“Carômetro”: Bolsonaro tem mais apoio entre governadores; Lula, entre ex-presidenciáveis
Entre os candidatos eleitos e os que irão disputar o segundo turno, Bolsonaro tem alianças com 17 postulantes, e Lula, 15
atualizado
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Candidatos ao Palácio do Planalto, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) miram no capital político de outros postulantes ao pleito para tentar aumentar os votos no segundo turno. Enquanto o petista lidera os apoios declarados entre os ex-presidenciáveis, o atual mandatário fez mais alianças com governadores.
Simone Tebet (MDB), Ciro Gomes (PDT), Léo Péricles (UP), Sofia Manzano (PCB) e Vera Lúcia (PSTU) declararam que estão alinhados ao ex-presidente Lula na disputa.
Apenas o candidato Padre Kelmon (PTB) declarou apoio ao atual mandatário brasileiro. Os demais postulantes – Soraya Thronicke (União), Eymael (DC) e Felipe D’Ávila (Novo) – se declararam neutros. D’Ávila, porém, foi mais incisivo ao frisar que é contrário ao PT e ao “lulismo”.
Antes da publicação da reportagem, a equipe do presidenciável Padre Kelmon (PTB) afirmou que ainda não iria divulgar o posicionamento do candidato, ao Metrópoles. Entretanto, o candidato divulgou um vídeo, nesta sexta-feira (14/10), pedindo votos a Bolsonaro.
“Não seja omisso! Precisamos nos unir para definir o futuro do nosso país. Vote pelo bem do Brasil, vote Bolsonaro, que Deus nos abençoe”, defendeu.
No primeiro turno, o mandatário do país ficou atrás do petista. Bolsonaro recebeu 51 milhões de votos (43,20% dos votos válidos), enquanto Lula somou 57,2 milhões (48,43%).
Para ampliar o seu palanque eleitoral nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, o presidente Jair Bolsonaro conta com o apoio dos governadores reeleitos Ibaneis Rocha (MDB-DF), Ronaldo Caiado (União-GO), Romeu Zema (Novo-MG) e Cláudio Castro (PL-RJ).
A campanha do ex-presidente Lula fez alianças com governadores do Norte e do Nordeste. Entre os principais aliados do petista, estão Helder Barbalho (MDB-PA), Fátima Bezerra (PT-RN) e Carlos Brandão (PSB-MA).
Entre os candidatos que disputam o segundo turno das eleições estaduais, Lula e Bolsonaro polarizaram no Espírito Santo, São Paulo e Santa Catarina.
No maior colégio eleitoral do Brasil, o ex-presidente Lula conta com o apoio do seu ex-ministro da Educação Fernando Haddad (PT-SP), e Bolsonaro tem o auxílio de Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP).
Em Santa Catarina, a disputa para ocupar o Palácio Cruz e Sousa está entre Décio Lima (PT-SC) e Jorginho Mello (PL-SC), o único estado da Federação em que os dois candidatos ao governo são dos mesmos partidos dos presidenciáveis.
Apenas cinco postulantes que foram ao segundo turno nos estados não anunciaram voto em nenhum dos dois nomes para a Presidência da República. São eles: Eduardo Leite (PSDB-RS) — declarado neutro; ACM Neto (União-BA); Pedro Cunha Lima (PSDB-PB); Rodrigo Cunha (União Brasil-AL); e Raquel Lyra (PSDB-PE), que não se posicionaram publicamente sobre o assunto.
Veja na tabela o apoio dos governadores eleitos:
Apadrinhados e a herança de votos
Professor de ciência política da Fundação Getulio Vargas (FGV), Marco Teixeira avalia que alguns candidatos aos governos estaduais não escolheram lado na disputa presidencial para não se indisporem com os seus eleitores e o eventual vencedor na corrida ao Planalto.
“A candidata Raquel Lyra (PSDB), por exemplo, não irá declarar apoio por causa da polaridade do Lula em Pernambuco, onde muitos eleitores que votam no Lula podem também votar nela”, explica.
Diferentemente de Pernambuco, Teixeira analisa que os candidatos ao governo de São Paulo contam com a ajuda dos seus padrinhos para ganhar a disputa eleitoral no estado. Tarcísio tem a ajuda de Bolsonaro, e Haddad, de Lula.
“Temos, dependendo do lugar, eleições totalmente nacionalizadas. São Paulo, por exemplo, está totalmente nacionalizada, e ambos os candidatos dependem dos seus padrinhos para ter chance de vitória”, acrescenta o professor da FGV.
A analista política Islane Alcântara pontua que o apoio dos governadores aos presidenciáveis se mostra muito mais efetivo na conquista de votos nos estados do que as alianças feitas com candidatos derrotados no primeiro turno.
“Sem dúvida um governador que tem a máquina na mão, sejam aqueles que foram reeleitos ou que ainda estão com mandato, tem capacidade de apoiar a campanha usando a máquina pública e abrindo palanques locais para os candidatos à Presidência, algo que um presidenciável não tem”, avalia Islane Alcântara.
Para o coordenador de pós-graduação em relações institucionais e governamentais do Mackenzie de Brasília, Marcio Coimbra, os eleitores de Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB) representam um voto de insatisfação com o atual cenário do Brasil. Para Coimbra, há chances reais de Lula herdar os votos dos seus apoiadores.
“No caso do Ciro Gomes, seu eleitorado é mais independente, ele não vai muito guiado pelo que diz o próprio Ciro. Mas no caso dos eleitores da Simone Tebet, por ela ter feito uma campanha que foi muito elogiada e muito consistente, a tendência é que sigam a sua indicação”, assinala Coimbra.