PSB já vê consenso para candidatura de Joaquim Barbosa ao Planalto
A entrada do ex-ministro do STF na arena da disputa presidencial ganhou impulso significativo após divulgação de pesquisa Datafolha
atualizado
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Dez dias depois de se filiar ao PSB, o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa já é considerado o virtual candidato do partido à Presidência da República. A resistência inicial a um projeto eleitoral encabeçado pelo ex-ministro foi superada internamente, disse, nessa segunda-feira (16/4), o presidente da sigla, Carlos Siqueira, em entrevista ao Estadão.
“Havia dúvidas, mas, ao longo do tempo, elas foram se atenuando. Hoje, (a candidatura) é um consenso. Vai ser possível anunciar em breve”, afirmou Siqueira. A entrada de Barbosa na arena da disputa presidencial ganhou impulso significativo após a divulgação de pesquisa Datafolha no domingo.
Nos últimos meses, o ex-ministro do Supremo se manteve recolhido à espera de uma “segurança mínima” do PSB para ingressar no partido. O processo de filiação superou desconfianças mútuas e o ritual do lançamento de Barbosa já está sendo preparado. Ele deve se reunir na quinta-feira (19), em Brasília, com a cúpula da sigla e líderes da legenda para discutir um calendário de viagens pelos estados.
Antes resistente ao projeto de Barbosa, o governador de Pernambuco, Paulo Câmara, passou a considerar que o ex-ministro “se enquadra” no perfil de centro esquerda esperado pelo PSB e já até elogia a trajetória de Joaquim. Câmara convidou Barbosa para conhecer o modelo de gestão em Pernambuco. O governador, no entanto, é contra anunciar agora a pré-candidatura do ex-presidente da última instância do Judiciário.
A resistência do atual governador de São Paulo, Márcio França (PSB), perdeu força porque ele não conseguiu amarrar o apoio do PSDB de Alckmin à sua candidatura à reeleição. Com isso, o caminho para a filiação de Barbosa ficou aberto. Nessa segunda (16), França sugeriu uma dobradinha entre o ex-governador tucano e o ex-ministro do Supremo.
Sempre crítico à atuação dos “caciques” nas agremiações, Barbosa levou em conta o fato de o PSB ser hoje um partido “sem dono” desde a morte do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos. O ex-ministro nunca escondeu que defende a possibilidade de candidatura avulsa (sem necessária filiação a uma sigla).
Após o Datafolha, o recado do partido é de que a candidatura agora depende de Barbosa. O marqueteiro argentino Diego Brady já se reuniu uma vez com o ex-ministro, mas tem evitado falar sobre a possível candidatura. Há, porém, uma percepção no PSB de que o relator do julgamento do mensalão no Supremo poderá ser apresentado aos eleitores como alguém capaz de exercer a gestão do país com autoridade, além de comprometido com os valores democráticos. Uma forma de tentar contrapô-lo a Jair Bolsonaro (PSL).
Vídeo
Além disso, a aposta é na trajetória pessoal de Barbosa. Integrantes da legenda já começaram essa estratégia no domingo, quando divulgaram vídeo em redes sociais e WhatsApp contando a história do ex-ministro, desde sua origem humilde na cidade mineira de Paracatu até a sua atuação no STF, e destacando que ele é fluente em quatro idiomas.
“Joaquim perpassa todas as classes sociais e eleitores. Tem muita gente que diz votar no Bolsonaro por uma questão de revolta e protesto. Ele vai navegar por eleitores de todas as candidaturas”, afirmou Siqueira.