metropoles.com

Em 12 anos, eleitor médio passou a ter mais escolaridade e ficou mais velho

Especialistas apontam que ainda há falta de representatividade entre os candidatos em relação a eleições passadas

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Rafaela Felicciano/Metrópoles
Fotografia de urna eleitoral - Metrópoles
1 de 1 Fotografia de urna eleitoral - Metrópoles - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

O eleitor médio que irá às urnas no próximo dia 2 de outubro mudou em relação ao perfil de 2010. Hoje, o perfil predominante é a mulher, solteira, entre 45 e 59 anos. As características são semelhantes, mas não idênticas, às de 2010, quando o eleitor médio também era do público femino, solteira, mas tinha entre 25 e 34 anos.

O levantamento foi feito pelo Metrópoles com base em dados divulgados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

A diferença mais discrepante entre os dois públicos é a escolaridade. Em 2010, a maior fatia do eleitorado tinha somente até o ensino fundamental completo. Enquanto isso, neste ano, o eleitor médio tem o ensino médio completo, o equivalente a pelo menos três anos a mais na escola em comparação a 12 anos atrás.

A cientista política Noemí Araújo diz que programas como o Prouni e o Fies, que facilitam a entrada em universidades públicas ou privadas, explicam o aumento no nível de escolaridade do eleitor médio.

“Há uma série de medidas que são adotadas pelo Estado que, além de facilitar a inserção da juventude principalmente no ambiente acadêmico, elas também tornam mais atrativa a educação, e mostra que essa é a base para a sociedade, é a partir de onde nós vamos conseguir trazer uma mudança cultural, uma mudança econômica para toda a sociedade a médio e longo prazo”, fala

Esse aspecto também faz com que o eleitor exija mais do candidato, segundo Araújo. “Com o aumento da escolaridade, você tem seres que tem um pensamento crítico mais aguçado e se tornam mais exigentes. Eles percebem a necessidade de participação e responsabilidade deles enquanto cidadãos dentro da sociedade. E isso faz com que o nível de candidatos tenham que apresentar quadros realmente mais completos, mais preparados porque o eleitor vai exigir algo a mais do que há um tempo atrás não era apresentado.”

Presidente, governador, senador e deputado: veja quem são os candidatos nas Eleições 2022

Eleitor x candidato

Uma comparação entre o eleitor médio e o perfil do candidato médio também mostra discrepâncias. A maior parte dos candidatos são homens, entre 45 e 49 anos, casados e com nível superior completo. O perfil se manteve exatamente o mesmo nesses 12 anos.

O cientista político Leonardo Barreto aponta que essa discrepância é reflexo da própria sociedade. “Em tese, você deveria ter ali um espelho dos espaços e dos grupos da sociedade. Mas, na verdade, você tem um espelho das estruturas de preconceito, das estruturas de dominação”, diz.

Para Barreto é necessário uma mudança na política brasileira para que ela realmente represente os seus eleitores. Para o cientista político, a estrutura pública tentou votar o regime de cotas para mulheres, mas em especial na Câmara dos Deputados essas propostas são rejeitadas.

“Uma medida que já foi votada duas, três vezes no plenário e a Câmara, especialmente, continua rejeitando. Então, o que a gente tem ainda é uma uma uma estrutura de poder que dificulta muito a melhoria dessa representatividade”, declara Barreto.

Dados do TSE mostram que em 2018 apenas 15% de todos os eleitos para a Câmara dos Deputados eram mulheres. O percentual é ainda menor no caso do Senado Federal: 11,54%.

Noemi Araújo reforça que a baixa representatividade é um problema tanto na votação dos projetos quanto na elaboração de políticas públicas que possam atender toda a população brasileira de forma equilibrada.

“Então, quando você tem a ausência de representantes que de fato são a cara da sociedade naturalmente você encontra políticas públicas deficitárias que não são completas e que não respondem os anseios verdadeiros dessa sociedade”, explica a cientista política.

Em 2022, as mulheres representam 53% do eleitorado apto a votar, em contrapartida, as candidaturas femininas equivalem apenas a 34%, ou 9.894 dos registros aceitos pelo TSE.

Há 12 anos, o número de mulheres candidatas refletia somente 22% de todas as candidaturas registradas em 2010. Entretanto, o número de eleitoras representava 52% ou 70 mil mulheres aptas a votar.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?