metropoles.com

Eleições 2022: o que são mandatos coletivos e como funcionam

Prática ainda informal no país tem ganhado força desde as últimas eleições e deve registrar recorde de candidaturas neste ano

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Carla Sena/Metrópoles
Mandato Coletivo
1 de 1 Mandato Coletivo - Foto: Carla Sena/Metrópoles

Modalidade ainda tímida na realidade eleitoral brasileira, o mandato coletivo tem ganhado força desde as últimas eleições e deve registrar número recorde de candidaturas em 2022. A prática consiste em reunir mais de um candidato para a mesma vaga, com a premissa de oferecer uma gestão parlamentar horizontal e livre de hierarquia.

Para os defensores do modelo – que opera de forma informal no país, ou seja, não há uma legislação eleitoral específica para regulamentar a prática –, a opção permite envolvimento mais efetivo do eleitorado na política.

A primeira versão de um mandato coletivo surgiu em 2002, na Suécia, e é o mesmo reproduzido atualmente pelos candidatos brasileiros.

Como funciona?

A chapa escolhe um único membro para ser o representante do mandato coletivo. Este usará das prerrogativas de um parlamentar eleito: tempo de fala, direito ao voto, discussão das propostas em colégio de líderes. Enquanto as decisões, por sua vez, serão tomadas em consenso com os demais integrantes do mandato – os chamados “coparlamentares”.

Informalidade

Apesar de existir há 20 anos, o mandato coletivo não conta com regulamentação formal no país. Ou seja, todas as candidaturas coletivas operam a partir de acordo informal entre parlamentares e coparlamentares, que pautam tanto a campanha quanto o exercício do mandato em estatutos ou cartas compromisso.

Os documentos servem como balizadores para a prática, delineando desde o desenho do gabinete e modelo de deliberações até os limites do próprio mandato.

A possibilidade de regulamentar a modalidade só entrou no radar da política brasileira em 2017, com a apresentação de uma proposta de emenda à Constituição (PEC) pela deputada federal Renata Abreu (Podemos-SP). A parlamentar afirmou, na oportunidade, que as candidaturas coletivas são uma forma de contornar a “grave crise ético-política”.

“O mandato coletivo – a ser compartilhado por vários componentes – revela-se uma alternativa para reforçar a participação popular e expandir o conceito de representação política. Trata-se de experiência exitosa que busca superar a velha política. Esta atuação fortalece a cidadania e reforça a atuação conjunta de entidades em busca de um bem comum por meio de atividades educativas, ambientais, culturais ou sociais”, defendeu a deputada.

Mesmo com o apelo da parlamentar, a PEC nunca chegou a ter uma tramitação efetiva. A proposta aguarda a designação de um relator na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) da Câmara dos Deputados.

Resolução

Em dezembro do ano passado, de olho nas eleições deste ano, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) incluiu regras para candidaturas coletivas na resolução que trata sobre a escolha e o registro dos candidatos. Entre vários pontos, a decisão autoriza a utilização da menção do grupo ou coletivo de apoiadores na composição do nome do candidato.

Na ocasião, ao decidir favoravelmente à medida, o presidente do TSE, ministro Edson Fachin, defendeu que a prática “representa apenas um formato da promoção da candidatura que permite à pessoa destacar seu engajamento social e coletivo”.

Fachin reforçou que o registro mantém o caráter individual e que não há na legislação eleitoral brasileira nada que regulamente a prática. O entendimento foi o mesmo do ministro Carlos Horbach, que destacou a inexistência do mandato coletivo do ponto de vista jurídico, o que não impede a devida promoção das candidaturas.

Informalidade benéfica

Ao Metrópoles, a professora de direito público Sabrina Durigon, do UniCeub, avalia que a informalidade em que operam os mandatos coletivos pode ser benéfica para a prática. “É conveniente não ter uma regulamentação porque, sem ela, esses mandatos coletivos tem maior liberdade para funcionar. Quanto mais regulamentação se tem, menos liberdade você tem dentro dessa atuação coletiva”, explica.

A docente acredita que se trata de um modelo mais democrático. “O mandato coletivo é uma iniciativa inovadora, que se propõe a uma gestão compartilhada, onde as questões do mandato podem ser debatidas de uma forma mais democrática. A intenção destas candidaturas é oxigenar a política, compartilhar o Poder com pessoas de distintas matrizes”, defende.

Sabrina destaca, porém, que, apesar da promessa pela ampliação da representatividade, os mandatos coletivos brasileiros têm falhado no âmbito da diversidade. “Este é um dos pontos negativos que temos. Analisando os dados do TSE, do ponto de vista da representatividade, estas candidaturas não são suficientes para conseguir majorar o número de mulheres e negros na política”, critica.

Receba notícias do Metrópoles no seu Telegram e fique por dentro de tudo! Basta acessar o canal: https://t.me/metropolesurgente.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?