Marina Silva: direitos das pessoas LGBT devem ser respeitados
Em entrevista ao Metrópoles, a presidenciável afirmou que sua crença religiosa não definirá políticas de um eventual governo
atualizado
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Cansada de ser questionada sobre qual influência a sua religião poderia exercer em um eventual governo, a pré-candidata pela Rede à Presidência da República, Marina Silva, afirmou nesta quinta-feira (5/7) que a sua fé evangélica não pautará nenhuma das suas decisões como governante. Em entrevista ao Metrópoles, ela disse também que os direitos das pessoas LGBT devem ser respeitados.
“Ninguém vai impor religião por lei. Isso é um ato de livre escolha das pessoas e elas serão respeitadas em seus direitos. Ser um parlamentar evangélico, católico, judeu não significa que se deva ser contra os direitos das pessoas. Se tem um ou outro que não defende direitos iguais, é problema dessa pessoa e isso não poder ser generalizado”, disse.
Questionada sobre como enfrentar os interesses de uma bancada parlamentar como a evangélica em relação a temas sensíveis, Marina afirmou que não é pelo enfrentamento em si que os debates necessários acontecerão, mas pelo respeito à Constituição.“Temos que respeitar o que está na Constituição. E a Constituição assegura direitos iguais. Quem vai governar, vai governar para todos”, respondeu. Marina, no entanto, contemporizou. “Agora, as pessoas têm o direito de expressar suas opiniões, sem preconceito e violência. Mas ninguém pode impor a quem crê ter que abrir mão das suas convicções”, afirmou.
A pré-candidata reclamou ainda que este tema sempre volta a ser perguntado a ela quando outros candidatos também publicizam suas crenças e não são questionados enfaticamente sobre isso. Marina reafirmou que, se eleita, respeitará a laicidade do Estado brasileiro e que não usará a sua religião para interferir em questões de governo.
“Obviamente que estamos em um Estado laico. E foi a Reforma Protestante que ajudou a fundamentar esse Estado laico. Se tem algum evangélico que deseja transformar o Estado em um Estado teocrático, é por uma falta de conhecimento da contribuição dos próprios evangélicos”, disse.
De origem negra, humilde, evangélica e mulher, Marina afirmou que o maior preconceito que sofre hoje em dia se dá por ser integrante da Igreja Evangélica. “Ao longo da minha vida, tive que enfrentar muitas dificuldades mas nunca percebi, desde que eu comecei a ocupar os espaços públicos, atitudes de preconceito contra a minha pessoa. Diria que, depois que me converti à fé cristã evangélica, é que esse preconceito às vezes é mais visível. Há uma tendência a generalizações”, disse.
Marina também afirmou que, por causa desse preconceito, pessoas de origem mais humildade, “precisam ficar o tempo todo provando alguma coisa”. “Tomo muito cuidado porque o preconceito contra mulheres, pessoas pobres e, obviamente que alguém com a minha origem mas não só eu, seja na política ou em qualquer outro espaço, parece que precisamos ficar provando que a gente pensa Não vejo isso em relação a outras pessoas”, avaliou.
“Para elas, parece que é natural que elas saibam, que elas possam, que elas estejam naquele lugar. E às vezes tem uma certa nuance, em função da sua origem, de que você tem que ficar o tempo todo provando alguma coisa”, completou.