Presidente do STJ diz que fala de Eduardo Bolsonaro não é uma ameaça
Para João Otávio de Noronha, declaração do deputado federal eleito sobre fechamento do STF foi “superestimada”
atualizado
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O presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), João Otávio de Noronha, minimizou as declarações feitas pelo deputado federal reeleito Eduardo Bolsonaro, de que bastaria um soldado e um cabo para fechar o Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo Noronha, a fala foi “superestimada” e em nenhum momento sentiu tom de ameaça na declaração.
“O Brasil vive hoje um momento de extrema democracia, com as instituições bem fortes, bem firmes, bem instituídas, e que ao meu ver não correm risco, seja quem for o presidente eleito, não estou nem um pouco preocupado com isso”, avaliou Noronha. “O ambiente democrático está estabelecido pelos preceitos constitucionais.”
Noronha acrescentou ainda que qualquer medida que seja tomada fora do ambiente constitucional pode gerar impeachment. Além disso, disse que todas as decisões do presidente precisam ser aprovadas pelo Congresso, o que torna o ambiente seguro.
“A declaração do rapaz que foi eleito deputado e fez respondendo uma pergunta; nitidamente não vi interesse de ameaça, estão exagerando no que ele falou, estão superdimensionando…O Brasil não corre nenhum risco de ter sua democracia arranhada, independentemente do presidente eleito”, disse, lembrando que as Forças Armadas já deram declarações por meio de generais garantindo a democracia.
Noronha avaliou que as declarações feitas pelo filho do líder nas pesquisas para presidência do Brasil, Jair Bolsonaro (PSL), são fruto de imaturidade “e quando assumir o cargo de deputado e ver o peso, vai ter outro comportamento. A vida é assim.”, previu.
Para ele, não é pelo fato de um deputado ter um pai que foi militar que se vai criar um ambiente de golpe no Brasil. “Quem cria ambiente de golpe é a fraqueza das instituições. E essas estão fortes. E temos que mantê-las fortes”, avaliou.
As declarações de Eduardo Bolsonaro
Durante palestra em um cursinho preparatório para concursos públicos, o filho do presidenciável e deputado federal reeleito por São Paulo disse que para fechar o STF bastava “um soldado e um cabo”.
“O STF vai ter que pagar para ver. E aí, quando ele pagar para ver, vai ser ele contra nós. Você está indo para um pensamento que muitas pessoas falam, e muito pouco pode ser dito. Mas, se o STF quiser arguir qualquer coisa, ‘recebeu uma doação ilegal de 100 reais do ‘José da Silva’ e então impugna a candidatura dele’, eu não acho isso improvável, não. Mas aí vai ter que pagar para ver. Será que eles vão ter essa força mesmo? O pessoal até brinca: ‘Se quiser fechar o STF, sabe o que você faz? Não manda nem um jipe. Manda um soldado e um cabo. Não é querer desmerecer o soldado e o cabo, não”, diz, em tom de ameaça ao Judiciário.