Ato pró-Bolsonaro em Brasília segue ao som de “Eu te amo, meu Brasil”
Do alto de um trio elétrico, um dos mobilizadores do evento agita os manifestantes
atualizado
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Apoiadores do candidato ao Palácio do Planalto Jair Bolsonaro promoveram, neste sábado (27/10), em Brasília, carreata a favor do presidenciável pelo PSL. O ato foi embalado pela música “Eu te amo, meu Brasil” – grande sucesso no início da década de 1970 e considerado ícone do patriotismo presente nos anos mais duros da ditadura militar.
A concentração teve início nas adjacências do Museu Nacional, percorreu a Esplanada dos Ministérios, deu a volta na Praça dos Três Poderes e segue em direção à Rodoviária do Plano Piloto. À frente da carreata, um grupo leva grande bandeira do Brasil. O general Paulo Chagas, que foi candidato ao Governo do Distrito Federal, e a deputada federal recém-eleita Bia Kicis, ambos do PRP, também participam do evento.
Diferentemente das outras manifestações, quando os eleitores de Bolsonaro conseguiram ocupar as seis faixas do Eixo Monumental, desta vez somente três foram utilizadas.
A carreata conta com dois trios elétricos. Muitos apoiadores empunhavam a bandeira do Brasil e faziam com as mãos o sinal de armas, em referência às propostas de legalização armamentista feitas pelo postulante à Presidência da República peeselista.
Os manifestantes também ironizaram as denúncias contra Bolsonaro em relação ao uso de caixa. “Quem é caixa 2 buzina aí. Cadê os marqueteiros do Jair?”, gritava uma mobilizadora que estava no carro de som.
Música
A música composta pela dupla Dom & Ravel foi gravada primeiramente pelo grupo Os Incríveis. À época, o Brasil era presidido pelo general Emílio Garrastazu Médici e a tortura era constante nos porões da ditadura.
A produção empolgou os militares – e os irmãos foram apontados como cancioneiros da repressão, mesmo sem terem participado de ações políticas ou ajudado o governo.
Antes de morrer, em 2011, aos 64 anos, Eduardo Gomes de Farias, o Ravel, autor da música, chegou a reconhecer em entrevista dada ao jornal O Estado de São Paulo que a composição realmente se tornou um hino da repressão. No entanto, lamentou não ter podido dizer que nunca apoiou tal regime.
“Sou contra a ditadura e todo tipo de repressão. Naquela época, eu vivia como todo brasileiro, com medo. A gente tinha medo, mas também respeito pela autoridade, embora ela fosse abusada”, disse o músico.
Do alto de um trio elétrico, um dos mobilizadores do evento fez referências a Luiz Inácio Lula da Silva. O manifestante chamou o ex-presidente de “jararaca”. “Vai morrer. Nós vamos matar. Jair Bolsonaro vai pisar na cabeça dessa jararaca”, exclamou.