Cúpulas de PT e PSB desistem de acordo para governo do RS
Presidentes das duas legendas desistiram de acordo. Decisão libera palanque para Ciro no estado
atualizado
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Nem o apelo feito pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva por uma solução unificada entre PT e PSB foi capaz de fazer com que as candidaturas de Edegar Pretto (PT) e Beto Albuquerque (PSB) chegassem a um consenso para a união em uma só chapa.
Com a falta de consenso, os presidentes do PT e do PSB desistiram de interferir no estado e decidiram deixar todas as decisões sobre as candidaturas a cargo dos diretórios estaduais das duas legendas.
Com isso, o Rio Grande do Sul saiu do rol das negociações que as cúpulas das duas legendas vêm travando para tentar unir nos estados os palanques para a chapa do ex-presidente e de seu pré-candidato a vice, o ex-governdor Geraldo Alckmin (PSB).
Após mais de um mês do pedido de Lula, não houve aperitivo e, muito menos, solução. Com o cristalizado impasse gaúcho, os presidentes do PT, Gleisi Hoffmann, e do PSB, Carlos Siqueira, resolveram cuidar agora somente dos demais estados onde acham possível uma solução, entre eles, São Paulo, Espírito Santo e Rio de Janeiro.
“Gleisi e Siqueira decidiram cuidar do que tem solução”, disse um integrante do PSB, ao Metrópoles.
“Deixamos que eles se resolvam por lá”, confirmou Gleisi Hoffmann.
Constrangimento
A decisão foi tomada em uma reunião na semana passada entre Gleisi e Siqueira.
A disputa por lugar na chapa já havia causado constrangimento durante a viagem de Lula e Alckmin a Porto Alegre, no início de junho.
Na véspera da chegada de Lula, Albuquerque se queixou de não ter sido convidado para os eventos com a chapa nacional, Lula reclamou em público a falta do socialista e ordenou que conversassem.
“Tomem um aperitivo e achem uma solução”, apelou o petista que ainda lamentou chegar ao estado sem ter um candidato ao governo para anunciar.
Apesar disso, não houve, por parte dos petistas e dos socialistas nenhum movimento que tornasse viável a união da centro-esquerda no estado, que seguiram insistindo em serem cabeças de chapa ao Palácio Piratini.
Oportunidade para Ciro
A decisão de não mais interferir no Rio Grande do Sul, no entanto, pode trazer mais prejuizo à campanha petista. Isso porque, a liberação do estado do compromisso nacional aponta apara uma oportunidade de construção de um palanque para Ciro Gomes (PDT). A aliança já vinha sendo ensaiada por Albuquerque durante a pré-campanha, em meio às divergências com o PT.
Há duas semanas, a formação de um palanque para Ciro foi assunto entre Albuquerque e Siqueira, em uma reunião em Brasília. Siqueira contestou a movimentação do gaúcho alegando que dar palanque para o pedetista contrariava a obrigação do PSB, baseada na decisão nacional da legenda de se aliar a quem tivesse mais chances de derrotar o bolsonarismo, ou seja, o PT de Lula.
Na semana passada, porém, Abuquerque se reuniu com Vieira da Cunha, pré-candidato do PDT ao Piratini, com a presença dos dirigentes locais das legendas, Ciro Simoni (PDT) e Mário Bruck (PSB).
Desaviso
Apesar da decisão de não mais influir na chapa gaúcha, políticos locais dizem que não foram avisados da liberação. O presidente do diretório estadual do PT, deputado Paulo Pimenta, informou desconhecer a decisão tomada pela cúpula do partido.
Já o ex-deputado Beto Albuquerque avisou sobre os prejuízos da desunião para Lula, mas não arredou da posição de ser o cabeça de chapa.
“Em um estado onde Lula está perdendo, não se envolver na construção de um entendimento no palanque de governador e dar muita chance para o azar”, disse ao Metrópoles.
Albuquerque ainda apontou a possível desistência do ex-governador de São Paulo Márcio França, que deverá ser anunciada em breve pelos partidos.
“O gesto do Márcio França em SP merece uma reciprocidade aqui no Rio Grande do Sul, onde estou na frente nas pesquisas recorrentemente”, ponderou Albuquerque. Segundo ele, o diálogo com o PDT segue.
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