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Em carta, condomínio de Bolsonaro orienta: “Evitem sair de carro e receber visitas”

Rotina antes pacata foi alterada com campanha: administração enviou comunicado com orientações e informando que reforçará segurança no lugar

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Ana Beatriz Magno/Especial para o Metrópoles
Segurança reforçada no condomínio de Bolsonaro, no Rio de Janeiro
1 de 1 Segurança reforçada no condomínio de Bolsonaro, no Rio de Janeiro - Foto: Ana Beatriz Magno/Especial para o Metrópoles

O condomínio Vivendas da Barra era uma espécie de oásis de tranquilidade no meio de um Rio de Janeiro sacrificado pela violência. Construído no final dos anos 1960, no número 3.100 da “rua da praia”, a avenida Lúcio Costa, o lugar tem menos de 200 casas, todas sem muro, sem grades. As crianças vivem soltas, andam livres de bicicleta, sobem em árvores. Em quase 50 anos, jamais houve um assalto. E, ao contrário do que acontece na maioria dos conjuntos habitacionais da região, os seguranças não andam armados, percorrem de bicicleta as ruas sem saída do residencial. Ninguém tem medo de ninguém. Todos se conhecem, muitos desde a infância.

Era assim até dois meses atrás. A campanha de Jair Bolsonaro (PSL) à Presidência da República mudou completamente o clima no Vivendas da Barra.

O candidato mora na Rua C, numa casa simples, branca, de dois andares, com varanda na frente. Ele vive ali há menos de 10 anos com a esposa, Michelle de Paula; a filha caçula, Laura, e a enteada. Nunca foi um pop star, costumava ir à praia nos finais de semana e às segundas e sextas-feiras, descalço, sempre com um mochilinha de nylon e um short branco, acompanhado por dois seguranças que mais pareciam amigos. A disputa presidencial, no entanto, mudou o personagem e o cenário. O presidenciável não é mais visto nas ruelas do condomínio nem nas areias da praia.

Do lado de fora, o quase invisível Vivendas da Barra virou ponto turístico, com dezenas de fanáticos torcedores de Bolsonaro interrompendo o trânsito e comercializando souvenirs do “mito”. Do lado de dentro, o que era tranquilo e pacato se transformou numa espécie de campo minado de meganhas. Há policias de todo tipo e por toda parte. Só agentes federais são 18, revezando-se numa casa alugada especialmente para acompanhar o pleito. Há outros vários, das polícias Militar e Civil, circulando todo o tempo. Esta semana, apareceu até Polícia do Exército, com carro blindado.

Ana Beatriz Magno/Especial para o Metrópoles
Acesso restrito, policiais (militares, civis e federais), mídia e vendedores de souvenirs: a rotina do condomínio na “rua da praia” mudou após um dos moradores virar presidenciável

 

Para a decepção de muitos vizinhos, Bolsonaro não escreveu nenhuma mensagem pedindo desculpas pelos transtornos. Muito pelo contrário. Quem está arcando com a contratação de mais segurança é o próprio condomínio. Em carta enviada no último dia 22 de outubro, a administração informa que, “em virtude da movimentação atípica na frente de nossa portaria, iremos reforçar a segurança e, para isso, estamos contratando novamente os serviços da empresa Vigban até as 10h de 29 de outubro”.

Confira a íntegra do documento:

seguranca-bolso by Metropoles on Scribd

 

No texto, a administração pede também a colaboração dos condôminos e sugere que as pessoas evitem sair de carro no domingo (28/10), não fiquem na rampa de acesso no dia da eleição e reduzam o número de visitantes.

“Enfim, estamos reféns de uma situação que não escolhemos e não sabemos se isso vai acabar no domingo”, resume um morador, proprietário de uma casa no condomínio há mais de três décadas.  “E eu que achei que minha grande chateação por aqui seria a explosão demográfica da Barra da Tijuca”, lembra, contando que as residências do Vivenda foram construídas num tempo quando o bairro era cheio de dunas e atraía apenas amantes da natureza. “Agora estamos sitiados”, desabafa.

 

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