Eduardo Bolsonaro sobre ataque contra Vera Magalhães: “Lamentável”
Deputado estadual Douglas Garcia agrediu verbalmente a jornalista. “Não há justificativa”, disse o filho do presidente
atualizado
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O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) afirmou, nesta quarta-feira (14/9), ser “lamentável” o ataque do deputado estadual Douglas Garcia (Republicanos) à jornalista Vera Magalhães, após debate organizado por Folha, UOL e TV Cultura.
O filho do presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), disse que “não há justificativa para provocar uma jornalista e tentar constrangê-la gratuitamente no seu local de trabalho”.
“Diante disso, reitero que lamento o ocorrido ontem e que considero esse tipo de constrangimento gratuito injustificável. Também peço a todos que observem quem sabe trabalhar em equipe, se dedicar a um projeto maior do que si próprio e buscar resultados sem fazer muito barulho”, escreveu Eduardo, em uma rede social.
Confira:
O que ocorreu ontem após o debate dos candidatos ao Governo de SP é lamentável por muitos motivos. Em primeiro lugar, não há justificativa para provocar uma jornalista e tentar constrangê-la gratuitamente no seu local de trabalho, sem que ela tenha dado qualquer motivo para isso.
— Eduardo Bolsonaro 22.22🇧🇷 (@BolsonaroSP) September 14, 2022
Ninguém constrói nada sozinho na política e essas atitudes inconsequentes visando os holofotes e a auto-promoção, além de erradas em si mesmas, podem pôr a perder um trabalho de meses, reforçar estereótipos e trazer prejuízos para todo um grupo político. Neste caso, a direita.
— Eduardo Bolsonaro 22.22🇧🇷 (@BolsonaroSP) September 14, 2022
Diante disso, reitero que lamento o ocorrido ontem e que considero esse tipo de constrangimento gratuito injustificável. Também peço a todos que observem quem sabe trabalhar em equipe, se dedicar a um projeto maior do que si próprio e buscar resultados sem fazer muito barulho.
— Eduardo Bolsonaro 22.22🇧🇷 (@BolsonaroSP) September 14, 2022
Os ataques à jornalista Vera Magalhães se intensificaram, no entanto, após o pai de Eduardo Bolsonaro hostilizá-la em um debate na Band TV, em 28 de agosto passado. “Você é uma vergonha para o jornalismo brasileiro”, disse o presidente da República.
A mesma frase foi usada repetidas vezes por Douglas Garcia no ataque de ontem.
Apesar de estarem em um mesmo espectro ideológico, Garcia e Eduardo Bolsonaro romperam publicamente, em junho do ano passado. O deputado estadual acusou o filho do presidente de ser acorvardar após o envio de um dossiê antifacista à embaixada dos Estados Unidos e às polícias Civil e Federal.
Entenda
Um debate para o governo de São Paulo, realizado na noite de terça-feira (13/9), acabou marcado por mais um ataque à jornalista Vera Magalhães.
Na imagem, é possível ver e ouvir que Magalhães e Garcia gravam as cenas com celulares e discutem. O deputado a acusa falsamente de receber R$ 500 mil anuais de salário da TV Cultura, quando, na verdade, a própria emissora divulgou o valor de R$ 22 mil mensais.
Garcia repete diversas vezes uma frase dita pelo presidente Jair Bolsonaro em um debate para a Presidência da República: “A senhora é uma vergonha para o jornalismo brasileiro”. Magalhães, que teve de sair escoltada por seguranças do local, repete que já publicou o contracheque, mas o parlamentar nega. Em alguns momentos, o deputado diz que está sendo agredido pela jornalista.
Veja as imagens:
Na madrugada desta quarta-feira (14/9), Vera Magalhães publicou vídeo em que diz ter sido “agredida” por Garcia.
“Eu estava sentada na primeira fileira do debate, local destinado aos jornalistas que iriam fazer perguntas aos candidatos, quando esse senhor se ajoelhou na minha frente, começou a me filmar sem que eu percebesse, me xingar de ‘vergonha do jornalismo’, reproduzindo a fala do presidente Jair Bolsonaro no outro debate, dizendo que eu ganho R$ 500 mil por ano, quando isso não é verdade”, disse.
A profissional repete que o salário é de R$ 22 mil, que o contrato é público e o deputado tem acesso.
“Ele veio mentir novamente, me acossar, me intimidar, achar que com isso vai me calar, vai me deixar ter medo. Isso não é aceitável. O Brasil é uma democracia. Uma democracia pressupõe imprensa livre”, afirmou Magalhães.
A jornalista também lembrou da pergunta feita ao candidato Ciro Gomes no outro debate, em que o presidente teria aproveitado para, segundo ela, a agredir: “Desde então, eu estou sofrendo ataques violentos e virulentos de uma base do bolsonarista autorizada pelo presidente da República. Porque ele me atacou, e essa base se sente autorizada a repetir os ataques”.
Veja o vídeo:
A confusão no debate só terminou quando o diretor de redação da TV Cultura, Leão Serva, tomou o celular do deputado. Em vídeo, o profissional afirmou que agiu desse modo porque o deputado Garcia “já tem uma prática de perseguição” e assédio em relação a Vera Magalhães.
“Ele (Garcia) veio aqui, visivelmente, com a intenção de, como eles dizem, ‘lacrar’”, continuou Serva.
Confira o vídeo:
Confira o momento em que Leão Serva tira o celular da mão do deputado e arremesa:
Ambos afirmaram ter registrado boletim de ocorrência pela situação. “Isso não é aceitável. Isso não configura democracia. Eu tive que sair escoltada por seguranças do Memorial da América Latina. Ele poderia ter me agredido. Não percebi quando ele, de maneira sorrateira e covarde, se aproximou de uma mulher para fazer isso”, acusou a jornalista.
“Questionei a Vera Magalhães sobre o contrato com a TV Cultura, ela perdeu a linha e chamou os seguranças”, apontou o deputado. “A Vera Magalhães está espalhando por aí que eu a agredi. Isso é mentira. Eu vou processar ela e quem divulgar isso por calúnia! Eu apenas a questionei educadamente, mas ela e seus amigos reagiram com agressividade”, postou Garcia em outra publicação.
Tarcísio Gomes de Freitas, candidato apoiado por Douglas Garcia e que participada do debate, divulgou nota em que lamenta e repudia o que ele chama de “agressão sofrida pela jornalista”.
Confira o post:
Lamento profundamente e repudio veementemente a agressão sofrida pela jornalista @veramagalhaes enquanto exercia sua função de jornalista durante o debate de hoje. Essa é uma atitude incompatível c/ a democracia e não condiz c/ o que defendemos em relação ao trabalho da imprensa.
— Tarcísio Gomes de Freitas (@tarcisiogdf) September 14, 2022