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Eleições 2022: veja o que pré-candidatos dizem sobre o teto de gastos

Regra que limita crescimento de despesas públicas divide opiniões entre os principais pré-candidatos à Presidência da República hoje

atualizado

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Isac Nóbrega/PR e Deputado Rosemberg
Bolsonaro e Lula
1 de 1 Bolsonaro e Lula - Foto: Isac Nóbrega/PR e Deputado Rosemberg

A nove meses das eleições presidenciais, candidatos começam a revelar seus planos econômicos. Uma das pautas de maior relevância, e grande preocupação do mercado financeiro, é o destino do teto de gastos. O dispositivo criado durante o governo de Michel Temer, em 2016, para dar previsibilidade às contas públicas, arranca opiniões distintas entre os presidenciáveis. Até a publicação desta reportagem, o “placar” entre os cinco pré-candidatos com maior destaque nas pesquisas está 3 x 2 contra a manutenção da regra.

Enquanto o governo Bolsonaro, por insistência do ministro Paulo Guedes (Economia), defende o mecanismo, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Ciro Gomes (PDT) já sinalizaram ser contrários ao atual modelo. Ambos sabem que o tema é fundamental para definir o apoio de investidores na corrida presidencial, e mesmo assim sustentam que a regra é “cruel” diante da crise econômica promovida pela pandemia de Covid-19.

Lula chegou a criticar o sistema pelo seu Twitter em outubro. “Quando você dá R$ 1 bilhão para o rico é investimento, e quando você dá R$ 300 para o pobre é gasto?! Nós vamos revogar esse teto de gastos”, escreveu na rede social em referência ao Auxílio Brasil, cuja viabilidade era discutida na época, antes da aprovação da PEC dos Precatórios.

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Presidente Jair Bolsonaro
Ministro Paulo Guedes
O pré-candidato do PDT, Ciro Gomes
O governador de São Paulo, João Doria, é o pré-candidato do PSDB para disputar a Presidência da República no ano que vem
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Em discurso, Lula falou sobre necessidade de programas de assistência social e criticou mercado financeiro

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Presidente Jair Bolsonaro

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Ministro Paulo Guedes

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O pré-candidato do PDT, Ciro Gomes

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O governador de São Paulo, João Doria, é o pré-candidato do PSDB para disputar a Presidência da República no ano que vem

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Ciro Gomes concorda com esse diagnóstico. Também no ano passado, o economista mais próximo ao pré-candidato, Nelson Marconi, manifestou em entrevistas que o teto precisa de mudanças, porque, analisa, da forma como está prejudica o crescimento do país, criando problemas para a implementação de políticas sociais e de infraestrutura.

Na mesma linha, recentemente, o assessor econômico do presidenciável Sergio Moro (Podemos), o economista Affonso Celso Pastore, foi além e disse para a Folha de S.Paulo que a regra que limita o aumento das despesas à inflação está “morta”. Segundo ele, o teto foi “destruído” e é necessário um novo modelo para garantir a responsabilidade fiscal do país.

Pastore reconhece, entretanto, que o dispositivo trouxe mais benefícios do que prejuízos. “Enquanto existiu a esperança de que reformas levariam ao controle dos gastos, o teto trouxe apenas benefícios. Para que o país cresça, é preciso responsabilidade fiscal”, afirmou.

Do outro lado, o PSDB mantém a simpatia pelo teto de gastos. Na semana passada, o pré-candidato da sigla e governador de São Paulo, João Doria, lançou uma carta em defesa da ferramenta.

O texto é assinado pelos economistas Ana Carla Abraão, Henrique Meirelles, Vanessa Rahal Canado e Zeina Latiff, que compõem a equipe econômica da campanha tucana. Eles argumentam que a medida é essencial para conter o crescimento da dívida pública, mas que ela não deve ser adotada no longo prazo.

Em seguida, os especialistas apontam iniciativas em estudo para garantir o cumprimento da regra até 2026 (quando a legislação determina revisão dos limites do teto de gastos). Veja:

  • Revisão das emendas parlamentares
  • Revisão do seguro-defeso e abono salarial
  • Promover uma reforma administrativa que reduza o número de carreiras e aumente o prazo para a chegada no topo delas
  • Rever as regras de seguro-desemprego e do FGTS, para eliminar as sobreposições de benefícios
  • Reformar as práticas jurídicas da União para reduzir condenações (e precatórios)
  • Continuar programas de auditoria de benefícios assistenciais e previdenciários concedidos

Guedes e o teto de gastos

O ministro Paulo Guedes travou uma batalha com o mercado financeiro, no ano passado, ao dizer que seria necessário furar o teto para pagar a fatura integral dos R$ 89 bilhões em precatórios – dívidas reconhecidas pela Justiça.

Em busca da reeleição, foi feito um esforço da equipe econômica e da ala política do governo para aprovar a PEC dos Precatórios, que abriu espaço de R$ 106,1 bilhões no Orçamento de 2022 e serviu para bancar parte dessas dívidas judiciais e o Auxílio Brasil (ex-Bolsa Família) de R$ 400. Críticos interpretaram a manobra como um desrespeito à regra de gastos.

Na época, Guedes defendeu que haveria uma eventual “licença” para furar o teto em prol dos prejudicados economicamente pela pandemia. A declaração, entretanto, causou várias baixas em sua equipe. O secretário especial do Tesouro e Orçamento, Bruno Funchal, e o secretário do Tesouro Nacional, Jeferson Bittencourt, pediram demissão de seus cargos ao ministro.

A secretária especial adjunta do Tesouro e Orçamento, Gildenora Dantas, e o secretário adjunto do Tesouro Nacional, Rafael Araújo, também pediram exoneração de seus cargos, alegando razões pessoais.

Funchal já havia sinalizado que deixaria o cargo se tivesse de assinar “alguma” medida que envolvesse a liberação de recursos fora da regra de gastos.

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