Bolsonaro volta a questionar segurança da urna: “Escalada autoritária”
Bolsonaro também voltou a mencionar a participação das Forças Armadas no pleito, afirmando que com os militares há mais segurança
atualizado
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Às vésperas de atos pelo 7 de Setembro, o presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a duvidar da credibilidade das urnas eletrônicas, dizendo que acredita “100%” apenas nos equipamentos que possuem impressão. O candidato à reeleição também voltou a mencionar a participação das Forças Armadas no pleito.
“Aceitando propostas das Forças Armadas, as chances de fraude chegam próximas a zero. Se tem sistema de segurança para sua casa, você vai aceitar ou não? Por que outros países não adotam esse sistema? Não podemos mais questionar? […] Onde vai chegar essa escalada autoritária?”, disse Bolsonaro durante entrevista à Jovem Pan.
Depois de superado o imbróglio acerca do voto impresso, que foi derrubado na Câmara dos Deputados em agosto de 2021, a Corte Eleitoral decidiu convidar as Forças Armadas para participar de uma comissão de transparência sobre as eleições deste ano.
Órgão vinculado ao tribunal eleitoral, a Comissão de Transparência das Eleições (CTE) foi criada em setembro de 2021, com o intuito de ampliar a transparência e a segurança de todas as etapas de preparação e realização das eleições. Instituída pelo presidente da Corte – à época, Luís Roberto Barroso –, a CTE teve seus membros nomeados por meio da Portaria TSE nº 578/2021.
Desde a instauração da comissão, os militares realizaram inspeções, com o aval dos ministros da Corte Eleitoral, para atestar a segurança das urnas. Bolsonaro, no entanto, reforça a tônica de que os aparelhos só serão 100% seguros, se emitirem o “comprovante” do voto de cada cidadão.
“Eleições limpas e transparentes não devem ser questionadas em lugar nenhum. Quanto eu confio de 0 a 10 nas urnas? Confio ’10’ no Paraguai, na Colômbia, Chile, França, que é o voto no papel. No resto, a gente tem que ficar preocupado. […] Eu no início apoiei o voto eletrônico, depois o voto impresso”, disse Bolsonaro.
“Parlamentares como Simone Tebet, Roberto Requião, Ciro Gomes já defenderam voto impresso. Agora, eu que estou errado? Quero transparência”, continuou.
Sugestão acatada
Uma das sugestões feitas pelas Forças Armadas, o uso de biometria de eleitores em teste de integridade das urnas, deverá ser aplicado já nas eleições de outubro. O representante do Ministério da Defesa, general Rodrigo Vergara, afirmou na sexta-feira (2/9), que, inclusive, há um projeto-piloto.
Segundo Vergara, a sugestão das Forças Armadas foi acatada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), após reunião entre o ministro Alexandre de Moraes e o ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira.
A expectativa, afirmou Vergara, é que o projeto-piloto seja aplicado em uma amostragem dentro de 600 urnas, em outubro.
O teste de integridade ocorre desde 2002 e funciona como um mecanismo de auditoria ao simular uma votação normal. A auditoria não tem participação de eleitores. Na prática, o objetivo é verificar se o voto depositado é o mesmo que a urna eletrônica registra. Após a reunião com Nogueira, o TSE divulgou uma nota em que tratou o projeto-piloto complementar como “possibilidade”.
“Também foi reafirmado que haverá a divulgação de todos os BUs (Boletins de Urna) pelo TSE, possibilitando a conferência e totalização dos resultados eleitorais pelos partidos políticos e entidades independentes”, assinalou a Corte Eleitoral.
No mesmo dia, o TSE concluiu mais uma etapa para garantir a segurança e a inviolabilidade dos dados das urnas eletrônicas: a lacração dos sistemas. Além disso, o presidente do TSE, Alexandre de Moraes, e outros representantes da Justiça Eleitoral assinaram o programa digital.