Vídeo de Cid faz PT desistir de buscar apoio de Ciro
Articuladores do partido temem que outros episódios possam atrapalhar a campanha em uma fase tão crucial
atualizado
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O vídeo com o discurso duro contra o PT feito pelo ex-governador do Ceará e senador eleito, Cid Gomes, caiu como um balde de água fria nas intenções do PT em atrair para Ciro Gomes para o palanque de Fernando Haddad.
A gravação, feita em um ato político petista em Fortaleza (assista abaixo), fez com o que o PT pisasse no freio na ideia de procurar Ciro, candidato do PDT derrotado no primeiro turno, no fim desta semana, quando ele retorna de uma viagem à Europa.
Há um temor de que uma recusa ou mesmo falas e ações de Ciro, na mesma linha do irmão Cid, possam comprometer a campanha em um momento crucial, no qual o partido tenta reunir outras legendas em torno de Haddad para vencer o candidato do PSL, Jair Bolsonaro, líder nas pesquisas.
O coordenador da campanha no Ceará, o deputado federal José Guimarães, ponderou que a relação com os irmãos Ferreira Gomes devem ser discutidas somente depois do segundo turno e que, “se for o momento de “separação”, que ocorra com “respeito mútuo”.
“Sobre os nossos legados e parcerias entre o PT e os Ferreira Gomes, discutiremos após o segundo turno. Tá na hora mesmo de fazermos um balanço desde 2006 e se for o caminho da separação que façamos com respeito mútuo”, defendeu.
Pelas redes sociais, Guimarães tentou retomar o foco na campanha: “Reafirmo o compromisso do nosso candidato com os cearenses e que tudo faremos para derrotar a facismo (sic), o ódio e a truculência do nosso adversário. A eleição está em aberto. Vamos para o confronto e apelamos para que todos os democratas se somem ao esforço de derrotar essa direita representada pela candidatura de Bolsonaro”, comentou Guimarães no Facebook.
Parceria desfeita
A parceria entre PT e os irmãos é antiga no Ceará, em uma relação que se fez ainda mais presente nos dois governo de Cid, dos quais o PT participou. O governador Camilo Santana, filiado ao PT, ganhou projeção política nos governos de Cid e foi escolhido pelos irmãos para a sucessão. Ascendeu ao poder com o apoio dos Ferreira Gomes.
Nestas eleições, na fase de pré-campanha, o PT também fez gestos no sentido de favorecer a eleição de Cid ao Senado. O partido barrou a candidatura à reeleição do senador José Pimentel para que Cid e o emedebista Eunicio Oliveira ficassem com as duas vagas. Cid se elegeu, Eunicio, não.
Sondagens
Antes do discurso inflamado de Cid, no qual ele chama os petistas de “babacas” e diz que o partido “perderá feio” as eleições por não ter feito um “mea-culpa”, petistas cogitavam até entrar em uma articulação com Ciro para as eleições de 2022, conforme adiantou Guimarães ao Metrópoles, na segunda-feira (15/10).
O coordenador geral da campanha de Haddad, o senador eleito e ex-governador da Bahia, Jaques Wagner, chegou a admitir que teria sido mais estratégico apoiar o nome de Ciro, em vez do petista, para uma vitória nas eleições em 2018.
Nesta terça-feira (16/10), o clima na campanha é outro e adota um cuidado muito maior nas sondagens. De acordo com um dirigente petista, há um temor de atos “kamikazes” como foi o de Cid em pleno evento petista.
Durante entrevista dada pela manhã desta terça, Haddad procurou não partir para questionamentos e minimizar as a atitude de Cid. “Foi um discurso acalorado. Eu não quero ficar comentando isso, até porque, eu tenho uma amizade pessoal com Cid. Ele fez elogios a minha postura, prefiro sempre olhar o lado positivo”, disse o petista.