Com patente e currículo respeitados, Heleno terá destaque no governo
Ex-comandante militar das tropas internacionais no Haiti, general ocupará pasta da Defesa e exercerá influência decisiva sobre Bolsonaro
atualizado
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Com a eleição de Jair Bolsonaro para a Presidência da República, um dos militares mais influentes das Forças Armadas nas últimas décadas chegará ao centro do poder federal. Provável ministro da Defesa, o general da reserva Augusto Heleno Ribeiro Pereira ostenta um dos currículos mais completos do Exército e, pela experiência e liderança, terá forte influência sobre o futuro presidente e em toda a Esplanada.Com esse perfil, suas funções tendem a extrapolar o organograma da pasta que vai ocupar.
Além da campanha vitoriosa de Bolsonaro, o futuro homem forte da Esplanada tem mais um motivo para comemoração. Nesta segunda-feira (29/10), ele completa 71 anos.
Na ativa, Heleno alcançou proeminência como primeiro comandante da Missão das Nações Unidas para a Estabilização o Haiti (Minustah), entre 2004 e 2005. No final do segundo governo Luiz Inácio Lula da Silva, ele foi comandante militar da Amazônia. Nesse posto, confrontou-se com a política indigenista do presidente petista. Em Brasília, o general chefiou o Centro de Comunicação Social do Exército (CComSEx).
Heleno se destacou entre os colegas desde a graduação na Academia Militar de Agulhas Negras, em 1969, quando conquistou o primeiro lugar da turma na arma de Cavalaria. Também teve a melhor colocação na Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO) e na Escola de Comando e Estado Maior do Exército (Eceme).
Pela patente e pela liderança, Heleno é uma espécie de guru de Bolsonaro, principalmente, na área de segurança. Na campanha presidencial, chegou a ser cotado como candidato a vice, mas por divergências partidárias a vaga ficou com outro general, Hamilton Mourão.
Heleno formou-se nos quarteis durante a ditadura, defende os governos instalados pelo golpe de 1964 e critica as administrações petistas. Mais habilidoso nas palavras do que Mourão, tende a concentrar mais poder do que o vice eleito.
Liderança
Durante a campanha, Heleno coordenou o grupo de militares próximos ao candidato a presidente. Os apoiadores se reuniram dezenas de vezes no Brasília Imperial Hotel (Setor Hoteleiro Sul) para tratar do plano de governo do ex-capitão. Os encontros foram feitos em uma das salas no subsolo do hotel. Neste domingo (28), ele acompanhou a apuração na residência de Bolsonaro na Barra da Tijuca, onde foi recebido como celebridade pelos vizinhos do presidente eleito.
O grupo discutiu propostas e projetos para o plano de governo de Bolsonaro. Também participou dessas reuniões o general Oswaldo Ferreira, ex-chefe do Departamento de Engenharia e Construção do Exército. Ele deverá liderar a nova versão do Ministério dos Transportes.
Entre os desafios de Heleno para a sua nova missão, está a subordinação a um capitão. De patente inferior na caserna, Jair Bolsonaro será comandante-em-chefe das Forças Armadas a partir de 1º de janeiro. A capacidade de adaptação do general a essa circunstância será determinante para a boa relação entre ele e o próximo presidente da República e para os rumos do futuro governo.