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Com Alckmin, Lula promete “acabar com podridão do orçamento secreto”

Ex-presidente petista participou de congresso do PSB, em Brasília, ao lado de seu pré-candidato a vice e falou em tom de campanha

atualizado

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
1 de 1 O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) adotou de vez o tom de campanha e usou a abertura do 15º Congresso Constituinte da Autorreforma do PSB, na noite desta quinta-feira (28/4), para começar a esboçar um plano de governo.

Muito celebrado pelo público presente no evento, que ocorre em um hotel em Brasília, Lula fez promessas na área econômica, como criar uma linha de crédito para micro e pequenas empresas no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Ao lado de seu pré-candidato a vice, o recém-filiado ao PSB Geraldo Alckmin, Lula também voltou a dizer que pretende “abrasileirar” os preços da Petrobras, ou seja, abandonar a política de paridade com o mercado internacional, adotada no governo de Michel Temer (MDB).

“Vamos reduzir a inflação, aumentar o salário mínimo. Vamos ter, Alckmin, que fazer um milagre para incentivar empreendedorismo neste país”, discursou Lula.

Nesta quinta, o colunista Igor Gadelha, do Metrópoles, revelou que Lula recebeu na quarta-feira (20/4), em São Paulo, o economista Guilherme Benchimol, fundador e dono da XP Investimentos. O investidor teria incentivado o petista a apresentar um discurso com propostas para quem quer empreender no Brasil, público que não costuma ser muito contemplado pelo ex-presidente em suas falas.

Críticas a Bolsonaro

Lula dedicou parte de seu discurso a criticar a gestão do presidente Jair Bolsonaro (PL). “Esse cidadão não preside esse país, preside os milicianos que estão em torno dele”, acusou o petista.

“Temos um presidente que não tem sentimento, que negou a vacina o tempo inteiro, que abusa da vontade do povo brasileiro e é mentiroso. Mente que é religioso. Ele não foi tomar banho no Rio Jordão [em Israel], se banhou no Rio Pinheiros [rio poluído em São Paulo] e tentou enganar a sociedade brasileira”, completou Lula, que também acusou Bolsonaro de ser “capacho do Congresso” e aproveitou para prometer mudar a relação entre Executivo e Legislativo.

“Vamos criar o orçamento participativo, para acabar com essa podridão de orçamento secreto”, ressaltou Lula, que disse que prefeitos já negociam recursos direto com deputados, o que prejudicaria o planejamento de políticas públicas.

Alckmin socialista

Em um de suas primeiras experiências com a militância do PSB, o ex-tucano Geraldo Alckmin, que entrou no partido para ser vice na chapa de Lula, teve recepção um tanto quanto morna, mas foi aplaudido algumas vezes por boa parte do público. “Tô feliz de estar aqui para somar esforços”, disse o ex-governador de São Paulo, que elogiou, em seu discurso, figuras históricas do PSB, como o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos.

A militância socialista aplaudiu a chegada do petista.

Veja:

O congresso do PSB recebeu militantes, ocupantes de mandatos e pré-candidatos da legenda de todas as regiões do país. A bancada federal, com nomes como a deputada federal Tabata Amaral (SP) e Camilo Capiberibe (AP), marcou presença no evento, assim como lideranças nacionais, como o prefeito de Recife, João Campos, e o ex-governador do Maranhão, Flávio Dino.

O congresso dos socialistas teve como tema inspirador a Semana de Arte Moderna de 1922, que faz 100 anos em 2022 e foi celebrada na decoração do auditório, em um hotel de Brasília, e em todo o material de comunicação. A organização do evento entrecortou os discursos políticos com intervenções artísticas, como a apresentação de composições de Heitor Villa-Lobos (1887-1959).

Antes, oficialização da aliança com a Rede

Lula já havia participado, mais cedo nesta quinta, de outro evento político na capital, desta vez para oficializar a adesão da Rede Sustentabilidade a sua pré-candidatura à Presidência. No evento com as lideranças da Rede, Lula lamentou a ausência da fundadora da sigla.

“Eu na verdade esperava que Marina estivesse aqui”, confessou Lula em seu discurso. “Minha relação com ela é muito antiga, é muito grande. Não sei porque, às vezes, ela demonstra momentos de raiva”, declarou o ex-chefe de Marina.

Marina já foi do PT e ocupou o Ministério do Meio Ambiente sob Lula, mas deixou o governo em 2008, após rusgas com a área econômica e com a ex-presidente Dilma Rousseff, então ministra de Minas e Energia. Ela reclamou, na época, de não ter o apoio do petista em suas pautas.

A relação entre a política ambientalista e o PT desandou de vez na campanha presidencial de 2014, quando o marketing petista atacou muito a ex-aliada quando ela subia nas pesquisas.

Num encontro privado entre coordenadores do PT e da Rede antes da celebração pública da aliança, foram discutidas as propostas que deverão ser incorporadas ao programa de governo de Lula.

A Rede pediu ao PT para se comprometer com o combate ao aquecimento causado pela crise climática, uma reforma tributária progressiva e a luta contra a fome, entre outras sugestões.

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