Em Águas Lindas, eleições têm sujeira e flagrante de eleitores sem máscara
Cidade mais populosa do Entorno registrou aglomeração e desrespeito ao distanciamento social nas zonas eleitorais
atualizado
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Em Águas Lindas de Goiás, município mais populoso do Entorno do Distrito Federal, com 217,6 mil habitantes, as eleições neste domingo (15/11) provocaram transtornos na cidade. Trânsito, sujeira nas ruas e aglomeração de pessoas marcaram o compromisso com as urnas nesta manhã.
Na Escola Municipal Kennedy, no Setor I, centenas de eleitores se reuniram para votar por volta das 11h, desrespeitando os pedidos de distanciamento social sinalizados no chão. Além disso, a equipe do Metrópoles flagrou pessoas sem máscara na zona eleitoral.
A auxiliar de serviços gerais Maria de Fátima da Silva Correia, 40 anos, votou ali local nas últimas duas eleições, mas não conseguiu escolher os candidatos de sua preferência nesta manhã. “Eu moro aqui há 11 anos e sempre votei nessa escola. Quando cheguei, não constou o meu nome aqui, sendo que, no meu título [de eleitora], mostra que é essa seção”, reclamou.
“Eles tinham de me dar uma posição, mas disseram que não tinha o que fazer. Não tem um número para eu ligar, alguém para falar, nada”, completou.
Em frente à unidade de ensino, comerciantes montaram uma tenda para vender água, sucos, refrigerantes e fazer churrasco. No município distante 45km do Distrito Federal, a venda de bebida alcoólica no dia de eleição é proibida.
Luiz Alves Rodrigues, 41, mora desde os 8 anos em Águas Lindas, porém, esta é a primeira vez que ele vota na cidade. Ele reclamou da desorganização nas zonas eleitorais. “Eu votava no Pará, antes. Acho que poderia ser bem melhor, porque estava todo mundo muito próximo, um em cima do outro”, avaliou. “No chão, é só sujeira, lixo. Bem bagunçado”, acrescentou.
Veja aqui os locais de votação.
Santinhos
Maior zona eleitoral da cidade, a Escola Municipal Vereador Erico de Souza Ferreira, no Jardim Brasília, reúne 6.455 votantes neste domingo. No local, a situação confusa repetiu-se para quem resolveu votar no início da tarde. Devido à grande quantidade de pessoas, longas filas se formaram.
O advogado Wellington da Silva Cavalcante, 30, vota no município desde 2006 e diz que a sujeira e a desorganização na cidade em dia de eleição é “comum”. “Sempre assim. E não sei o que é, mas, na minha seção, sempre é mais demorado, tem filas grandes”, lamentou.
Veja imagens da sujeira:
Ele reforçou a reclamação em relação aos santinhos no chão da cidade. “Ainda mais hoje, na época digital, ter tanto gasto e sujeira com panfletos é muito desnecessário.”
Águas Lindas tem 94.752 eleitores. Uma vez que o número de votantes não chega a 200 mil, não haverá segundo turno no município.
Candidatos à prefeitura
Osmarildo Alves de Sousa (PTB), conhecido por Hildo do Candango, é o atual prefeito da cidade, mas não tenta a reeleição. Os seis candidatos que concorrem para ocupar o cargo a partir de 2021 são:
• Dr. Lucas da Santa Mônica (Podemos)
• Hamilton Borges (PSL)
• Sergiana da Mandata Coletiva (Psol)
• Subtenente Castro (PRTB)
• Tenente Rajão (Patriota)
• Wilson do Tullio (DEM)
Anteriormente na liderança nas pesquisas, o candidato Marco Túlio Pinto da Silva (DEM-GO), conhecido como Tullio, teve o registro indeferido, em outubro, pela Justiça Eleitoral. O político, então, indicou para concorrer em seu lugar o técnico em informática Wilson Carvalho, da mesma sigla. Carvalho, 21 anos, concorre ao primeiro cargo político da vida, com nome de “Wilson do Tullio”.
Com a saída de Tullio da concorrência, Dr. Lucas do Santa Mônica tornou-se favorito para ocupar a principal cadeira de Águas Lindas. Segundo pesquisa produzida pelo Instituto Real Time Big Data, entre 7 e 10 de novembro, Dr. Lucas conta com 36% das intenções de voto, enquanto que Wilson do Túllio surge com 28%. O Subtenente Castro ficou com 3%, enquanto Sergiana da Mandata Coletiva, Tenente Rajão e Hamilton Borges alcançaram 1%. Brancos e nulos correspondem a 16%. Outros 14% não sabem/não responderam.
Tenente Rajão
Entre os candidatos, o tenente da reserva do Corpo de Bombeiros Militar do DF (CBMDF) Altamiro Rajão ficou conhecido, em maio deste ano, por ser proprietário da chácara que os integrantes do acampamento “300 do Brasil” usaram como base. À época das manifestações antidemocráticas realizadas pelo grupo, a propriedade situada no Núcleo Rural Rajadinha, entre as regiões administrativas de Paranoá e Planaltina, entrou no radar de órgãos de inteligência e do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), que chegou a pedir o cumprimento de mandados de busca e apreensão no local.
A chácara foi alvo de reportagens do Metrópoles à época. Sobre o caso, o candidato afirmou que hospedou gratuitamente o grupo, porque eram pessoas a favor do governo de Jair Bolsonaro (sem partido), mas que não sabia que o terreno seria utilizado como uma espécie de QG para treinamento paramilitar. Ele ainda disse que, quando soube, “prontamente desautorizei tal iniciativa, pedindo que o grupo permanecesse apenas naquele final de semana”.