Manuela: país tem uma das maiores jornadas de trabalho do mundo. Será?
Pré-candidata do PCdoB participou do Roda Viva na última segunda-feira (25) e também falou sobre economia e representatividade
atualizado
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Na última segunda-feira (25), a pré-candidata à Presidência da República pelo PCdoB, Manuela D’Ávila, foi entrevistada no programa Roda Viva, da TV Cultura. Deputada estadual no Rio Grande do Sul, Manuela foi a sétima presidenciável a participar do programa. A Lupa checou algumas das declarações dela. Confira abaixo o resultado:
“[O povo brasileiro] É um dos que têm a maior jornada de trabalho do mundo”
Manuela D’Ávila, pré-candidata à presidência da República pelo PCdoB, em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, no dia 25 de junho de 2018
Já a Penn World Table, base de dados econômicos mundiais mantida pelas Universidade de Groningen, na Holanda, e da Califórnia, nos Estados Unidos, indica que o brasileiro trabalha, em média, 1.711,28 horas por ano. Isso coloca o país na 49ª posição numa lista de 68 países avaliados.
Essa quantidade de horas do Brasil é menor do que a de todos os países da América Latina, exceto o Uruguai. Também fica abaixo da média internacional, que é de 1.864,11 horas trabalhadas por ano. Veja os levantamentos completos.
Procurada, Manuela não retornou.
“A nossa bancada [do PCdoB] é a com mais negros e pardos do Congresso Nacional, além de [ser] a que tem mais mulheres”
Manuela D’Ávila, pré-candidata à presidência da República pelo PCdoB, em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, no dia 25 de junho de 2018
A bancada do PCdoB no Congresso é composta por 10 deputados (5 deles são mulheres) e uma senadora. A sigla é realmente a que tem a maior proporção feminina em Brasília. Mas com relação à proporção de negros e pardos, o partido aparece em segundo na lista. O PCdoB tem 70% dos seus congressistas identificados dessa forma. O PPL, que tem apenas um deputado auto-identificado como pardo, chega a 100% da bancada. Ainda vale destacar que a fala de Manuela só é verdadeira em números proporcionais. Em números absolutos, há outros partidos com mais mulheres e/ou mais negros e pardos.
“[No Maranhão, o governo de Flávio Dino (PCdoB)] Fez uma espécie de minirreforma tributária. Tributou heranças permitindo que os milionários maranhenses (…) pagassem tributos”
Manuela D’Ávila, pré-candidata à presidência da República pelo PCdoB, em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, no dia 25 de junho de 2018
A gestão de Flávio Dino, de fato, promoveu uma mudança na tributação de heranças e doações em julho de 2015. Mas o Maranhão – assim como todos os estados brasileiros – já tributava esses ganhos antes da administração do PCdoB.
Até 2014, as taxas sobre heranças e doações no estado eram fixas – de 4% sobre qualquer herança e de 2% sobre qualquer doação. Com a “minirreforma” que Dino fez em 2015, o tributo sobre as heranças passou a variar entre 3% e 7%, enquanto o aplicado a doações passou a ser de 1% a 2%. Esses percentuais são definidos de acordo com o valor herdado ou doado.
De acordo com um levantamento feito pela consultoria Ernst & Young e publicado pelo site Poder360, oito estados – além do Maranhão – fizeram a mudança nas taxas sobre heranças em 2015. Desses, seis também mudaram os percentuais sobre as doações. Atualmente, 10 estados brasileiros cobram a taxa máxima de 8% nas transações envolvendo heranças e doações. O Maranhão não está entre eles.
“Sete vezes foi enviado à Câmara argentina aquele projeto [sobre a descriminalização do aborto]”
Manuela D’Ávila, pré-candidata à presidência da República pelo PCdoB, em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, no dia 25 de junho de 2018
O projeto de lei pela descriminalização do aborto na Argentina foi elaborado por uma aliança de organizações intitulada Campanha Nacional pelo Direito ao Aborto Legal, Seguro e Gratuito e apresentado pela primeira vez ao Congresso do país vizinho em 2006. Segundo dados do Diretório Legislativo argentino, de fato, o projeto entrou em pauta sete vezes até ser aprovado, em junho deste ano.
Durante o governo de Cristina Kirchner (2007-2015), a proposta foi apresentada em cinco oportunidades. A então presidente se colocou contra a iniciativa. No atual governo, de Maurício Macri, o projeto foi apresentado mais duas vezes. Macri também se disse contrário ao ato do aborto, mas se mostrou a favor do debate. Esta checagem contou com a colaboração do Chequeado, plataforma de fact-checking da Argentina.
Reportagem: Chico Marés e Clara Becker
Edição: Natália Leal e Cris Tardáguila