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Bolsonaro acusa Lula de querer revogar heranças; proposta não existe

Segundo Bolsonaro, o PT defende que as heranças passem para o Estado, mas o partido não apresentou propostas nessa linha

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1 de 1 foto-bolsonaro-areas-rurais-df - Foto: Matheus Veloso/Metrópoles

O presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), visitou, na tarde desta segunda-feira (24/10), assentamentos no Distrito Federal, com a presença de ex-integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

Em discurso a lideranças dos acampamentos, o presidente acusou a esquerda de relativizar a propriedade privada e afirmou que o adversário, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), defende o não direito à herança. A fala, porém, não condiz com os fatos. No programa de governo apresentado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não há menção à questão do direito à herança.

“Essa turma da esquerda, PT, PCdoB, PSol, não querem, não admitem a propriedade privada. Deixo claro, história, por ocasião da Constituinte: Lula tinha duas coisas para não assinar a Constituinte: uma que ele queria que os militares perdessem poder e outra coisa importante, ele não admitia a propriedade privada como foi colocada na Constituição. A esquerda sempre relativizou a propriedade privada”, disse Bolsonaro.

Em seguida, ele negou que o partido adversário tenha apresentado programa de governo, o que também não é verdade.

“Pode ver, o PT não apresentou programa de governo, porque uma das suas propostas é a questão do não direito à herança. A pessoa morre e não fica com os filhos, fica com o Estado a sua propriedade. E eles não apresentaram a proposta de governo porque tem muita coisa que querem colocar no Brasil sem ter o compromisso de lá na frente voltar atrás.”

Como mostrado pelo projeto Comprova, c do qual o Metrópoles faz parte, o plano de governo da chapa Lula-Alckmin está disponível no site Divulgacand Contas, do TSE, e versa sobre “Diretrizes para o Programa de Reconstrução e Transformação do Brasil”.

Nele, os signatários assumem compromissos em áreas como saúde, educação, justiça social, inclusão, trabalho, emprego, renda e segurança alimentar. O documento também foi disponibilizado no site oficial de Lula. Ao todo, o documento conta com 121 tópicos, distribuídos em 20 páginas.

Uma pesquisa pelo termo “herança” e similares no documento em questão não traz retornos. O documento foi disponibilizado em agosto deste ano e é assinado pela Coligação Brasil da Esperança que, além do PT, conta com as seguintes legendas: PSB, PCdoB, PV, PSol, Rede, Solidariedade, Avante e Agir.

Apesar da divulgação, Lula foi criticado por só ter tornado público uma versão não detalhada do plano de governo. O cronograma inicial da campanha do petista era apresentar outro documento de 50 páginas que especificaria melhor algumas propostas. No entanto, de acordo com o G1, a equipe de Lula decidiu não divulgar a versão final do programa para evitar polêmicas que poderiam ser usadas contra ele.

Questionada sobre a alegação feita no vídeo checado, a assessoria de Lula informou que se trata de “uma mentira deslavada” e acrescentou que opositores do petista “vêm inventando mentiras em série para tentar esconder o desastre social e econômico do governo Bolsonaro”.

Titulação de terras e votação

Na mesma agenda, Bolsonaro ainda defendeu a titulação de terras como forma de dar dignidade às pessoas e relacionou a medida a um percentual maior de votos.

“A titulação trouxe dignidade, vamos continuar. Esse pessoal em que assentamos, temos certeza, vamos ver a votação lá. As seções de maior votação nossa foi dentro de antigo assentamento do MST. Ninguém obrigou votar em mim, ninguém foi lá para cobrar voto. Não existe satisfação maior, nesse acampamento, neste assentamento, a gente ver descer a bandeira vermelha do MST e subir a verde e amarela”, destacou Bolsonaro.

A visita de Bolsonaro aos acampamentos rurais Nova Jerusalém e Leão de Judá, às margens da BR-060, na zona rural de Samambaia (DF), ocorre um dia após a realização de evento coordenado pela senadora eleita Damares Alves (Republicanos-DF) e a vice-governadora eleita do DF, Celina Leão (PP). No domingo (23/10), elas encorajaram os cidadãos que pedem moradia a apoiarem Bolsonaro.

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