Seis siglas do campo progressista lançam frente para barrar Bolsonaro
Coalizão reúne PT, PSB, PCdoB, PSol, Pros e PCB. Grupo irá atrás dos tucanos para reforçar aliança a favor de Fernando Haddad
atualizado
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Após extensa reunião na tarde desta segunda-feira (15/10), em Brasília, representantes do PSB, PT, PSol, Pros, PCdoB e PCB decidiram lançar uma frente ampla contra a candidatura do presidenciável do PSL, Jair Bolsonaro, em favor da democracia e da candidatura do petista Fernando Haddad à Presidência da República.
“O nosso encaminhamento é no sentido de um movimento pela democracia, sabendo que estamos em um momento crítico. A candidatura de Haddad deixa de ser do Haddad e deixa de ser do PT para ser desse movimento democrático, frente ao risco que estamos correndo”, informou a presidente nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann.
Em nome dessa coalizão, Gleisi disse que o PT está disposto a flexibilizar o programa de governo de Fernando Haddad e a buscar apoio formal do PSDB, rival histórico do PT em eleições presidenciais. Um dos principais objetivos dos coordenadores de Haddad é conseguir a adesão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que já se declarou totalmente contrário ao peesselista.
Adesão
Participaram da reunião desta segunda, além de Gleisi Hoffman, Carlos Siqueira (PSB), Juliano Medeiros (PSol), Eurípedes Júnior (Pros) e Luciana Santos (PCdoB), Golbery Lessa (membro da direção nacional e representante do secretário-geral do PCB), Márcio Macedo (vice-presidente do PT), o deputado gaúcho Paulo Pimenta (líder do PT na Câmara), o deputado federal José Guimarães (PT-CE), o deputado federal Carlos Zarattini (PT-SP), o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) e a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM).
O encontro ocorreu na sede do PSB, partido que já declarou apoio ao petista neste segundo turno da corrida pela sucessão presidencial. Ao final da reunião, os partidos divulgaram uma nota conjunta na qual firmam o compromisso de defesa da candidatura de Haddad e alertam para os riscos de uma possível vitória de Bolsonaro.
“O Brasil vive um momento histórico que exige resposta firme de todos e todas que defendem a democracia, a liberdade, a soberania nacional, os direitos do povo e a justiça social”, diz o documento.
“As sementes do ódio e da violência, plantadas nos últimos anos pelas forças reacionárias e pelos donos das grandes fortunas, deram vida a uma candidatura que é o oposto desses valores; que rompe o pacto democrático da Constituição de 1988 e lança sobre o país a sombra do fascismo”, destaca a nota.
Diante do quadro eleitoral, os partidos anunciaram estar dispostos a superar divergências em nome de derrotar Bolsonaro. “Acima de todas as diferenças, estamos conclamando brasileiras e brasileiras a votar, neste segundo turno, pela democracia e pelo futuro do nosso Brasil. É hora de união e de luta, sem vacilações”, aponta outro trecho do documento.
PDT
O presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, não esteve presente. A sigla anunciou, semana passada, “apoio crítico” a Haddad: isso significa que os filiados estarão contra Bolsonaro, mas não subirão no palanque petista.
Segundo Lupi, os pedetistas serão oposição a quem for eleito a partir de 1º de janeiro de 2019 e trabalharão pela candidatura de Ciro Gomes à Presidência da República em 2022. Ciro, inclusive, viajou para a Europa e deve retornar ao Brasil na próxima quinta-feira (18/10). O PT espera, por parte de Ciro e do PDT um engajamento maior na campanha.
Na reunião desta segunda-feira, o presidente do PSB, Carlos Siqueira, se esforçou para explicar que o PDT é um aliado na frente ampla e que só não esteve presente à reunião por uma questão de agenda de seu presidente, Lupi.
“Tanto o PSB, quanto o PDT, se reuniram na semana passada e decidiram apoio ao candidato Fernando Haddad, de modo que esta candidatura não represente uma candidatura do PT e sim de todos os partidos que acreditam na democracia e na justiça social em nosso país”, ressaltou Siqueira. “O PDT não se encontra aqui. O presidente (Lupi) encontra-se inclusive em um ato de apoio ao nosso candidato em São Paulo, Márcio França. Mas, de fato, ele está do nosso lado. Só não está assinando a nota porque aqui não se encontra”, completou.
Fake News
Segundo a representante do PT, Bolsonaro lança mão das chamadas fake news para crescer na corrida eleitoral e o fato de ele liderar as pesquisas de intenção de voto “é fruto da fábrica de mentiras da campanha dele. É preciso saber quem está financiando isso. Nosso adversário tem uma atuação no submundo das redes sociais com uma verdadeira máquina de mentiras”, acusou Gleisi.
Os coordenadores de campanha de Bolsonaro e de Haddad foram convidados pela presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministra Rosa Weber, para participar de reunião nesta terça-feira (16) com o objetivo de aderirem a um pacto de combate às fake news.
Confira a íntegra da nota divulgada pelos partidos:
“NOTA À IMPRENSA
O Brasil vive um momento histórico que exige resposta firme de todos e todas que defendem a democracia, a liberdade, a soberania nacional, os direitos do povo e a justiça social.
As sementes do ódio e da violência, plantadas nos últimos anos pelas forças reacionárias e pelos donos das grandes fortunas, deram vida a uma candidatura que é o oposto desses valores; que rompe o pacto democrático da Constituição de 1988 e lança sobre o país a sombra do fascismo.
Votar em Fernando Haddad é a resposta a esta ameaça, porque sua candidatura representa os valores da civilização contra a barbárie, representa um projeto de país em que todos têm oportunidades, não apenas os privilegiados de sempre.
Votar em Fernando Haddad é a resposta às fábricas de mentiras e à violência que se espalha pelo país; o prenúncio de um estado autoritário, contra a vida, contra os direitos das pessoas, contra a liberdade e a justiça.
Acima de todas as diferenças, estamos conclamando brasileiras e brasileiras a votar, neste segundo turno, pela democracia e pelo futuro do nosso Brasil. É hora de união e de luta, sem vacilações.
Assinam: PT, PCdoB, PCB, PSB, PSol e Pros”.