metropoles.com

Em 10 cidades, abstenção foi maior que os votos do primeiro colocado nas Eleições 2020

O índice de abstenção no segundo turno das eleições 2020 bateu recorde – de 29,47%: 11.116.373 eleitores decidiram não votar

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
José Cruz/Agência Brasil
Urnas eletrônicas
1 de 1 Urnas eletrônicas - Foto: José Cruz/Agência Brasil

O índice de abstenção no segundo turno das eleições 2020 bateu recorde de 29,47% (11.116.373 eleitores decidiram não votar), mas a curiosidade não para por aí: levantamento do (M)Dados, núcleo de jornalismo de dados do Metrópoles, com base nos dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), aponta que, das 57 cidades que tiveram segundo turno, em dez a abstenção foi maior que o total de votos recebidos pelo vencedor e em 23 foi maior que o segundo colocado.

Destes municípios, três foram capitais – Goiânia, Porto Velho e Rio de Janeiro –. Neste último, o ex-prefeito Eduardo Paes (DEM-RJ) obteve 1.629.319 votos ante 913.700 do atual prefeito Marcelo Crivella (Republicanos-RJ). Apesar de vitorioso, Paes “perdeu” para a abstenção: 1.720.154 eleitores decidiram não votar.

O mesmo ocorreu com o prefeito eleito de Goiânia, Maguito Vilela (MDB-GO), que não fez campanha por estar intubado por causa da Covid-19 desde o primeiro do turno da eleição. Ele teve 277.497 votos contra 250.036 do senador Vanderlan Cardoso (PSD-GO), mas a quantidade de eleitores que se abstiveram foi maior: 356.949.

5 imagens
O prefeito reeleito Bruno Covas (PSDB) sancionou o auxílio para famílias vulneráveis antes do primeiro turno
O prefeito do Rio, Eduardo Paes
Sebastião Melo (MDB), eleito prefeito de Porto Alegre
Sede do TSE, em Brasília
1 de 5

Maguito foi eleito quando já estava intubado, em estado grave, e tomou posse no hospital

Reprodução/Instagram
2 de 5

O prefeito reeleito Bruno Covas (PSDB) sancionou o auxílio para famílias vulneráveis antes do primeiro turno

Fábio Vieira/Especial Metrópoles
3 de 5

O prefeito do Rio, Eduardo Paes

Rafaela Felicciano/Metrópoles
4 de 5

Sebastião Melo (MDB), eleito prefeito de Porto Alegre

Reprodução
5 de 5

Sede do TSE, em Brasília

Igo Estrela/Metrópoles

Goiânia, inclusive, foi o município com maior índice de abstenção, com 36,75%, seguido por Petrópolis, com 35,65%, Ribeiro Preto e Governador Valadares, com 35,61%, cada, e Rio de Janeiro, com 35,45%. Ambos acima da média nacional no segundo turno. Aliás, 27 cidades contabilizaram taxas acima de 30%.

O presidente do TSE, ministro Luís Roberto Barroso, destacou que, tradicionalmente, o segundo turno das eleições possui maior quantidade de abstenções do que o primeiro, creditou a deste ano à pandemia da Covid-19. Com 34.121.874 eleitores que não votaram, a taxa de abstenção foi de 23,14% no primeiro turno.

“No entanto, é um número maior do que nós desejaríamos, mas é preciso ter em conta que nós realizamos eleições em meio à uma pandemia, que já consumiu 170 mil vida, e que muitas pessoas, com o compreensível temor de comparecerem às urnas, deixaram de votar. Muitas por estaremos com a doença, muitos por estarem com sintomas e muitas por estarem com medo”, afirmou Barroso, no último domingo (29/11).

2° colocado

A abstenção superou a votação do candidato que ficou em segundo lugar em 23 municípios, sendo cinco capitais – Aracaju, Maceió, Porto Alegre, Rio Branco e São Paulo.

Na capital paulista, o atual prefeito Bruno Covas (PSDB-SP) obteve 3.169.121 votos. Contudo, o segundo colocado Guilherme Boulos (PSol-SP) conseguiu 2.168.109 votos, menos do que o número de abstenção: 2.769.179, o que corresponde a 30,81%.

O deputado estadual Sebastião Melo (MDB-RS) se elegeu prefeito de Porto Alegre, com 370.550 votos. A quantidade de eleitores que se abstiveram de votar (354.692, ou 32,76%) foi maior do que a votação (307.745) da segunda colocada, Manuela D’ávila (PCdoB-RS).

Análise

O professor de Ciência Política Guilherme Reis, da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio), destaca que a pandemia da Covid-19 é o diferencial no quesito abstenção, mas que o problema não pode ser reduzido apenas ao efeito dela.

“Uma é o desinteresse pela política, a ideia de que não faz diferença quem ganhe, que ninguém presta”, avalia Reis, destacando que isso ficou mais aparente no primeiro turno. “Outra razão, além da pandemia, é a questão de as duas opções do segundo turno desagradarem a muitos eleitores. Assim, muitos preferem, em vez de votar branco ou nulo, sequer comparecer”, acrescenta.

Reis exemplifica com o caso da capital fluminense, onde dois candidatos de direta disputaram o segundo turno, enquanto duas candidatas à esquerda, ficaram de fora. “Mesmo com o movimento pelo voto útil contra o Crivella, é mais que razoável que boa parte desses eleitores não tenha votado no Paes, que tinha inclusive liderança confortável nas pesquisas e fez uma campanha muito reacionária no segundo turno”, pontua.

 

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?