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Áudio: ex-prefeito diz que vai fechar empresa se Lula ganhar eleição

Ministério Público do Trabalho entrou com ação contra empresário por ele ter coagido os funcionários a apoiar Bolsonaro

atualizado

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eronildo ex prefeito porangatu
1 de 1 eronildo ex prefeito porangatu - Foto: Reprodução/Instagram

Um ex-prefeito e empresário de Porangatu, na região norte de Goiás, responde a um processo na Justiça após coagir funcionários a votar para a reeleição do presidente da República, Jair Messias Bolsonaro (PL). O Ministério Público do Trabalho (MPT) entrou com uma ação contra ele.

Em áudio enviado por WhatsApp, Eronildo Lopes Valadares (foto em destaque) disse que vai fechar a empresa se o candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vencer a eleição presidencial. Ele tem cerca de 30 funcionários em uma empresa de construção civil, além de uma fazenda.

Ouça o áudio:

“Eu falei e já anunciei para todos os funcionários meu: dia primeiro, a empresa minha vai tá uma faixa nela liquidação de estoque e vai fechar a empresa. Se o Lula ganhar, vai fechar a empresa. Então, os funcionários estão todos preocupados, buscando cada um vê se convence uma pessoa da família e é isso que nós temo que tá falando (sic)”, disse o ex-prefeito na gravação.

Boicote a petistas

Eronildo também fala que vai boicotar fornecedores que apoiam Lula. “O dono da empresa PT, eu não compro”, afirmou. A esposa dele, Vanuza Valadares (Pode), é a atual prefeita de Porangatu. Ele também chega a sugerir que os empregados vão ter de procurar vaga de emprego com “pessoal do PT”.

“Nós temos que mostrar pra eles o seguinte: se eles querem o emprego dele, que dê valor em quem arruma emprego pra ele, em quem dá oportunidade pra eles trabalharem. Senão eles vão ter que procurar o pessoal do PT lá pra arrumar emprego, né?”, questionou o empresário em outro trecho da gravação.

Ação na Justiça

Ao tomar conhecimento do áudio, o procurador do trabalho Tiago Ranieri entrou com uma ação contra Eronildo. Ele pediu que o empresário seja multado em R$ 100 mil por assédio moral e abuso do poder diretivo.

“Houve, portanto, flagrante afronta ao livre exercício da cidadania e, também, à dignidade da pessoa humana, restando configurado o assédio, passível de indenização por dano moral, para compensar/reparar as irregularidades, bem como para se evitar que novas infrações ocorram”, escreveu o procurador na ação do MPT.

A juíza do trabalho Carolina de Jesus Nunes determinou liminarmente, nesta quarta-feira (12/10), que o empresário deve divulgar um comunicado deixando claro para “os empregados quanto ao seu direito de escolher livremente candidatos a cargos eletivos, bem como quanto à ilegalidade de coagir, intimidar, admoestar e/ou influenciar o voto de seus empregados com abuso de poder diretivo”.

Os avisos devem ser fixados em todas as unidades da empresa no prazo de 24h após intimação. Se não obedecer a decisão, o empresário deve pagar multa de R$ 45 mil.

Liberdade de expressão

O Metrópoles entrou em contato com o ex-prefeito, que enviou uma nota de esclarecimento, na qual negou ter obrigado qualquer funcionário da empresa a votar em Bolsonaro. O áudio foi publicado em um grupo fechado da associação comercial de Porangatu.

Eronildo defendeu que fez apenas uso da sua “liberdade de expressão” e que, em nenhum momento, violou qualquer direito individual de escolha. No entanto, ele acrescentou que “tem a obrigação de antecipar e alertar todos que comigo trabalham sobre potenciais riscos que podem interferir fortemente em nossos negócios, levando, inclusive, ao fechamento de empresas e desempregos”.

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