Após desistência de Doria, Aécio insiste em candidatura tucana própria
Deputado mineiro lidera ala tucana que insiste em indicar outro nome da sigla para a chapa presidencial – e não apoiar Simone Tebet, do MDB
atualizado
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A desistência pública do ex-governador paulista João Doria de seu projeto presidencial não pacificou a terceira via e sequer o PSDB. A cúpula tucana esperava que o movimento de Doria abrisse o espaço necessário para que o partido se aliasse oficialmente ao Cidadania e ao MDB em torno do nome da senadora emedebista Simone Tebet, mas o deputado federal Aécio Neves (PSDB) está protagonizando uma tentativa de ressuscitar uma pré-candidatura tucana própria à Presidência.
Aécio sempre se colocou como opositor interno de Doria e vinha defendendo a indicação do ex-governador gaúcho Eduardo Leite para a cabeça de chapa, apesar de Doria ter ficado à frente de Leite em prévias do PSDB, que custaram R$ 12 milhões para serem realizadas.
“A decisão do ex-governador João Doria de afastar-se da disputa presidencial obriga o PSDB a reabrir a discussão sobre como vamos enfrentar as próximas eleições”, avaliou Aécio, em nota divulgada no início da noite desta segunda-feira (23/5). “Continuo defendendo, como sempre fiz, que tenhamos candidatura própria. A partir da decisão do ex-governador paulista, o partido está em condições de analisar outros nomes da nossa legenda que possam liderar não só o PSDB, mas também importantes setores do centro democrático, nesse momento grave da vida nacional”, continua o texto.
Diante do novo campo de batalha aberto com a desistência de Doria, o presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo, desmarcou reunião da Executiva do partido que estava prevista para esta terça-feira (24/5), evitando dar palco para a disputa interna.
Aécio lamentou o adiamento do encontro tucano. “Espero que possamos nos reunir o mais rapidamente possível para debatermos de forma clara e democrática os caminhos para o nosso futuro. O PSDB nunca teve dono e não será agora, nesse momento grave da vida nacional, que terá”, escreveu ele, na nota.
Único caminho
“É hora de aproveitarmos esses últimos acontecimentos para reconstruirmos a unidade do PSDB em torno do único caminho que permitirá que o partido continue a cumprir sua trajetória em defesa do Brasil, ou seja, com uma candidatura própria à Presidência da República”, conclui o mineiro.
Apesar do cancelamento da reunião dos tucanos, a Executiva Nacional do MDB vai se reunir e, caso se confirme a pré-candidatura de Simone Tebet, os tucanos que se opõem à ideia de Aécio, de uma candidatura própria do partido, devem voltar a pressionar pela adesão do partido ao projeto da terceira via.
“Merece respeito”
De volta ao tabuleiro, Eduardo Leite não fez movimentações públicas para voltar a tentar uma pré-candidatura a presidente e apenas cumprimentou Doria por seu “gesto pela unificação da terceira via sob liderança de outro partido”.
Mais cedo, o colunista Guilherme Amado, do Metrópoles, registrou que Eduardo Leite já sabia que a cúpula tucana não apoiaria a candidatura de João Doria ao Planalto. E que isso poderia resultar na desistência do ex-governador paulista, fato que ocorreu nesta segunda.
Segundo Amado, a carta que Leite fez em abril, em que disse que não tentaria mais ser o candidato tucano à Presidência, foi uma forma de tentar fazer com que a culpa pela falta de apoio do partido a Doria não recaísse sobre ele.
Acordo por candidatura única
Diante do aumento do ruído, Bruno Araújo usou as redes sociais na noite desta segunda para lembrar que “o PSDB tem um acordo político em torno de uma candidatura única” com Cidadania e MDB. “Qualquer outra discussão é um desserviço à verdade dos fatos, desrespeito às reiteradas decisão coletivas e, mais grave, ao país”, escreveu ele. Veja a postagem:
A grandeza da decisão do governador João Dória aumenta a responsabilidade de todos nós.
— Bruno Araújo (@BrunoAraujo456) May 23, 2022
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