De interventor a vice de Bolsonaro: relembre trajetória de Braga Netto
General do Exército, que foi interventor federal na segurança pública do RJ em 2018, será confirmado vice de Bolsonaro neste domingo (24/7)
atualizado
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O general Walter Braga Netto será confirmado neste domingo (24/7) como vice na chapa de Jair Bolsonaro (PL) à reeleição. Também filiado ao Partido Liberal, Braga Netto estreou na política durante a gestão Bolsonaro, tendo ocupado os cargos de ministro da Casa Civil (de fevereiro de 2020 a março de 2021) e da Defesa (de março de 2021 a abril de 2022). Na sequência, para driblar a legislação eleitoral, ele foi assessor especial do gabinete pessoal da Presidência da República, até o fim de junho.
Na convenção partidária deste domingo, o nome de Braga Netto será homologado pela legenda, mas o general não deverá discursar. Estão previstos pronunciamentos apenas de Bolsonaro e da primeira-dama Michelle Bolsonaro.
Braga Netto nasceu em 11 de março de 1957, em Belo Horizonte (MG). Formado no curso de cavalaria da Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), na turma de 1978, ele alcançou o posto de general de Exército, o mais alto da hierarquia da Força.
O general ganhou projeção nacional em 2018, quando foi alçado pelo então presidente Michel Temer (MDB) para chefiar a intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro, que durou até o início de 2019. A esquerda comumente alega que a intervenção não combateu de maneira eficaz a violência e o crime organizado no estado.
Também foi Comandante Militar do Leste até fevereiro de 2019, quando foi designado para assumir a chefia do Estado-Maior do Exército.
Quando chegou ao governo, críticos atacaram Braga Netto em algumas ocasiões pelo que consideravam “falta de traquejo político”. Na chefia da Casa Civil, ele coordenou as ações do governo federal no primeiro ano da pandemia de Covid-19, atuando em conjunto com o Ministério da Saúde.
Depois de um ano no mais estratégico ministério da Esplanada, foi substituído pelo presidente do PP, Ciro Nogueira. Como prêmio de consolação, foi realocado para o Ministério da Defesa.
No novo posto, sofreu cobranças de parlamentares por posicionamentos das Forças Armadas alinhados ao discurso bolsonarista. Um deles foi relativo à nota assinada por militares com ataques ao presidente da CPI da Covid-19 do Senado, senador Omar Aziz (PSD-AM).
Depois que deixou o ministério, Braga Netto mergulhou no núcleo de campanha à reeleição do presidente e se cacifou para ser designado vice. No núcleo de campanha, que alia políticos experientes do PL e a ala ideológica influente sobre Bolsonaro, há elogios ao general. Segundo o colunista do Metrópoles Igor Gadelha, o discurso é de que Braga Netto atua como “parceiro” do setor de marketing da campanha, principalmente ajudando a convencer Bolsonaro das ideias e propostas apresentadas pela equipe de comunicação.
Desde o início de julho, Braga Netto começou a dar expediente no QG da campanha de Bolsonaro, localizado numa mansão no Lago Sul, área nobre da capital federal.
No comitê, o general tem uma sala reservada para ele e conta com quatro assessores, a maioria de origem militar como ele.
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Mourão escanteado
O chefe do Executivo federal vinha sinalizando, desde o final de 2021, que o atual vice, general Hamilton Mourão, não iria compor a chapa à reeleição. Os dois tiveram uma série de desentendimentos desde o início do mandato, com Bolsonaro chegando a comparar o vice a um cunhado que “atrapalha um pouco, mas tem que aturar”.
Este ano, Mourão deixou o PRTB e se filiou ao Republicanos para disputar a cadeira do Rio Grande do Sul ao Senado, contando com o apoio de Bolsonaro.