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Em ano eleitoral, governo aumenta frequência de pronunciamentos na TV

De janeiro a abril, governo usou horário nobre em sete oportunidades. No mesmo período de 2021, havia feito só dois pronunciamentos

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1 de 1 pronunciamentos - Foto: Arte/Metrópoles

De olho nas eleições deste ano, o governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) tem ampliado a frequência com que faz pronunciamentos em rede nacional de rádio e televisão para divulgar ações do Executivo.

Nos primeiros quatro meses de 2022, ministros usaram o horário nobre para falas em sete oportunidades – cinco a mais do que no mesmo período do ano passado.

Apesar da grande concentração de pronunciamentos em 2022, o ano em que o governo mais apareceu na TV e no rádio foi 2021. Em todo o ano passado, Bolsonaro e ministros fizeram 11 falas em rede nacional.

Em 2020, primeiro ano da pandemia de coronavírus, foram registrados sete pronunciamentos, dos quais cinco ocorreram entre janeiro e abril.

Durante todo o ano, apenas o presidente Bolsonaro utilizou o sistema de convocação de rede para pronunciamentos. Mesmo com o avanço da crise sanitária na época, nem o então ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, fez discursos em cadeia nacional.

No primeiro ano de mandato, o governo realizou pronunciamentos em oito oportunidades.

Estratégia eleitoral

Recentemente, o Metrópoles mostrou que Bolsonaro passou a escalar seus ministros para divulgar ações do governo em rede nacional de rádio e televisão. Aliados admitiram a intenção do governo em propagandear as iniciativas em ano eleitoral. Isso porque o presidente deve disputar a reeleição no pleito de outubro.

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Descendente de italianos e alemães, Bolsonaro recebeu o primeiro nome em homenagem ao jogador Jair Rosa Pinto, do Palmeiras, e o segundo, Messias, atribuído por Olinda Bonturi, mãe do presidente, a Deus, após uma gravidez complicada. Na infância, era chamado de Palmito pelos amigos
Ingressou no Exército aos 17 anos, na Escola Preparatória de Cadetes. Em 1973, foi aprovado para integrar a Academia Militar de Agulhas Negras (Aman), formando-se quatro anos depois
Dentro do Exército, Bolsonaro também integrou a Brigada de Infantaria Paraquedista, serviu como aspirante a oficial no 21º e no 9º Grupo de Artilharia de Campanha (GAC), cursou a Escola de Educação Física do Exército, serviu no 8º Grupo de Artilharia de Campanha Paraquedista e, em 1987, cursou a Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais
Em 1986, Jair foi preso por 15 dias, enquanto servia como capitão, por ter escrito um artigo para a revista Veja criticando o salário pago aos cadetes da Aman. Contudo, dois anos após o feito, foi absolvido das acusações pelo Superior Tribunal Militar (STM)
Em 1987, novamente respondeu perante o STM por passar informação falsa à Veja. Na ocasião, o até então ministro do Exército recebeu da revista um material enviado pelo atual presidente sobre uma operação denominada Beco Sem Saída, que teria como objetivo explodir bombas em áreas do Exército como protesto ao salário que os militares recebiam
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Jair Messias Bolsonaro, nascido em 1955, é um capitão reformado do Exército e político brasileiro. Natural de Glicério, em São Paulo, foi eleito 38º presidente do Brasil para o mandato de 2018 a 2022

Reprodução/ Instagram
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Descendente de italianos e alemães, Bolsonaro recebeu o primeiro nome em homenagem ao jogador Jair Rosa Pinto, do Palmeiras, e o segundo, Messias, atribuído por Olinda Bonturi, mãe do presidente, a Deus, após uma gravidez complicada. Na infância, era chamado de Palmito pelos amigos

Hugo Barreto/Metrópoles
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Ingressou no Exército aos 17 anos, na Escola Preparatória de Cadetes. Em 1973, foi aprovado para integrar a Academia Militar de Agulhas Negras (Aman), formando-se quatro anos depois

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Dentro do Exército, Bolsonaro também integrou a Brigada de Infantaria Paraquedista, serviu como aspirante a oficial no 21º e no 9º Grupo de Artilharia de Campanha (GAC), cursou a Escola de Educação Física do Exército, serviu no 8º Grupo de Artilharia de Campanha Paraquedista e, em 1987, cursou a Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais

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Em 1986, Jair foi preso por 15 dias, enquanto servia como capitão, por ter escrito um artigo para a revista Veja criticando o salário pago aos cadetes da Aman. Contudo, dois anos após o feito, foi absolvido das acusações pelo Superior Tribunal Militar (STM)

Rafaela Felicciano/Metrópoles
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Em 1987, novamente respondeu perante o STM por passar informação falsa à Veja. Na ocasião, o até então ministro do Exército recebeu da revista um material enviado pelo atual presidente sobre uma operação denominada Beco Sem Saída, que teria como objetivo explodir bombas em áreas do Exército como protesto ao salário que os militares recebiam

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A primeira investigação realizada pelo Conselho de Justificação Militar (CJM) concluiu que Bolsonaro e outros capitães mentiram e determinou que eles deveriam ser punidos. O caso foi levado ao Superior Tribunal Militar, que, por outra vez, absolveu os envolvidos. De acordo com uma reportagem da Folha à época, foi constatado pela Polícia Federal que, de fato, a caligrafia da carta enviada à Veja pertencia a Jair

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Em 1988, Bolsonaro foi para a reserva do Exército, ainda com o cargo de capitão, e, no mesmo ano, iniciou a carreira política. Em 1988, foi eleito vereador da cidade do Rio de Janeiro e, em 1991, eleito deputado federal. Permaneceu como parlamentar até 2018, quando foi eleito presidente da República

Daniel Ferreira/Metrópoles
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Durante a carreira, Bolsonaro se filiou a 10 legendas: Partido Democrata Cristão (PDC), Partido Progressista Reformador (PPR), Partido Progressista Brasileiro (PPB), Partido da Frente Liberal (PFL), Partido Progressistas (PP), Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), Democratas (DEM), Partido Social Cristão (PSC), Partido Social Liberal (PSL) e, atualmente, Partido Liberal (PL)

Rafaela Felicciano/Metrópoles
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É casado com Michelle Bolsonaro, 40 anos, e pai de Laura Bolsonaro, 11, Renan Bolsonaro, 24, Eduardo Bolsonaro, 38, Carlos Bolsonaro, 39, e Flávio Bolsonaro, 41, sendo os três últimos também políticos

Instagram/Reprodução
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Em 2018, enquanto fazia campanha eleitoral, Jair foi vítima de uma facada na barriga. Até hoje o atual presidente precisa se submeter a cirurgias por causa do incidente

Igo Estrela/Metrópoles
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Eleito com 57.797.847 votos no segundo turno, Bolsonaro coleciona polêmicas em seu governo. Além do entra e sai de ministros, a gestão de Jair é acusada de ter corrupção, favorecimentos, rachadinhas, interferências na polícia, ataques à imprensa e a outros poderes, discurso de ódio, disseminação de notícias faltas, entre outros

Alan Santos/PR
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Programas sociais, como o Vale-gás, Alimenta Brasil, Auxílio Brasil e o auxílio emergencial durante a pandemia da Covid-19, foram lançados para tentar ajudar a elevar a popularidade do atual presidente

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De olho na reeleição em 2022, Bolsonaro se filiou ao Partido Liberal (PL). O vice de sua chapa nas eleições deste ano é o general Walter Braga Netto

Igo Estrela/Metrópoles

A ideia, explicam interlocutores, é que o atual chefe do Executivo não participe ativamente da estratégia, deixando que apenas os integrantes do primeiro escalão atuem na linha de frente.

Neste ano, Bolsonaro ainda não fez pronunciamentos na televisão. Segundo aliados, dessa forma, a campanha não fica “escancarada” e o presidente não corre o risco de ser enquadrado na Lei das Eleições. Pela legislação, é permitido realizar propaganda eleitoral apenas a partir de 16 de agosto.

A Lei das Eleições também proíbe pronunciamentos em rede nacional de rádio e televisão nos três meses anteriores ao pleito de outubro. A exceção ocorre em caso de temas urgentes, relevantes ou ligados às funções do governo. Nesses cenários, a Justiça Eleitoral precisa aprovar as falas em cadeia nacional.

Divulgação de ações X campanha antecipada

Rodolfo Tamahana, especialista em ciências políticas do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec) de Brasília, salienta que a utilização do pronunciamento em rede nacional é “um procedimento corriqueiro”, e que o atual chefe do Executivo, na condição de candidato à reeleição, ainda que extraoficialmente, e ministros do governo têm o benefício da exposição do cargo.

“O agente público que já ocupa um cargo faz o uso da função que ele tem que cumprir – que é ser transparente com a sociedade sobre a sua gestão –, mas [o cargo] também acaba sendo uma forma que ele se mostra para a sociedade. É uma zona cinzenta entre o que você está divulgando para atender o princípio da transparência pública e a divulgação da sua imagem enquanto agente público, que mais à frente vai buscar a reeleição”, explica Tamahana.

Para Nathália Coelho, professora de comunicação na Universidade de Brasília, existe uma linha tênue entre a divulgação de medidas governamentais – como uma modalidade comunicacional e informativa – e utilizar o meio de pronunciamentos em cadeia nacional para realizar, mesmo que de forma sutil, campanha eleitoral.

“Vai muito da consciência do receptor e do governo. Do governo de compreender o seu lugar, não como alguém que está visando uma próxima eleição, mas como alguém que ocupa um cargo político, e, a partir disso, os interesses estão voltados para o Brasil e não necessariamente aos seus interesses políticos”, explica a professora.

A docente também enfatiza características comunicacionais que compreendem os integrantes do governo do presidente Jair Bolsonaro. “A gente observa que existe uma estratégia discursiva, retórica, oral, para falar com o eleitorado e público específico, que diz respeito à palavra falada”, detalha.

Pronunciamentos em 2022

Dos sete pronunciamentos feitos neste ano, cinco foram de agora ex-ministros que deixaram o governo para disputar as eleições de outubro. Em todas as falas registradas de janeiro a abril, ações do governo foram exaltadas.

Abaixo, veja um resumo dos pronunciamentos feitos em 2022:

  • João Roma

Em 28 de janeiro, o então ministro da Cidadania, João Roma (PL-BA), que é pré-candidato ao governo da Bahia, deu início à divulgação de medidas adotadas pelo governo. Em um pronunciamento que durou quase 5 minutos, o agora ex-ministro, que é do Centrão, exaltou ações sociais, como o Auxílio Brasil, o vale-gás e a redução da tarifa de energia elétrica para famílias de baixa renda. Veja a íntegra do pronunciamento aqui.

  • Milton Ribeiro

Quatro dias depois, em 1º de fevereiro, o então ministro da Educação, Milton Ribeiro, convocou um pronunciamento em rede nacional para celebrar o reajuste de 33,24% no piso salarial dos professores e as novas regras para renegociação de dívidas do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) – as duas medidas foram anunciadas por Bolsonaro em 31 de dezembro e 27 de janeiro, respectivamente. Veja a íntegra do pronunciamento aqui.

  • Onyx Lorenzoni

Pouco mais de uma semana depois, foi a vez de Onyx Lorenzini, atual ministro da Previdência e do Trabalho, exaltar ações do governo em rede nacional. Ele deve disputar o governo do Rio Grande do Sul nas eleições de outubro. Em seu discurso de cinco minutos, ele comentou as mudanças na realização da prova de vida por aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). As novas regras foram anunciadas quase duas semanas antes do pronunciamento. Veja a íntegra do pronunciamento aqui.

  • Damares Alves

No Dia Internacional da Mulher, Damares Alves fez um pronunciamento para divulgar as ações do governo, algumas anunciadas no mesmo dia da fala em rede nacional. A agora ex-ministra é pré-candidata ao Senado ou à Câmara dos Deputados. Veja a íntegra do pronunciamento aqui.

  • Rogério Marinho

Em 22 de março, data em que é celebrado o Dia Mundial da Água, o então ministro do Desenvolvimento Regional destacou a conclusão da obra de transposição do Rio São Francisco. Rogério Marinho é pré-candidato ao Senado pelo estado do Rio Grande do Norte. Em seu pronunciamento, ele criticou gestões passadas ao dizer que elas cometeram “erros de projeto, condução e execução da obra”. Veja a íntegra do pronunciamento aqui.

  • Marcos Pontes

Em 29 de março, o então ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações usou o pronunciamento para fazer um balanço de suas ações à frente da pasta e disse que o Brasil pode ter uma vacina “100% brasileira” contra a Covid-19. Veja a íntegra do pronunciamento aqui.

  • Marcelo Queiroga

No domingo de Páscoa, em 17 de abril, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, fez um pronunciamento para anunciar o fim da Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional (Espin) da Covid-19. Em seu discurso, Queiroga exaltou os recursos federais destinados à pandemia e que o Brasil realiza “a maior campanha de vacinação de sua história”. Veja a íntegra do pronunciamento aqui.

Veja o que muda com o fim da emergência sanitária

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