Guilherme Boulos e Márcio França trocam farpas sobre violência doméstica
Candidatos estão tecnicamente empatados nas pesquisas e disputam o voto de eleitores anti-Doria e anti-Bolsonaro
atualizado
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São Paulo – Faltando 15 dias para as eleições municipais de São Paulo, a chapa de Guilherme Boulos (PSol) se tornou alvo das campanhas de Celso Russomanno (Republicanos) e de Márcio França (PSB).
Na tarde deste domingo (1°/11), em seu perfil no Twitter, Márcio França postou parte de um vídeo em que Guilherme Boulos fala sobre soluções para problemas de uma ocupação. No vídeo editado, Guilherme Boulos diz que é mais desejável construir recursos coletivos do que chamar a polícia, o que incluiria, segundo legendas do vídeo, a violência doméstica.
@thabataganga restabeleceu a verdade. Lacrou. Queimaram a língua https://t.co/5RYtEXb97K
— Márcio França 40 (@marciofrancasp) November 1, 2020
Segundo a equipe do PSol, o vídeo foi editado e retirado do contexto, com a inclusão de legendas que levam o eleitor ao erro. O vídeo é de 2014, está na íntegra no YouTube e tem mais de uma hora.
Trata-se de uma entrevista concedida aos veículos Revista Vaidapé, Coletivo Sacode, ONG Elenko, Rádio Várzea e Jornal A Nova Democracia. Nela, Boulos discorre sobre o poder popular, que ele define como uma “construção coletiva de soluções”, que não contam com o poder do Estado.
Na entrevista, Boulos diz que o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) busca “combater a violência doméstica que também existe na ocupação”. Ele ainda critica o feminismo de esquerda por ser “abstrato e elitista”, sem diálogo com as mulheres da periferia.
Em evento de campanha neste domingo, o candidato do PSol disse que virou alvo de Márcio França porque “bateu o desespero”. “Márcio França, em uma eleição não vale tudo”, afirmou Guilherme Boulos, acrescentando que o adversário “insiste em posar de esquerda e dizer que é progressista”.
“Ele distorce um vídeo para dizer que a gente defende ou tolera violência contra mulher. Logo ele, que disse, em 2018, quando era governador, que [violência contra mulher] não é caso de polícia. Logo ele que reafirmou isso numa entrevista ao SBT durante a campanha. Começou a bater um desespero e ele esqueceu um mínimo de valores para tentar ganhar voto porque não está bem na pesquisa”, afirmou Boulos.
O ativista faz uma referência à entrevista que Márcio França concedeu à Folha de S.Paulo em 2018, quando o então governador defendeu a tese de que a Polícia Militar poderia ser mais eficiente se não tivesse que atender a tantas brigas domésticas.
As declarações de Guilherme Boulos foram dadas durantes evento de campanha no Largo da Batata, neste domingo. Segundo a assessoria da candidata a vereadora Thabata Ganga, que postou o vídeo que Márcio França retuitou, a gravação não distorce as declarações de Boulos, apenas mostra suas contradições.