Após Doria e Alckmin brigarem, PSDB libera apoios para o segundo turno
Discussão foi em torno de apoio a Bolsonaro, defendido pelo candidato ao governo de SP. Tucanos poderão aderir tanto a ele quanto a Haddad
atualizado
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Em reunião da Executiva do PSDB, em Brasília, na tarde desta terça-feira (9/10), Geraldo Alckmin, presidente do partido e derrotado no primeiro turno das eleições presidenciais, chamou João Doria (PSDB), candidato da sigla ao governo de São Paulo, de “traidor” e “temerista” (apoiador do governo Temer). Minutos depois do desentendimento, o comando partidário anunciou: os filiados foram liberados para aderir à candidatura que preferirem no segundo turno das eleições presidenciais. Mas, de forma oficial, o PSDB não se colocará a favor nem de Jair Bolsonaro (PSL) nem de Fernando Haddad (PT).
O desgaste para o PSDB chegar a tal entendimento envolveu dois de seus principais líderes: o presidente da legenda, Geraldo Alckmin, e o candidato ao governo paulista, João Doria. “Eu, ao menos, nunca fui traidor”, teria disparado Alckmin contra Doria. Questionado sobre a discussão, o postulante ao governo de São Paulo tentou colocar panos quentes. “Eu diria que faz parte, dentro de um processo difícil. Isso abala emocionalmente e gera desgaste a ele. Eu relevo isso”, afirmou.
“No momento que fiz a defesa dos candidatos que precisam de apoio no segundo turno agora, e ele me disse que não tem um apoio e planejamento para nós para o segundo turno, fiz uma crítica a isso, e ele não gostou”, prosseguiu. “Da minha parte tem perdão, nada que possa abalar nossas relações”, encerrou Doria, antes de deixar a sede nacional em Brasília.
“O PSDB decidiu liberar nosso líderes e militantes, nós [o partido, oficialmente] não apoiaremos nem o PT nem o Bolsonaro”, disse Alckmin ao deixar a sede. Sobre a discussão acalorada com Doria, ele resumiu: “Divergências são naturais e elas não se fazem pela imprensa, ela é resolvida dentro do partido. Eu não faço política pela imprensa”.
A reunião das lideranças do PSDB tinha por objetivo fazer um balanço do primeiro turno do pleito e definir como os tucanos se posicionariam na segunda etapa da corrida presidencial. Desde o início, a tendência era que os filiados fossem liberados para se colocarem de acordo com suas preferências. Alckmin se manterá neutro, depois de desferir ataque tanto a Bolsonaro quanto a Haddad durante toda a campanha.
Mágoas
No entanto, algumas figuras da sigla, como João Doria, não esconderam sua preferência pelo candidato do PSL e até fizeram campanha para que a legenda, de forma oficial, declarasse seu apoio a ele. “Eu acho que o partido tem de tomar uma posição e reafirmo que apoio o Bolsonaro, para livrar o Brasil do Lula e do PT. Farei essa defesa durante a reunião”, disse o candidato ao governo paulista, antes de o evento começar.
Recém-eleito senador pelo Distrito Federal, Izalci Lucas chegou ao local por volta das 15h e se declarou “Bolsonaro na cabeça”, independentemente de qualquer decisão a que a Executiva chegasse.
Para Alckmin, tais posicionamentos, surgidos ainda durante a campanha para primeiro turno, o atrapalharam na disputa à Presidência. Além disso, no caso de Doria, a mágoa se deve a outro fator: foi o presidente nacional da legenda o responsável pelo crescimento do ex-prefeito de São Paulo no tucanato. Alckmin teve que brigar para lançar João Doria à Prefeitura de São Paulo em 2016.
Após isso, João Doria quis concorrer à Presidência, mas Geraldo Alckmin se impôs e saiu como candidato ao Palácio do Planalto. No entanto, antes mesmo do fim do primeiro turno, o ex-prefeito de São Paulo se aproximou de Jair Bolsonaro: no domingo (7/10), divulgou apoio ao candidato, e formalizou o ato nessa segunda (8).