Haddad: instituições estão sob ameaça da linha dura das Forças Armadas
Segundo candidato do PT, a campanha de Bolsonaro pode ser comparada ao surgimento dos regimes autoritários na Europa no início do século 20
atualizado
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Candidato do PT à Presidência da República, Fernando Haddad disse, nesta segunda-feira (22/10), que as instituições brasileiras precisam reagir ao que ele chamou de “ameaças” de Jair Bolsonaro (PSL) e seus aliados.
O candidato apontou setores das Forças Armadas como responsáveis pelas ameaças e citou a presença do general Sergio Etchegoyen nesse domingo, 21, em uma entrevista no Tribunal Superior Eleitoral. “As instituições estão sendo ameaçadas inclusive pela linha dura das Forças Armadas. O que o Etchegoyen estava fazendo lá?”, questionou. O general é ministro do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República.
Diante da manifestação do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) ao vídeo postado pelo deputado eleito Eduardo Bolsonaro sobre fechar o Superior Tribunal Federal (STF), Haddad disse que vai ligar ainda nesta segunda-feira para o tucano.
“Vou ligar pra ele (FHC) ainda hoje. O fato de ele ter falado que (ameaça de Bolsonaro) cheira a fascismo é um alerta ao país de uma pessoa insuspeita”, disse o petista. No começo do segundo turno, FHC disse que não apoiaria automaticamente o petista contra o candidato do PSL.
O candidato ainda criticou a presidente do TSE. “Rosa Weber talvez não tenha compreensão do que acontece. TSE está analógico demais”, disse o presidenciável Fernando Haddad (PT) sobre as declarações da presidente do TSE de que “no Brasil, as instituições estão funcionando normalmente e todos os juízes honram a toga e não se deixam abalar por qualquer manifestação que eventualmente possa ser compreendida como de todo inadequada”.
Segundo Haddad, a campanha de Bolsonaro faz ameaças contra imprensa, oposição e ao Judiciário. “As instituições precisam reagir”, afirmou.”Ou a gente acorda para este problema esta semana ou vamos correr riscos inclusive físicos”, completou.
Haddad comparou o momento ao do surgimento dos regimes autoritários na Europa no início do século 20. “É um pesadelo que pode durar décadas “, afirmou.
As declarações de Eduardo Bolsonaro
Durante palestra em um cursinho preparatório para concursos públicos, o filho do presidenciável e deputado federal reeleito por São Paulo disse que para fechar o STF bastava “um soldado e um cabo”.
“O STF vai ter que pagar para ver. E aí, quando ele pagar para ver, vai ser ele contra nós. Você está indo para um pensamento que muitas pessoas falam, e muito pouco pode ser dito. Mas, se o STF quiser arguir qualquer coisa, ‘recebeu uma doação ilegal de 100 reais do ‘José da Silva’ e então impugna a candidatura dele’, eu não acho isso improvável, não. Mas aí vai ter que pagar para ver. Será que eles vão ter essa força mesmo? O pessoal até brinca: ‘Se quiser fechar o STF, sabe o que você faz? Não manda nem um jipe. Manda um soldado e um cabo. Não é querer desmerecer o soldado e o cabo, não”, diz, em tom de ameaça ao Judiciário.