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Candidatos declaram ao menos R$ 385 mil em pistolas, rifles e fuzis

Dezoito candidatos afirmaram ter ao menos uma arma de fogo. Dois deles declararam ao TSE mais de R$ 100 mil em armamentos

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Dezoito candidatos nas eleições deste ano declararam à Justiça Eleitoral pelo menos R$ 386,3 mil em armas de fogo. São pistolas, revólveres, espingardas, rifles e até mesmo fuzis, que estão nas mãos de advogados, empresários, policiais e ex-policiais, além de uma médica, um deputado e um agropecuarista.

O valor é três vezes maior que o declarado nas eleições federais de 2018, quando cinco candidatos afirmaram ter R$ 118,6 mil em armas de fogo.

O levantamento foi feito pelo Metrópoles com base em dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) coletados na sexta-feira (2/9). Na seleção, a reportagem considerou os seguintes termos: arma de fogo, armas de fogo, revólver, pistola, espingarda, carabina, fuzil, metralhadora, escopeta, rifle, mosquetão, Magnum, Glock, Taurus, Rossi, CBC e Imbel, e suas variações.

Hoje, a lei eleitoral não define o que deve ser declarado, mas alguns candidatos chegam a especificar até mesmo o tipo de arma.

Postulante a deputado estadual de Minas Gerais pelo PP, o mesmo partido do presidente Jair Bolsonaro, o empresário e caçador Mario Knichalla lidera o ranking deste ano, com R$ 150 mil em armamentos, o equivalente a 17% do patrimônio total dele, de R$ 890 mil.

Knichalla não detalhou quantas e quais armas possui. Disse apenas ter R$ 150 mil em “armas de fogo”. Ao Metrópoles ele explicou ter se recusado a informar detalhes do patrimônio por questões de segurança.

“Tenho muitas armas na análise de quem não gosta de armas. Mas tenho menos hoje do que vou ter amanhã”, diz.

“Eu trabalho com isso [armas de fogo]. Tenho que ter uma pistola, um revólver, um fuzil, um modelo ou outro, para mostrar, dar treinamento. É meu trabalho”, acrescenta o candidato.

Knichalla é dono da Loja do Caçador e do canal no YouTube Canil do Caçador, com quase 1 milhão de inscritos. O perfil é dedicado “aos amantes da caça com armas e especialmente com cães e faca”.

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Redes sociais do candidato Mario Knichalla, do canal Canil do Caçador
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Além de caçador, Knichalla se diz cristão, conservador e ProArmas – grupo armamentista que oferece apoio a candidatos em troca de cargos. “Tenho lutado a mais de 10 anos por respeito à nossa cultura e pelo direito de defesa do cidadão de bem”, afirma o mineiro.

Candidato a deputado distrital pelo MDB, Tabanez ocupa o segundo no ranking. Ele declarou ter R$ 128,5 mil em armas de fogo, sendo 11 pistolas, três revólveres, três espingardas, um rifle e sete carabinas/fuzis.

É tanta arma que o emedebista confessou ao Metrópoles não saber de cor quantas tem.

“Eu coleciono armas de fogo. Sou CAC, policial civil aposentado, instrutor de tiro e fundador de um dos primeiros clubes de tiro do Distrito Federal, em 2009”, ressalta Tabanez, em conversa por telefone.

Para o candidato, é preciso ser um cidadão de bem para ter uma arma de fogo.

Se eleito deputado distrital, Tabanez afirmou não ter competência para legislar junto à flexibilização da posse e do porte de arma de fogo, mas assegurou que irá trabalhar em prol dos clubes de tiro do Distrito Federal. Hoje a capital federal tem 34 clubes de tiro, segundo dados do Exército Brasileiro.

Em 2018, o ex-policial foi eleito suplente de deputado distrital. Ele chegou a assumir o mandato por 18 dias, ainda neste ano, na Câmara Legislativa (CLDF).

Nesse período, apresentou oito projetos de lei (PL) que reconheciam diversos clubes de tiros da capital como de “relevante interesse cultural, social e econômico do DF”. Todas essas proposições foram derrubadas.

Armas de fogo

Uma vez que a lei eleitoral não especifica o que deve ser detalhado na declaração, a quantidade de armas de fogo nas mãos de candidatos pode estar subestimada.

No entanto, o levantamento reflete o que tem acontecido no restante do país. Dados obtidos pelos institutos Igarapé e Sou da Paz, por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI), apontam que o número de armas de fogo nas mãos dos caçadores, atiradores e colecionadores (CACs) atingiu a marca de 1 milhão no Brasil. A informação foi divulgada na quarta-feira (31/8).

De acordo com a pesquisa, durante a gestão do presidente Bolsonaro, entre 2019 e 2022, o aumento de armas nas mãos dos CACs foi de 187% em relação a 2018.

Atualmente, o país registra 1.006.725 unidades, até julho deste ano, ante 350.683 em 2018.

Todo o arsenal registrado está dividido entre 673,8 mil CACs, segundo registros militares. São, aproximadamente, 15 armas para cada colecionador, atirador ou caçador no Brasil. Os CACs podem ter até 60 armas, o que inclui 30 de uso restrito, como fuzis. Eles também têm autorização para comprar 180 mil balas ao ano.

No país, cerca de 449 pessoas conseguem a licença para usar armas a cada 24 horas.

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