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Lupa: Meirelles erra mais uma vez ao citar regras de aposentadoria

Na sabatina do Metrópoles, pré-candidato do MDB também exagerou ao falar sobre pesquisas de intenção de voto

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Henrique Meirelles
1 de 1 Henrique Meirelles - Foto: Michael Melo/Metrópoles

Ex-ministro da Fazenda e pré-candidato do MDB à Presidência da República, Henrique Meirelles, foi entrevistado pelo Metrópoles nesta quarta-feira (18/7). Meirelles falou sobre a reforma da Previdência e sua passagem pelo governo Michel Temer. A Lupa checou algumas de suas frases. Veja abaixo o resultado:

“A regra de aposentadoria (…) que está na proposta a ser analisada no Congresso, prevê, no início da reforma, a idade mínima de 55 anos para homens (…). Isso significa que principalmente aqueles que ganham menos vão se aposentar mais cedo”

O substitutivo da PEC 287, da Reforma da Previdência, não reduz a idade mínima para quem não possui tempo de contribuição suficiente para se aposentar nesta modalidade. As idades mínimas citadas por Meirelles só serviriam para aqueles que já contribuíram por 35 anos (homens) ou 30 anos (mulheres) – o mesmo tempo de contribuição exigido pelas regras atuais. Essa regra consta no artigo nono do projeto.

Nos dois primeiros anos após a promulgação da reforma, o filiado poderá se aposentar quando cumprir cumulativamente com os seguintes requisitos: 55 (homens) ou 53 (mulheres) anos de idade, 35 (homens) ou 30 (mulheres) anos de contribuição e “período adicional de contribuição equivalente a 30% (trinta por cento) do tempo que, na data de publicação desta Emenda, faltaria para atingir o tempo de contribuição previsto”. A idade mínima cresceria a cada dois anos, até atingir 65 para homens e 62 para mulheres.

Vale lembrar que esse substitutivo, redigido pelos deputados a partir do projeto original enviado pelo governo, não chegou a ser votado em plenário. Com a intervenção federal no Rio de Janeiro, todos os projetos de emenda constitucional, incluindo a reforma, tiveram tramitação interrompida.

Pelas regras atuais do INSS, homens com 35 e mulheres com 30 anos de contribuição podem se aposentar com qualquer idade. Caso não atinja essa contribuição, o segurado pode se aposentar por idade aos 65 anos. Ou seja, a regra de transição citada por Meirelles não facilita a aposentadoria de ninguém, seja para quem se aposenta por tempo de contribuição, seja por quem se aposenta por idade. O pré-candidato já havia sustentado a frase analisada em entrevista ao Roda Viva – e já havia sido checado pela Lupa.

“[Nos Estados Unidos] O último sequestro que não foi resolvido e o bandido preso (…) foi o sequestro do filho do Charles Lindbergh, no final da década de 1920 do século passado”

Atualmente, há 86 americanos listados como sequestrados ou desaparecidos pelo FBI. Desses, sete foram vítimas de sequestros em solo americano. Um deles, chamado Daniel Barter, foi sequestrado em 1959, no estado do Alabama – e o caso não foi resolvido até hoje. Os outros casos aconteceram nos últimos 30 anos.

Meirelles também confundiu a data do sequestro do filho de Lindbergh. O caso ocorreu em 1932 – e não no fim da década de 1920. À época, a família pagou o resgate, mas a criança, que tinha quase dois anos, não foi devolvida. O corpo do bebê foi encontrado em um bosque cerca de dois meses após o sequestro.

“Tivemos um salto nas pesquisas [de intenção de voto], de 1% para 3%”

O pré-candidato Henrique Meirelles estava falando sobre pesquisa conduzida pelo Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe), encomendada pela XP Investimentos. Em um dos quatro cenários apresentados pela pesquisa, Meirelles aparece com 3% das intenções de voto – o cenário no qual Fernando Haddad é o candidato do PT. Na terceira semana de maio, Meirelles aparecia com 2% das intenções de voto no mesmo cenário no levantamento do mesmo instituto. Ou seja, ele cresceu de 2% para 3% – e não de 1% para 3%. Vale destacar, ainda, que a margem de erro das pesquisas citadas é de 3,2 pontos percentuais, para mais ou para menos – ou seja, trata-se de uma oscilação dentro da margem de erro da pesquisa, e não de um crescimento real.

Este é o único levantamento em que Meirelles aparece com esse patamar de votos. A Lupa observou as pesquisas mais recentes do Datafolha, Ibope, CNT, DataPoder360, Paraná Pesquisas e Vox Populi e, em nenhuma delas, o pré-candidato do MDB alcança 3%. Na pesquisa realizada pela CNT e pelo Paraná Pesquisas, o ex-ministro aparece com menos de 1% das intenções de voto. Já nos outros quatro levantamentos, Meirelles tem 1% da intenção dos votos.

“O Brasil cresceu uma média de 4% [ao ano] naqueles oito anos [em que Meirelles foi presidente do Banco Central]”

Segundo dados do Ipea, do início de 2003 ao fim de 2010, o Brasil cresceu 37,4%, o que representa um crescimento médio de pouco mais de 4% ao ano. Veja os dados aqui.

Procurado, Meirelles não retornou aos questionamentos da Lupa.

Reportagem: Chico Marés e Nathália Afonso. Edição: Natália Leal e Cris Tardáguila

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