Com credibilidade em xeque, pesquisas mostram disputa do 2° turno atual mais acirrada do que em 2018
Há quatro anos, Bolsonaro tinha vantagem superior a 10 pontos percentuais sobre Haddad (PT). Hoje, diferença fica entre 6 e 10 pontos
atualizado
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Os candidatos que disputam o 2º turno na eleição para a Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL), estão começando essa parte final da corrida mais próximos um do outro nas pesquisas do que o que ocorreu na última eleição, em 2018, quando o atual presidente venceu Fernando Haddad (PT).
Pressionados e investigados após diferenças grandes entre as pesquisas e os resultados no 1º turno deste ano, os institutos que produzem os levantamentos de intenção de voto se aproximaram mais da apuração oficial no 2º turno da eleição de 2018.
Na eleição passada, quando Bolsonaro e Haddad passaram ao 2º turno, a distância entre os dois nas primeiras pesquisas girava entre 16 e 18 pontos percentuais, segundo Datafolha e Ibope. Hoje, Datafolha e Ipec (ex-Ibope) estimam uma distância entre 6 e 10 pontos percentuais de Lula, o desafiante, para o ocupante do Planalto e candidato à reeleição.
Votação X pesquisas
Em 2018, o mais votado no 1º turno, que foi Bolsonaro, também teve uma distância maior para o segundo colocado do que ocorreu na campanha deste ano. Há quatro anos, Bolsonaro foi ao 2º turno após receber 46,03% dos votos válidos. Haddad, que havia entrado na disputa só em setembro daquele ano, substituindo o barrado Lula, conseguiu 29,28% dos votos válidos.
E a primeira pesquisa Datafolha para o 2º turno daquele ano mostrou Bolsonaro com 58% das intenções de votos válidos e Haddad com 42%. No Ibope em 2018, Bolsonaro largou com 59% e Haddad tinha 41%.
Veja a representação gráfica da trajetória de Bolsonaro e Haddad nas pesquisas Datafolha e Ibope em 2018:
Cenários de 2022
Já este ano, Lula foi o mais votado no 1º turno, ficando com 48,43% dos votos válidos, e Bolsonaro teve 43,20%. E a primeira pesquisa Datafolha para o 2º turno, de 7 de outubro, mostrou Lula com 53% e Bolsonaro com 47%, nos votos válidos. Já o Ipec apurou, em sua primeira pesquisa de 2º turno, em 5 de outubro, 55% para Lula e 45% para Bolsonaro.
Em 2018 a distância encurtou, mas não houve virada
Na história das eleições brasileiras que foram para o 2º turno desde a redemocratização, o candidato que passou em primeiro lugar sempre acabou ganhando.
Em 2018, não foi diferente e Bolsonaro venceu Haddad. A distância entre os dois nas pesquisas, porém, foi se encurtando ao longo da campanha de 2º turno, mas não a ponto de ameaçar o favoritismo de Bolsonaro – e os principais institutos de pesquisa se aproximaram bastante dos resultados das urnas.
O Datafolha apurou, em pesquisa divulgada na véspera da votação naquele ano, Bolsonaro com 55% dos votos válidos e Haddad com 45%. No Ibope, placar estava em 54% a 46%.
Quando os resultados foram apurados, Bolsonaro venceu com 55,13% e Haddad ficou com 44,87%, resultado dentro da margem de erro dos dois institutos.
Institutos de pesquisa em xeque
As discrepâncias entre pesquisas e resultados no 1º turno deste ano, que chegaram a 16 pontos percentuais em alguns casos, colocaram os institutos de pesquisa na mira de eleitores, formadores de opinião, políticos e órgãos de investigação.
Enquanto já tramitam no Congresso Projetos de Lei com o objetivo de punir as empresas que divergem mais dos resultados oficiais, nesta quinta-feira (13/10), o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) abriu um inquérito contra os principais institutos de pesquisas eleitorais — Ipec, Datafolha e Ipespe — por suposta “infração à ordem econômica tipificada”. A PF também abriu investigação para apurar a atuação dos institutos.
Entretanto, também nesta quinta, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, suspendeu o procedimento administrativo aberto pelo Cade, assim como o inquérito da Polícia Federal, para investigar institutos de pesquisa. O ministro chamou os procedimentos de “evidente usurpação da competência” do TSE e apontou “incompetência absoluta” e “ausência de justa causa” da PF e do Cade.
No despacho, o Cade cita ausência de racionalidade frente aos resultados eleitorais, o que indicaria a possibilidade de “suposta conduta coordenada ou colusiva e também de efeitos unilaterais por parte dos institutos”.
No 1º turno, as pesquisas acertaram que Lula ficaria à frente de Bolsonaro na disputa presidencial, mas houve erros sobre o percentual do candidato à reeleição. O Datafolha, por exemplo, divulgado em 1º de outubro, na véspera do pleito, estimou que Lula teria 50% dos votos válidos, enquanto Bolsonaro ficaria com 36%.
A pesquisa Ipec, encomendada pela Globo, também apontou a mesma margem, na véspera da eleição, para ambos os candidatos: Lula (51%) e Bolsonaro (37%). A Ipespe, divulgada na mesma data, registrou Lula com 49%, e Bolsonaro com 35%.
Após a apuração, Lula obteve 48,43% dos votos, e Bolsonaro ficou com 43,20%.