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PT parte para judicialização a fim de formar “onda” contra Bolsonaro

Partido encampou denúncia de que a campanha foi alvo de notícias falsas bancadas por empresários apoiadores do presidenciável do PSL

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1 de 1 haddad bolso - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

Com as pesquisas eleitorais indicando uma diferença de 18 pontos percentuais em relação ao líder na disputa presidencial, Jair Bolsonaro (PSL), a campanha de Fernando Haddad tentou criar uma “onda democrática”, com a adesão de líderes partidários, entidades organizadas, artistas e intelectuais. A mobilização, no entanto, esbarrou na repercussão do discurso do cearense Cid Gomes (PDT), que acabou esvaziando a articulação.

Como a busca por apoios públicos de aliados no segundo turno não surtiu efeito, a estratégia foi alterada. Entram na ordem do dia petista uma série de “judicializações”, ações nas ruas, nas redes sociais e nos tribunais, com o objetivo de desarticular o que os líderes do partido chamam de “máquina de fake news” de Bolsonaro, supostamente financiada por empresários que o apoiam. Neste sábado (20/10), a Polícia Federal instaurou inquérito para apurar o caso.

Na cúpula petista, o consenso foi que não se poderia insistir na tese dos apoios em público. Neste rol de articulações que não surtiram efeito, estão o tom “crítico” adotado pelo PDT, a viagem de Ciro Gomes à Europa e o discurso do irmão Cid, bem como as narrativas “em cima do muro” do tucano Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente da República.

Além de o candidato Fernando Haddad precisar dar respostas sobre todos esses fatos políticos, a avaliação é que a busca pelos posicionamentos não tirava votos, mas também não tinha o efeito de engajamento esperado.

Fôlego
Ao final da semana, o PT passou a contar com um novo componente para a reta final do segundo turno: as denúncias referentes às notícias falsas supostamente distribuídas e bancadas por empresários apoiadores de Jair Bolsonaro. Provocar o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre o possível esquema foi uma das frentes.

Com esse fôlego, o PT pretende também levar para a Justiça o que considera uma “ameaça” ao jogo eleitoral democrático, referindo-se às postagens enviadas também pelo WhatsApp. A legenda conclama eleitores a “reagir”, caso o resultado das eleições não seja diferente do que as pesquisas vêm indicando. Essa pode ser a próxima ação do partido com o objetivo de inabilitar o adversário.

Na reta final, a sigla espera contar com a militância petista, que sentiu o baque com a divulgação de pesquisas desfavoráveis a Fernando Haddad, mas começou a demonstrar novamente disposição em ir para as ruas.

“O que vamos fazer é o arroz com feijão de toda campanha. É necessário deixar claro o tamanho do risco que representa a candidatura do nosso adversário. Vamos mostrar o quanto ele [Bolsonaro] é despreparado, mentiroso, autoritário e defensor de valores contra o povo, contra a democracia e contra a Constituição Federal de 1988”, disse Ricardo Berzoini, um dos coordenadores da campanha petista.

Campanha não termina com 2º turno
Nesse sentido, o sentimento é de que a campanha não acaba no dia 28 de outubro, data marcada para a votação. O próprio Haddad fez esta sinalização em uma entrevista: “Em relação à luta pela minha dignidade, ela extrapola o dia 28 de outubro, porque vou buscar reparação. Ele patrocinou com dinheiro sujo uma campanha para me difamar”.

Se o discurso de Cid Gomes fez os petistas pisarem no freio na ideia de obter uma declaração de apoio de Ciro, por exemplo, a parceria com o PDT nos processos judiciais reabilita a relação entre as duas candidaturas, independente de qual será a decisão da Justiça Eleitoral.

O PT pediu a inelegibilidade de Jair Bolsonaro. Já o PDT pediu a anulação do primeiro turno. A decisão de Carlos Lupi, presidente do PDT, de também partir para o caminho da Justiça tem o objetivo de engrossar o caldo no Judiciário contra Bolsonaro.

Os dois partidos apresentaram ações de investigação judicial eleitoral (Aijes), com base na Lei Complementar 64/90. A ação do PT já foi acatada pelo ministro Jorge Mussi, corregedor-geral eleitoral, que mandou investigar as denúncias de suposto abuso econômico.

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