizer a vocês que nós somos contra o aborto no Brasil, nós não queremos restringir o consumo da classe média. Dizer a vocês que nós respeitamos as nossas Forças Armadas e os nossos militares. Dizer a vocês que o nosso governo, entre outras coisas, defende a família brasileira”.

De lá para cá, o atual chefe do Executivo federal tem feito falas similares em agendas pelo país. Aliados do presidente admitem que apesar de repetidas, as declarações de Bolsonaro surtem efeito em sua base eleitoral e, por meio da polarização, têm o poder de resgatar ex-apoiadores e conquistar novos votos.

“Nós temos hoje um presidente da República do Brasil, juntamente com o seu ministério, que acredita em Deus, que respeita os seus militares, defende a família brasileira e deve lealdade ao seu povo. Mais ainda, todos nós sabemos que a família ajustada, ela é boa para toda a nação. E assim sendo, nós sempre fomos contra o aborto, contra a ideologia de gênero, somos favoráveis e defensores da propriedade privada, e também defendemos que o povo armado jamais será escravizado”, pregou Bolsonaro na última terça-feira (31/5).

Estratégias de campanha

Para Eduardo Galvão, analista político e professor de Relações Institucionais do Ibmec Brasília, o Brasil é, historicamente, um país tradicional e conservador. Apesar disso, no entanto, o docente explica que a pauta de costumes não deveria ser o foco da campanha de Lula.

“O PT e o Lula precisam arrumar formas e estratégias de capturar um eleitorado que está mais ao centro e mais à direita. Focar muito nessas pautas, que são específicas da esquerda, talvez faça com que ele [Lula] perca votos das pessoas que estão mais ao centro. Então, o discurso dele tem que ser muito menos voltado para pautas sociais da esquerda e mais para posições de centro”, avalia Galvão. 

Ao contrário do petista, o analista afirma que, como ocorreu em 2018, Bolsonaro consegue atrair votos conservadores ao criticar a discriminalização do aborto, por exemplo, o que acaba polarizando, ainda mais, o clima eleitoral.

“A gente tem uma parcela da população que é muito conservadora. O Bolsonaro despontou agora com a estratégia de uma defesa de pautas conservadoras — o que tem atraído e dado voz a esse grupo, porque [a pauta] se destaca e [o Bolsonaro] consegue garantir votos”, acrescenta o professor.

Rodolfo Tamahana, professor e especialista em ciências políticas do Ibmec de Brasília, avalia que é natural que a pauta de costumes retorne ao cenário eleitoral e que ela é a grande ferramenta para diferenciar Lula e Bolsonaro.

“Essa retomada da chamada pauta de costumes do presidente Bolsonaro representa exatamente aquilo que foi o grande diferencial em 2018. De alguma maneira, na época o então candidato Jair Bolsonaro conseguiu canalizar essa pauta e conseguiu o êxito nas eleições. Agora, já se preparando para uma eventual reeleição, essa claramente é a grande ferramenta, a grande pauta que ele tem para se diferenciar do candidato Lula. Daqui para frente essa tônica vai ser realmente a que vai aparecer em todas as manifestações do presidente Bolsonaro”, pontua Tamahana.

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