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Eleições 2020: campanhas femininas são maioria entre jovens de 18 a 20 anos

Ao todo, são 2.098 mulheres concorrendo ao cargo de vereadora. Índice 11,6% superior ao dos homens, que somam 1.855 campanhas

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Eleições 2020 Eleição, urna, voto, 2020
1 de 1 Eleições 2020 Eleição, urna, voto, 2020 - Foto: Arte/Metrópoles

As mulheres ainda têm espaço limitado na política. Contudo, nas eleições de 2020 elas estão construindo uma base de mudança. E mais: são as jovens que estão capitaneando essa guinada.

De forma geral, a eleição tem recorde de candidatas mulheres. Porém, 53% das candidaturas de pessoas entre 18 e 20 anos são de mulheres. Essa é a única faixa etária em que as campanhas femininas superam as masculinas.

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) registrou este ano 3.953 candidaturas. Ao todo, são 2.098 mulheres concorrendo ao cargo de vereadora. Índice 11,6% superior a dos homens, que somam 1.855 campanhas. Os dados fazem parte de um levantamento do Metrópoles com base nas estatísticas do TSE.

De todos os cargos públicos disponíveis para os brasileiros se candidatarem nas eleições, a vaga de vereador é a única onde pessoas a partir de 18 anos têm elegibilidade para concorrer.

É o caso da candidata Ana Julia (PT-PR). Aos 20 anos, ela disputa uma cadeira de vereadora em Curitiba. Ela não é de família tradicional da política e defende o aumento da participação feminina no pleito. “Existe um sentimento social que pede mais mulheres na política e elas estão se colocando mais na política, o que é muito importante”, defende.

Ana explica que o número de candidatas por si só não deve mudar o cenário político brasileiro, mas, sim, o que essas mulheres pensam e quais as pautas defendem. No caso dela, educação pública de qualidade. “É a única forma de se construir uma democracia participativa”, salienta.

Mulheres concorrendo ao cargo de vereadora em 2020:
  • 18 anos – 346
  • 19 anos – 752
  • 20 anos – 1.000

Nas ruas, ela percebe o espanto de alguns eleitores. “Tem gente que faz cara de surpresa. ‘Nossa, é você a candidata. Tem certeza?’. Questionam que eu sou muito jovem, perguntam se dará certo. As pessoas ficam empolgadas. Vejo uma aceitação positiva”, conclui.

Dos quase 58 mil vereadores eleitos em 2016, 117 tinham 18 ou 19 anos, segundo dados do TSE. Isso representa 0,2% do total de eleitos.

Realidade feminina

Natállia Braga (PT-MS), 18 anos, também busca uma cadeira de vereadora em Campo Grande. Segundo a candidata, a falta de respeito com os direitos básicos do cidadão e a negligência dos atuais representantes do legislativo motivam a disputa.

“Mulheres pensam como mulheres e conhecem melhor do que qualquer homem a realidade da vida feminina.Nós sabemos o que passamos, o que vivemos e ninguém melhor do que nós mesmas para criar políticas públicas de qualidade e que defendam a nossa existência na sociedade”, avalia.

Para ela, as mulheres estarão cada vez mais presente na política. “Acredito que esse é um caminho sem volta e apenas com avanço e que com certeza deve se repetir no cenário de 2022”, finaliza.

Construindo a representatividade

Alguns fatores explicam a participação feminina. Um exemplo é a consciência da própria geração, segundo Carlos Manhanelli, presidente da Associação Brasileira de Consultores Políticos.

“É uma geração que tem a preocupação com a representatividade feminina na política. E essa construção, à medida que é amadurecida, vai impactar nas próximas eleições”, destaca. Ou seja, cada vez teremos mais mulheres concorrendo e mais conseguindo se eleger.

Para Manhanelli, a estatística é uma tendência. Ele cita o projeto de lei que tramita no Congresso que determina que os órgãos de direção municipais, estaduais, distrital e nacional de cada partido político sejam compostos por no mínimo 30% de mulheres.

“Hoje, qualquer programa de governo ou de mandato tem que ter uma segmentação de benefícios paras as mulheres. O sexo feminino é maioria na população e tem necessidades diferentes. As mulheres despontam na política por causa disso”, frisa.

Participação jovem

Apesar do volume das candidaturas de jovens em 2020, o índice caiu 14% quando comparado com o pleito de 2016. À época, foram 4.638 postulantes, sendo 2.235 na faixa dos 20 anos de idade.

Candidaturas por faixa etária em 2020:
  • 18 anos –  635 (0,12%)
  • 19 anos – 1.365 (0,25%)
  • 20 anos – 1.944 (0,35%)

De acordo com o professor do Instituto de Ciência Política e da Universidade de Brasília (UnB) Frederico Bertholini, o fato de esses candidatos serem jovens não significa que eles apresentem novas ideias para a política. “Jovens sempre trazem ideias arejadas? Se comprometem com a política pública baseada em evidência e ciência? Ou será que a novidade é simplesmente etária?”, questiona.

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