Disputa entre PT, PSB e PCdoB se acirra para o Senado em Pernambuco
PCdoB, outra legenda da possível federação em torno de Lula, decidiu também pleitear concorrer ao Senado. PSB espera “primeiro gesto” do PT
atualizado
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O caminho para um acordo entre o PSB e o PT na sucessão ao governo de Pernambuco já se encontra bem mais pavimentado do que uma definição de quem disputará, na base de apoio ao governador Paulo Câmara (PSB), a única vaga ao Senado.
Nas conversas entre as duas legendas que pretendem formar uma federação, acompanhadas do PCdoB e do PV, sobraram demandas pelo Senado. A situação ficou mais tensa após a reunião desta quinta-feira (27/1), na qual a vice-governadora de Pernambuco, Luciana Santos (PCdoB), pleiteou a vaga.
O PT, que já havia concordado em retirar o nome do senador Humberto Costa ao Palácio do Campo das Princesas, bateu o pé e colocou na mesa de negociações que abriu mão da candidatura ao governo para apoiar qualquer nome a ser indicado pelos socialistas, apesar de as pesquisas indicarem preferência do eleitorado para Costa.
Para essa vaga, o partido pensa em dois nomes: o da deputada Marília Arraes, hoje rompida com o PSB, e o do deputado Carlos Veras, atual presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara.
Participaram da reunião desta quinta os presidentes do PSB, Carlos Siqueira, do PT, Gleisi Hoffmann, e do PCdoB, Luciana Santos, além do governador, Paulo Câmara, e do senador Humberto Costa, o deputado federal José Guimarães (PT-CE), e o deputado federal Renildo Calheiros.
Na conversa, Paulo Câmara se comprometeu a apresentar o nome do candidato ao governo do estado na próxima terça-feira (1/2). Com a desistência do ex-prefeito de Recife Geral Júlio de disputar a eleição, o PSB pretende escolher entre dois nomes de sua bancada na Câmara, Tadeu Alencar ou Danilo Cabral, ou o secretário José Neto.
Sobrevivência
O PCdoB já vinha pleiteando disputar o governo do estado, caso Paulo Câmara se lançasse ao Senado, o que não ocorreu.
A legenda, que luta para sobreviver por meio da federação em torno da candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Planalto, hoje apresentou o nome de Luciana, o que deixaria o PT fora da disputa majoritária no estado, caso não aceite a posição de vice.
Fadiga
A retirada de Costa da disputa ao governo do estado em nome de não atrapalhar a aliança nacional em torno da candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva já é um consenso dentro do partido. O anúncio deverá ser feito na próxima semana, quando o PSB pretende apresentar o nome escolhido pela legenda para disputar o cargo.
Durante as negociações, no entanto, o PT procurou deixar claro que sua desistência na disputa ao governo não significa pouca coisa, e valoriza o gesto em nome da união com o PSB em uma federação.
Como pano de fundo de toda a negociação, o partido de Lula apresentou aos participantes do encontro o resultado de uma pesquisa encomendada ao Vox Populi que indica a ampla preferência do eleitorado pernambucano por Costa em todas as comparações com nomes a serem apresentados pelo PSB.
A pesquisa, cujo resultado só poderá ser divulgado nesta sexta (28/1), segundo análise de petistas, indica uma fadiga do eleitor com os governos do PSB no estado, que se sucedem há 16 anos.
Em todos os cenário consultados, de acordo com os petistas, Costa impõe vantagem de mais de 35 pontos percentuais sobre qualquer nome já citado pelo PSB.
Além disso, Costa tem ainda quatro anos de mandato no Senado, portanto, não precisaria concorrer.
É também consenso, no entanto, que, apesar dos resultados das pesquisas, o PT não vai esticar a corda para impor o nome de Costa, mas exigirá a indicação ao Senado.
Siqueira, por sua vez, enfatizou durante o encontro que a desistência de Costa seria o “primeiro gesto do PT em favor do PSB e que, até o momento, não houve nenhum”.