Aborto, drogas, armas: veja o que presidenciáveis dizem sobre temas polêmicos
Saiba como os quatro principais candidatos se posicionam em relação a discussões polêmicas que rodearam a corrida eleitoral
atualizado
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Temas polêmicos como aborto, legalização de drogas e flexibilização de leis sobre a posse de armas estiveram presentes durante toda a campanha dos presidenciáveis. Entre trocas de acusações e defesa taxativa de propostas, os candidatos não fugiram de assuntos controversos.
Em busca da consolidar o voto do público conservador e religioso, o candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) tem tido uma posição bem definida sobre os assuntos. O atual presidente da República costuma atacar seus adversários e repetir que defende a família tradicional e é contra o aborto e a ideologia de gênero.
Após ser criticado por dizer que mulheres ricas abortam “em clínicas de Paris ou Berlim”, e as pobres “cutucam o útero com agulhas de crochê”, o ex-presidente Lula veio a público dizer que é pessoalmente contra o aborto. O petista, no entanto, declarou que o tema deveria ser “transformado em uma questão de saúde pública e todo mundo ter direito e não vergonha”.
Já Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB), nomes que se apresentam como uma “terceira via” à disputa Lula x Bolsonaro na corrida presidencial, têm mantido uma posição moderada frente aos temas.
Veja o que disseram os quatro principais candidatos em relação a discussões polêmicas que rodearam a corrida eleitoral:
Aborto
De forma geral, os candidatos dizem ser contra a legalização do aborto. O presidenciável que costuma citar a pauta com mais frequência é Bolsonaro. Ele promete usar como critério para escolha de ministros do STF a posição em relação ao aborto.
Neste ano, o presidente se envolveu em uma polêmica, quando citou o caso da menina de 11 anos, que teve direito ao aborto concedido após ter sido estuprada. “A única certeza sobre a tragédia da menina grávida de 7 meses é que tanto ela quanto o bebê foram vítimas, almas inocentes, vidas que não deveriam pagar pelo que não são culpadas, mas ser protegidas do meio que vivem, da dor do trauma e do assédio maligno de grupos pró-aborto”, escreveu na ocasião.
Lula, apesar de ter um discurso mais progressista, também já declarou ser contra a interrupção da gestação. Mesmo afirmando que o tema deveria ser tratado como uma questão de saúde pública antes do início da campanha, o petista disse que, pessoalmente, é contra o aborto.
O pedetista Ciro Gomes já disse em diversas ocasiões que o assunto não é de competência do presidente. Na última quarta-feira (21/9), o candidato declarou que a discussão sobre aborto está relacionada a “esquerdismo infantil” que “dispersa nosso povo” e é um assunto “que não tem centralidade na vida do nosso povo”.
Única candidata mulher entre os quatro principais da corrida, Simone Tebet (MDB) declarou no último debate que é contra o aborto. A emedebista foi questionada em relação ao posicionamento por Padre Kelmon (PTB), que afirmou que todas as feministas “defendem o aborto incondicionalmente”
“Eu sou católica, padre. Lamento a sua visão seletiva. Eu sou contra o aborto, e isso não me faz menos feminista. Eu defendo a vida”, disse Tebet.
Legalização de drogas
Um dos elementos constantes nos discursos em comícios, debates e sabatinas de Bolsonaro é a oposição à legalização das drogas. Durante a campanha, o candidato afirmou que o tema não será sequer discutido caso seja reeleito, e que a liberação das drogas seria “uma desgraça para o país”.
Enquanto isso, Lula defende uma “nova política sobre as drogas”, que substitua o atual modelo “bélico” de combate ao tráfico por estratégias que privilegiem a “investigação” e a “inteligência”. O candidato, no entanto, não expôs qual seu posicionamento em relação à legalização da maconha medicinal ou recreativa.
Nas eleições deste ano, Ciro não falou sobre a liberação do uso da cannabis. Já em 2018, quando também se candidatou, o pedebista argumentou que “é preciso descriminalizar o uso, mas pesar a mão no tráfico”. “Quanto à legalização, por outro lado, as experiências não funcionaram”, defendeu.
Simone Tebet se diz contra a liberação das drogas. “Acho que o Brasil não está preparado para legalizar drogas, acho que temos problemas seríssimos. Acho que a sociedade não quer, falando da maioria absoluta”, disse Tebet ao Flow podcast no início deste ano.
Por outro lado, sua vice, Mara Gabrilli, já afirmou que tem como um dos objetivos analisar o potencial da cannabis para fins medicinais. A senadora quebrou o pescoço há 25 anos e usou remédio a base de canabidiol em seu tratamento.
Armas
A armamentação da população foi um dos principais temas da campanha e do governo de Bolsonaro. Durante sua gestão, o mandatário flexibilizou regras sobre armas de fogo no país. Parte das decisões, no entanto, foi derrubada pelo STF em função do período de campanha.
Lula, por outro lado, defende a posse de armas por donos de fazendas, desde que seja limitada, e critica o discurso de Bolsonaro. “Essa liberação alucinada de armas para favorecer quem? O que o Bolsonaro e o filho dele dizem? É o mesmo discurso que Chávez fazia. O povo não precisa de arma, precisa de trabalho, de salário, de educação. A gente vai discutir porque é preciso ter um controle. Você não pode deixar a sociedade armada do jeito que está”, afirmou o ex-presidente na última terça-feira (20/9).
A posição também é defendida por Ciro Gomes, que promete revogar os decretos de Bolsonaro. Segundo o candidato, a flexibilização das regras facilita o acesso de criminosos a armamentos. Ele ressalta, no entanto, que o direito deve ser mantido para pessoas que moram em locais isolados.
Na última semana, Simone Tebet defendeu que “arma é só na mão da polícia”, mas indicou que manterá “as exceções garantidas em lei”. “O cidadão comum tem que ser protegido, e casos excepcionais já têm, pela legislação, o direito à comercialização ao porte e à posse de arma. Mas isso é apenas a exceção e tem que continuar assim”, completou.