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Haddad: “A nação verá que um professor não foge à luta”

Derrotado nas urnas, Fernando Haddad falou à população após divulgação da vitória de Jair Bolsonaro (PSL)

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1 de 1 WhatsApp Image 2018-10-28 at 20 - Foto: GABRIELA BILÓ/Estadão Conteúdoi

Candidato derrotado à Presidência da República, Fernando Haddad (PT) falou à população após o resultado das eleições. Ao lado da vice, Manuela D’Ávila, e de familiares, ele se pronunciou em um hotel próximo à Avenida Paulista, em São Paulo, na noite deste domingo (28/10).

“Em primeiro lugar, gostaria, pela minha formação, de agradecer a meus antepassados. Aprendi com eles, o valor da coragem para defender a justiça a qualquer preço. Aprendi com minha mãe, meu pai, com a memória dos meus avós, que coragem é um valor muito grande em sociedade. Todos os demais valores dependem dela”, afirmou.

Haddad agradeceu a presença de apoiadores como Guilherme Boulos, candidato à Presidência pelo PSol, e da ex-presidente Dilma Rousseff. Ele lembrou a importância de ações da militância, que garantiram 45 milhões de votos à chapa.

Leia a íntegra do discurso de Haddad:

“Boa noite Estela, Manuela, Lucas. Boa noite aos meus filhos, minha mãe, Carolina, Frederico, Dona Norma, minhas irmãs, Lúcia, Priscila todos os companheiros de todos os partidos. Queria saudar o Guilherme Boulos, que foi candidato à Presidência da República; companheiros do PROS, do PC do B, do PSOL, do PSB, que estiveram conosco; presidenta Dilma que está aqui também, muito obrigado; o sempre senador Suplicy; nossos deputados, nossos senadores

Em 1º lugar, gostaria… Pela minha formação, de agradecer meus antepassados. Aprendi com os meus antepassados o valor da coragem para defender a justiça a qualquer preço. Aprendi com minha mãe, com meu pai, com a memória dos meus avós, que a coragem é um valor muito grande quando se vive em sociedade. Porque todos os demais valores dependem dela.

Queria agradecer aos partidos todos que estiveram conosco, a sua militância aguerrida, que nos levou ao 2º turno; e depois nos levou a ter mais de 45 milhões de votos no dia de hoje.

Nós representamos uma parte expressiva do povo brasileiro, que precisa ser respeitada neste momento. Diverge da maioria, tem um outro projeto de Brasil na cabeça. Merece respeito.

Sei que dos 45 milhões de eleitores que nos acompanharam até aqui, muita gente não é de partido político, muita gente não é de associação. Sobretudo na última semana, o que nós vimos foi a festa da democracia nas ruas do Brasil. Gente que saiu à rua com o colega, com a esposa, com o marido, com os filhos, e passou a panfletar o país inteiro, colocando um banco na praça, com um cartaz no pescoço, e passou a dialogar, e reverter o quadro que se anunciava na primeira semana do 2º turno. E houve uma reversão muito importante, em função da conscientização de uma boa parte dos brasileiros sobre o que estava em jogo. E era muita coisa que estava em jogo.

Nós vivemos um período já longo em que as instituições são colocadas à prova a todo instante. A começar em 2016, quando tivemos o afastamento da presidenta Dilma. Depois, com a prisão injusta do presidente Lula; a cassação do registro da sua candidatura, desrespeitando uma determinação das Nações Unidas. Mas nós seguimos, seguimos de cabeça erguida, com determinação. Seguimos com coragem, para levar nossa mensagem aos rincões do país.

Ao campo e à cidade, à periferia e ao centro; aos estudantes, aos idosos, aos LGBTs, aos homens e mulheres, brancos e negros, católicos e evangélicos; àqueles que pertencem às religiões afro, aos ateus, a todos os brasileiros. Nós, de forma determinada vamos a todos os rincões levar esta mensagem, porque vale a pena levar.

De que a soberania nacional e a democracia como nós a entendemos é um valor que está acima de todos nós. Nós temos uma nação, nós precisamos defendê-la daqueles que, de forma de forma desrespeitosa pretendem usurpar o nosso patrimônio, o patrimônio do povo brasileiro.

E entendemos a democracia não apenas do seu ponto de vista formal, embora isso seja muito importante de lembrar no Brasil de hoje. São os direitos civis, são os direitos políticos, são os direitos trabalhistas, e são os direitos sociais que estão em jogo neste momento.

Portanto nós temos uma tarefa enorme no país, que é, em nome da democracia defender o pensamento, defender as liberdades destes 45 milhões de brasileiros que nos acompanharam até aqui. Nós temos a responsabilidade de fazer uma oposição colocando os interesses nacionais, os interesses de todo o povo brasileiro acima de tudo. Porque nós temos compromisso com a prosperidade do país, nós que ajudamos a construir a democracia, uma das maiores do mundo no Brasil, temos que ter um compromisso de mantê-la, de não aceitar provocações. Não aceitar ameaças.

Vocês verão que a nação, fazendo aí uma… lembrando o hino nacional, verás que um professor não foge à luta. E nem teme, quem adora a liberdade, a própria morte.

Nosso compromisso é um compromisso de vida com este país. Nós temos uma longa trajetória de militância, de vida pública. Nós reconhecemos a cidadania em cada brasileiro, em cada brasileira. E nós não vamos deixar este país ir para trás. Nós vamos colocá-lo acima de tudo e nós vamos defender os nossos pontos de vista, respeitando a democracia, respeitando as instituições, mas sem deixar de colocar o nosso ponto de vista, sobre tudo que está em jogo no Brasil a partir de agora. E tem muita coisa em jogo. Nós precisamos compreender o que está em jogo.

Precisamos fazer uma profissão de fé, de que vamos continuar nossa caminhada, conversando com as pessoas. Nos reconectando com as bases, nos reconectando com os pobres deste país, para re-tecer, um plano, um programa de nação que há de sensibilizar mentes e corações neste país.

Daqui a quatro anos nós teremos uma nova eleição. Nós temos que garantir as instituições. Nós não vamos sair das nossas profissões, dos nossos ofícios, mas nós não vamos deixar de exercer nossa cidadania. Vamos estar o tempo inteiro exercendo esta cidadania e talvez o Brasil nunca tenha precisado mais do exercício da cidadania do que agora.

Eu coloco a minha vida à disposição deste país. Tenho certeza que falo por milhões de pessoas, que colocam o país acima da própria vida, acima do próprio bem-estar e, queria dizer para aqueles que, andando pelas ruas deste país, em todas as regiões, eu senti uma angústia e um medo na expressão de muitas pessoas. Que às vezes chegavam a soluçar, de tanto chorar. Não tenham medo. Nós estaremos aqui. Nós estamos juntos. Nós estaremos de mãos dadas com vocês. Nós abraçaremos a causa de vocês. Viva o Brasil! Viva o Brasil!”

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