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Bolsonaro diz que dobrar área indígena é o “fim do agronegócio”

Presidente e candidato à reeleição criticou possibilidade de expansão da demarcação, que pode ocorrer com aprovação do novo marco temporal

atualizado

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Marcos Corrêa/PR
Bolsonaro com índios
1 de 1 Bolsonaro com índios - Foto: Marcos Corrêa/PR

O presidente da República e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), criticou, na manhã desta terça-feira (13/9), alteração no marco temporal pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A mudança, segundo o mandatário, pode dobrar a quantidade de terras indígenas no Brasil.

“A preocupação é com o fim do agronegócio no Brasil. É o fim da nossa segurança alimentar e o fim da nossa economia do campo”, iniciou Bolsonaro em entrevista antes de motociata em Sorocaba (SP). Acompanharam a agenda os seguintes candidatos: Tarcísio de Freitas (Republicanos), postulante ao governo de São Paulo, Marcos Pontes (PL), candidato ao Senado Federal, e Frederick Wassef (PL), aspirante à Câmara dos Deputados.

O marco temporal é uma interpretação defendida por ruralistas e grupos interessados na exploração econômica das áreas indígenas que restringe os direitos constitucionais dos povos originários. O governo federal é favorável.

De acordo com a tese, essa população só teria direito à terra se estivesse sob sua posse no dia 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição Federal. Uma alteração nessa regra, em análise no Supremo, pode estender o direito dos povos indígenas sobre os territórios.

Bolsonaro reconheceu que o tema “pouco agrega no tocante a votos”. Entretanto, disse que “o pessoal tem de ver o que os candidatos pretendem fazer e falam de forma bastante clara”.

“Dobrar a área indígena que está demarcada no Brasil é o fim da nossa economia, o fim da nossa segurança alimentar. Todos nós defendemos a questão ambiental”, afirmou o titular do Palácio do Planalto.

Segundo o mandatário, dependendo de quem governar o país no futuro, “poderemos ter um retrocesso aí e mergulhar o Brasil no obscurantismo”.

Veja vídeos do ato:

Principal adversário de Bolsonaro na disputa, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem defendido a reivindicação dos povos indígenas e feito sinalizações em direção aos indígenas.

Em abril, o petista prometeu a criação do Ministério das Questões Indígenas. Já neste mês de setembro, defendeu a possibilidade de que o presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai) seja de origem indígena.

Entenda o marco temporal

Em 2013, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) acolheu a tese do marco temporal ao conceder ao Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina (antiga Fundação de Amparo Tecnológico ao Meio Ambiente – Fatma) reintegração de posse de uma área que está em parte da Reserva Biológica do Sassafrás, onde fica a Terra Indígena Ibirama LaKlãnõ. Lá, vivem os povos xokleng, guarani e kaingang.

Em 2019, o STF deu status de “repercussão geral” ao processo – isso significa que a decisão tomada nesse caso servirá de diretriz para a gestão federal e todas as instâncias da Justiça no que diz respeito aos procedimentos demarcatórios. A pauta é considerada o julgamento do século para os povos indígenas.

O STF julga recurso da Fundação Nacional do Índio (Funai) que questiona a decisão do TRF-4.

O caso começou a ser julgado no dia 11 de junho de 2021, mas foi interrompido quando o ministro Alexandre de Moraes pediu vista. O relator, ministro Edson Fachin, proferiu seu voto contrário à demarcação do marco temporal.

Segundo Fachin, “a proteção constitucional aos direitos originários sobre as terras que (os indígenas) tradicionalmente ocupam independe da existência de um marco temporal em 5 de outubro de 1988 (data da promulgação da Constituição), porquanto não há fundamento no estabelecimento de qualquer marco temporal”.

A análise do caso já foi adiada em ao menos três ocasiões, frustrando as expectativas dos indígenas.

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