A pedido do agro, PT quer estímulo a carros híbridos álcool/elétricos
A campanha petista estuda a viabilidade de se incentivar carros movidos a álcool e elétricos para tornar a indústria mais sustentável
atualizado
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Além de acertar uma agenda de campanha que inclui eventos próprios, sem a participação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em reunião na última semana com a equipe econômica do PT, o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB), vice na chapa petista, tomou conhecimento e ajudou a formatar uma série de propostas que devem ser defendidas durante a campanha e compor o programa para um eventual governo.
Um dos pontos refere-se com à retomada de obras paradas, como primeiro passo para recuperar o investimento estatal e começar a movimentar a recuperação de empregos.
O presidente da Fundação Perseu Abramo, Aloizio Mercadante, que é responsável pela construção do programa de governo da campanha petista, disse que o partido já trabalha em um levantamento dessas obras.
“Teremos um diagnóstico bem detalhado de todas as obras paradas. Quanto custa? Onde estão? Qual é o ministério? Isso é fundamental para um processo de alavancagem de investimento”, disse Mercadante, ao Metrópoles, sobre um dos assuntos discutidos com o ex-governador.
Agro
Alckmin já levou para a reunião demandas do agronegócio. Uma delas refere-se à recuperação de investimentos em alternativas de combustíveis, como o álcool. A proposta poderá vir acompanhada de um incentivo governamental à indústria do carro híbrido, ou seja, movido a álcool e a energia elétrica, alternativas menos poluentes e mais sustentáveis do ponto de vista ambiental que gasolina e diesel.
“Precisamos assegurar uma demanda mais sólida. Então, por exemplo, veículos híbridos: elétrico/álcool. Seria uma coisa específica do Brasil, mas é uma ideia promissora”, disse Mercadante.
Você tem aí um combustível verde, você vai sequestrar carbono e vai dar sustentabilidade. Ele não compete com a gasolina. Ele complementa o carro híbrido. Então são coisas que estamos discutindo para apoiar determinados setores”, destacou o ex-ministro. “Já tivemos uma conversa com pessoal do agronegócio mais moderno”, assegurou.
Investimento estratégico x emendas parlamentares
Alckmin, por sua vez, compartilhará de uma defesa bem diferente da que faz o seu antigo partido, o PSDB, um entusiasta do limite de gastos para o governo, conforme a mudança feita na Constituição Federal durante o governo de Michel Temer. Ou seja, a proposta petista a ser também propagada pelo vice inclui o desprezo ao chamado teto de gastos. “Porque o teto de gastos acabou sendo um teto de investimentos”, destacou Mercadante.
“Você não consegue controlar as outras variáveis e acaba interferindo no investimento” observou. O objetivo do PT é retomar o controle estratégico sobre os investimentos estatais e evitar, a todo custo, a priorização, por exemplo, de gastos com emendas parlamentares, por exemplo.
“A única coisa que aumenta é emenda parlamentar, que não tem um critério técnico de repasse e acaba gerando desequilíbrio dentro das cidades, dentro do Sistema Único de Saúde (SUS) e na educação pública”, exemplificou o ex-ministro petista, um dos conselheiros mais próximos de Lula.
Cartão partido
Mercadante informou que um dos assuntos colocados como prioritários e que constarão nas defesas de Alckmin é a necessidade de reconstrução do pacto federativo e republicano que, na opinião de petistas, foi totalmente ignorada pelo atual presidente Jair Bolsonaro.
“No fundo, essa relação do Alckmin e do Lula é possível devido a essa relação republicana que nós sempre respeitamos”, justificou Mercandante.
Durante a reunião, a ex-ministra Tereza Campello mostrou a Alckmin um cartão do Bolsa Família, que era feito em parceria com o Renda Cidadã do governo do estado.
Na época, o progama do governo federal de distribuição de renda era complementado pelo similar no estado de São Paulo. Havia um único cartão, estampado, meio a meio, com as logomarcas. O Renda Cidadã completava o Bolsa Família para beneficiários no estado.
“O critério não pode ser o de quem é amigo ou de quem é aliado político do presidente em exercício. O Estado brasileiro precisa de regras e procedimentos que assegurem essa parceria republicana entre o União, estados e municípios”, disse.
Casas populares
Outro exemplo de coexistência das políticas públicas lembrado por Alckmin na reunião refere-se ao Minha Casa Minha vida e o Casa Paulista.
Alckmin lembrou que fez, na época do governo Dilma, 112 mil casas em São Paulo do Minha Casa Minha Vida com o programa Casa Paulista.
“Isso se estendeu a muitas outras áreas”, avaliou Mercadante. “E a mesma coisa foi a relação dele com Fernando Haddad (quando Alckmin era governador e Haddad prefeito)”, disse.
“Eu falei para ele que o Fernando sempre o defendeu, quem te criticava era eu”, brincou Mercadante, que, durante os governos de Alckmin foi senador e ministro do governo de Dilma Rousseff.