Bolsonaro no SBT: “No Brasil, não existe o mais rico”
Contra o crime organizado, presidenciável defendeu o uso da “inteligência para seguir o dinheiro”
atualizado
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Durante 10 minutos na noite desta terça-feira (16/1), o candidato do PSL à Presidência da República, Jair Bolsonaro, foi entrevistado no SBT. Ele falou sobre a composição de um eventual ministério, a participação de militares em seus atos de campanha, incluindo o vice, general Hamilton Mourão, além das propostas de reforma que planeja para o país. A entrevista substituiu o debate que a emissora promoveria entre ele e Fernando Haddad nesta quarta (17), visto que Bolsonaro alegou proibição médica para não participar. O petista, por sua vez, tenta garantir também ser entrevistado pelo SBT, no mesmo horário que o debate seria realizado.
A conversa com o peesselista foi gravada na casa do candidato, no Rio de Janeiro. Segundo ele, não haverá “cavalo de pau” na economia no primeiro ano de seu governo. E, para reduzir o total de desempregados no país, algo em torno de 13 milhões de brasileiros, afirmou: “Não tem resposta imediata. Nós temos de facilitar a vida de quem produz para [que possa] dar emprego”.
Bolsonaro considera a carga tributária muito alta tanto para pobres como para ricos. Assim, descartou a taxação de grandes fortunas e aumento de impostos. “No Brasil, não existe o mais rico. Está todo mundo sufocado”, afirmou. Depois, voltou a negar a criação de impostos, como um novo tipo de CPMF, o imposto do cheque, proposta antes ventilada por seu vice. “Se você aumentar a carga tributária por aqui – como a França fez no governo anterior e o capital foi para a Rússia –, o capital vai fugir daqui”, comparou.
Ainda sobre economia, afirmou que o Banco Central terá autonomia para gerir a taxa de juros e o câmbio permanecerá flutuante. Ele também descartou a reforma da Previdência proposta pelo governo Temer. “Não podemos penalizar quem tem direito adquirido. O próprio servidor público já sofreu com duas reformas previdenciárias”, disse, acrescentando que não vê possibilidade de igualar a reforma da Previdência dos militares. “Nós não temos fundo de garantia, direito à greve, hora extra nem repouso remunerado. A bem verdade é que o militar trabalha 45 anos”, completou.
E admitiu: o economista Paulo Guedes tem a palavra final em assuntos econômicos. “Eu levo sugestões e ele que decide”, destacou o presidenciável.
Ministério
O candidato voltou a garantir que, caso seja eleito, terá um ministério “enxuto”, com cerca de 15 nomes. Alguns já estão definidos: Paulo Guedes, na Economia; o deputado federal Ônyx Lorenzoni (DEM-RS), na Casa Civil; e o general da reserva Augusto Heleno, na Defesa. Sobre o vice, Mourão, classificou como pessoa “bastante preparada, culta, patriota” e que “respira o Brasil”. Negou, contudo, que o vice tenha falado sobre acabar com o 13º salário.
O jornalista Carlos Nascimento, então, perguntou sobre a presença maciça de integrantes das Forças Armadas tanto na campanha quanto na formação de um eventual ministério. “Seu governo será majoritariamente militar?”, quis saber o entrevistador. O presidenciável disse existir “preconceito” com militares, mas declarou que “confia nos civis” e há “bons civis do nosso lado”. “Temos nomes que vão surpreender, positivamente, a sociedade, com certeza”, ressaltou.
Bolsonaro, no âmbito de cortes de gastos, reafirmou que pretende privatizar, de imediato “50 estatais criadas pelo PT”, mas voltou a dizer que não pretende vender as empresas nacionais que considera estratégicas.
Segurança pública
“Não pretendemos sair da lei em hipótese alguma”, disse sobre propostas para a segurança pública que não seriam constitucionais. “Algumas mudanças queremos fazer no Código Penal. Não só o policial, mas nós também temos que ter o excludente de ilicitude”, afirmou, sobre a situação prevista no Código em que a pessoa, mesmo cometendo um crime, não será considerada uma criminosa. “Policial hoje tem que esperar o bandido atirar para reagir e nisso nós queremos mexer”.
Sobre a atuação contra o crime organizado, Bolsonaro defendeu o uso da “inteligência para seguir o dinheiro”, voltou a defender a Operação Lava Jato – elogiando o juiz Sérgio Moro – e garantiu que manterá a autonomia da Polícia Federal. Contudo, afirmou que deve mexer um pouco na estrutura da corporação: “aqueles pequenos senões de alguma politização da PF têm de deixar de existir”.
A respeito de ser chamado de fascista, nazista e despreparado pela mídia estrangeira, Bolsonaro afirmou que são rótulos que estão sendo “desmistificados”: ” Não sou nada disso. Agora, o outro lado que está disputando comigo diz sobre controle social da mídia, diz sobre criar mais estatais, é completamente oposto do meu. Os estrangeiros e os brasileiros vão se orgulhar das nossas propostas”, finalizou. (Com informações de agências)