FGV: ordem de soltura de Lula concentrou 70,2% do debate no Twitter
Tanto movimentos de apoio explícito quanto os que rechaçam o petista perderam espaço no mapa de interações
atualizado
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O vaivém provocado pela ordem de soltura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a colocá-lo no centro do debate político nas redes sociais. Segundo levantamento da Diretoria de Análise de Políticas Públicas (DAPP) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a situação envolvendo o petista concentrou 77,02% das menções no Twitter. A “presença” de Lula nas discussões virtuais havia encolhido após a prisão dele em abril.
Os debates sobre o petista no último domingo (8/7) foram além de sua pré-candidatura. Segundo o levantamento, temas associados à disputa presidencial, seja no plano eleitoral ou no plano temático, recuperaram posição de contraste entre candidatos antagonistas. De um lado, o legado petista foi enaltecido. Do outro, foi objeto de rejeição.
Além disso, o ex-presidente impactou, de forma indireta, seus possíveis adversários na corrida presidencial. Pré-candidatos como Jair Bolsonaro (PSL), Ciro Gomes (PDT), Marina Silva (Rede), Geraldo Alckmin (PSDB), Manuela D’Ávila (PCdoB) e Guilherme Boulos (PSol) pegaram carona no imbróglio envolvendo Lula.
Mas chama a atenção que tanto movimentos de apoio explícito quanto os que rechaçam o petista perderam espaço no mapa de interações do Twitter. Um grupo -mais próximo à esquerda do que da direita- aglomerou 59,82% dos perfis que participaram do debate sobre os pré-candidatos entre os dias 4 e 10 de julho. Esse grupo não faz endosso explícito a Lula, e sim em oposição a outros projetos políticos não alinhados com posições do PT e de outras legendas, explica a FGV. São perfis predominantemente de humor, influenciadores, políticos e cidadãos comuns.
“Outro ponto de suporte comum foi, além do ex-presidente, a rejeição a Bolsonaro, associada à eliminação do Brasil da Copa do Mundo sob a retórica de que, em outubro, a nação -enquanto unidade em prol de um bem comum- precisa abrandar diferenças para que o deputado federal não seja eleito”, diz o levantamento da FGV.
Nos extremos, a discussão concentrou-se basicamente nos meandros acerca do processo contra o ex-presidente. Lula teve o apoio explícito em 17,2% das menções sobre sua soltura. Nesse grupo, a FGV inclui, por exemplo, postagens feitas por Ciro. Em 19,82% dos perfis, incluindo Alckmin e Bolsonaro, reuniram-se menções de forte discurso envolvendo Lula e episódios de corrupção e declarações em defesa do juiz federal Sérgio Moro e da operação Lava-Jato.
Para a FGV, os últimos episódios envolvendo a prisão do ex-presidente serviram para reforçar o argumento do PT e de quase toda a esquerda de que Lula está preso para não participar das eleições. “A recente proibição de entrevistas com o petista também deve contribuir para o aumento das críticas e polêmicas envolvendo o Judiciário e garantir a continuidade da intensa presença de Lula nas redes e na mídia”, diz.
No último domingo (8/7), o desembargador Rogério Favreto, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), concedeu um habeas corpus em favor do ex-presidente. Após embates envolvendo o magistrado, o juiz federal Sérgio Moro e o relator do caso no TRF-4, desembargador João Pedro Gebran Neto, o presidente da Corte, Thompson Flores, determinou que o petista continuasse preso.